Jovem tem vontade de abrir negócio, mas falta preparo, diz especialista
Vontade de abrir um negócio o jovem tem de sobra, o que falta, no entanto, é preparo e ambição. Essa é a visão de Ricardo Rocha, pesquisador da Endeavor, organização internacional sem fins lucrativos de apoio ao empreendedorismo.
Segundo Rocha, se mais jovens "pensassem grande", haveria um número maior de casos de empreendedores com menos de 30 anos que faturam mais de R$ 1 milhão, como os fundadores das franquias The Original Cupcake e Brasileirinho Delivery.
“A maioria dos jovens quer abrir uma empresa para ter independência financeira ou para ser o próprio chefe”, afirma. “Uma minoria pensa em criar negócios inovadores e de abrangência global.”
Como referência, o especialista cita uma pesquisa da Endeavor feita em 2014 com 4.911 estudantes universitários no país. Dos 2.843 que demonstraram interesse em empreender, apenas 17,4% desejam ter mais de 25 funcionários nos próximos cinco anos. “Isso demonstra que eles estão pensando em negócios pequenos”, diz.
Sem preparo, ideia não é colocada em prática
A falta de preparo é outro ponto que atrapalha o jovem que quer empreender, de acordo com Rocha. Para ele, os jovens dominam a parte operacional em que atuam, mas falta noções de negócios, como controlar o fluxo de caixa, interpretar demonstrativos financeiros e avaliar investimentos.
“São poucos também os que juntam dinheiro para investir em um negócio, o que acaba travando a ideia e impedindo que ela seja colocada em prática”, declara.
Consultora vê jovem mais qualificado no ramo de franquias
A consultora de negócios e franquias Ana Vecchi, do escritório Vecchi Ancona, no entanto, acredita que o jovem atual tenha mais qualificação e capacidade para empreender do que a geração anterior, especialmente no ramo de franquias, tanto no papel de franqueado, como no de franqueador (dono da rede).
“O jovem de hoje vem com uma bagagem maior. Muitos têm uma graduação e até uma especialização que lhes dão conhecimento para montar uma empresa e transformá-la em rede”, afirma. “Essa geração é menos amadora do que a das franquias criadas há 25 anos, que cresciam mais pela intuição do fundador do que por planejamento.”
A especialista, porém, diz que o jovem tem como característica ser ansioso e querer resultados rápidos. Quando o dono da rede se enquadra nesse perfil, é possível que haja conflitos mais frequentes com franqueados mais velhos.
“O jovem precisa ter humildade para aprender com quem está em outras posições na estrutura do negócio. Ele não pode achar que sabe tudo só porque é o fundador da empresa”, declara Vecchi.
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