Doença da mãe faz filha lançar kit que facilita a coleta de exames por R$ 3
Para ajudar nos exames da mãe que sofria de câncer colorretal, a instrumentadora cirúrgica Carolina Fagundes, 39, desenvolveu um produto que facilita a coleta de fezes e urina e está sendo vendido para hospitais de ponta, como o Albert Einstein, em São Paulo, e em farmácias, com preço que varia de R$ 3 a R$ 3,90. A meta é faturar R$ 1 milhão neste ano.
Batizado de Coloff, que também é o nome da empresa, ele é um saco de plástico biodegradável usado para forrar o assento sanitário, com uma abertura em cima, mas fechado embaixo, para evitar a contaminação do material por bactérias presentes no vaso. O investimento inicial foi de cerca de R$ 100 mil.
ATENÇÃO: VÍDEO ABAIXO SIMULA A COLETA DE DEJETOS
A ideia surgiu em 2006, depois do diagnóstico da doença da mãe. “Ela precisava fazer exames constantemente para acompanhar a evolução do tumor e eu via a dificuldade em conseguir amostras sem contaminação, que são fundamentais para o acompanhamento correto”, diz Fagundes.
Ela começou improvisando, cortando sacos plásticos esterilizados. Até que se deu conta de que esta é uma dificuldade de muitas outras pessoas. “Fiz uma pesquisa e descobri que não existe padronização de coleta para esse tipo de exame. Os potinhos que usamos não são coletores, são meios de transportar a amostra para o laboratório. Era necessário criar algo que facilitasse a coleta”, afirma.
Empresária fez pedido de patente no Brasil e nos EUA
Com o tempo, ela foi aprimorando a ideia e, incentivada pela mãe, que morreu em 2008, entrou com pedido de patente do produto no Brasil e nos EUA. A novidade foi testada na Dasa, empresa de serviços de medicina diagnóstica, dona de marcas como Delboni Auriemo e Lavoisier, com 98% de aprovação, segundo ela.
O resultado garantiu o primeiro cliente e o mais famoso, o Hospital Albert Einstein. O produto é dispensado de cadastro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Mas convencer outros hospitais e laboratórios a adotarem sua solução é um processo lento. “A negociação leva meses. Temos que dar treinamento, ceder material para teste”, afirma.
Por isso, ela resolveu focar no varejo e criou kits do produto com o revestimento para o vaso, pote, espátula e pipeta para a coleta, que são vendidos em farmácias. O produto também é exportado para a Austrália, onde é vendido para hospitais, laboratórios e casas de repouso.
A empresa participou da incubadora Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), da USP, de 2010 a 2011 e ganhou o prêmio “Desafio Brasil”, em 2012, iniciativa da FGV (Fundação Getúlio Vargas), apoiada pelo Ministério do Desenvolvimento.
A Coloff desenvolve agora um teste rápido de fezes que identifica se há infecção por vírus, bactéria ou parasita. A ideia é oferecer o exame no pronto atendimento de hospitais para diminuir diagnósticos imprecisos de virose. A iniciativa tem parceria da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que cedeu R$ 1,4 milhão. O protótipo deve ficar pronto em 2017.
Para consultor, é arriscado depender de um produto só
Para o consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo) José Carlos Aronchi, o produto é inovador porque propõe um tipo de coleta que não existe. “O desafio para todo empreendedor inovador é convencer o cliente de que a novidade funciona. Como ela é profissional da saúde e já tem clientes de peso, isso fica mais fácil”, diz.
No entanto, ele afirma que o segmento de saúde absorve inovações de forma mais lenta, devido aos riscos e às aprovações necessárias. “A empresa tem que ter fluxo de caixa que cubra o período de tempo do esforço de venda, que é longo”, afirma.
Ele também diz que a empresa depender de um produto só é um risco. “O produto pode empacar por algum motivo ou um concorrente faz uma adaptação para driblar a patente e entra com um similar para disputar mercado. O ideal é diversificar”, declara.
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