Casal larga vida agitada para produzir jaca, salsa e erva-doce desidratadas
Cansado de morar na cidade e da correria do dia a dia, o casal Norma Sueli Martins Siqueira, 57, e Eurípedes Almeida Costa, 60, resolveu resgatar as suas raízes e voltar para o campo.
Filhos de produtores rurais, eles fecharam as portas do escritório de advocacia e da imobiliária que mantinham em Brasília (DF), investiram R$ 20 mil na criação da Desifrut, em setembro de 2012, e começaram a plantar frutas, legumes, ervas e temperos na chácara que tinham em Paranoá, também no Distrito Federal.
Negócio começou com orgânicos frescos
Costa, que é advogado, abandonou a profissão definitivamente. Sueli, que é administradora de empresas e cuidava da gestão, também passou a se dedicar exclusivamente ao novo negócio.
Inicialmente, o casal começou a plantar e vender alimentos orgânicos frescos. Com o passar do tempo, percebeu que havia muita perda dos produtos que não eram vendidos.
Saco de 20g custa R$ 8
"Depois de fazermos cursos e estudarmos o mercado, decidimos investir na produção de alimentos desidratados", diz a empresária. Eles continuam plantando, mas não vendem mais o produto fresco.
Atualmente, a empresa produz 100 quilos de alimentos desidratados por mês. Segundo Martins, eles não têm nenhum tipo de conservante. Os preços vão de R$ 8 (pacote de 20g) a R$ 20 (pacote de 50g), independentemente do produto. A empresa não revela faturamento e lucro.
Entre as frutas, estão mamão, banana, maçã e jaca. Na parte de vegetais, berinjela, abobrinha, tomate, entre outros. As opções de tempero são: manjericão, orégano, alho, salsa, cebola, cebolinha, alecrim e coentro, e as de ervas: camomila, erva-doce, erva cidreira, entre outros.
Produto só é vendido em Brasília
Os produtos são vendidos apenas em Brasília, em mercados de produtos orgânicos, Ceasa (Central de Abastecimento) e em shoppings.
"Nossa empresa é familiar. Eu, meu marido e o meu filho, que é engenheiro agrônomo, tocamos o negócio sozinhos. Estamos buscando investidores para contratar funcionários e aumentar a produção para começar a distribuir para todo o país."
Alimentação saudável está em alta
Para Wilson Borges, gestor de projetos de alimentação fora do lar do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), o mercado de comida saudável e de alimentos práticos para se consumir está em alta.
"As pessoas estão consumindo mais alimentos saudáveis e isso vem fazendo esse mercado aumentar muito no país. Só o consumo de orgânicos, por exemplo, cresce a média de 20% ao ano. Produtos naturais e prontos para serem consumidos também estão sendo muito procurados por causa da sua praticidade."
Borges também afirma que os produtos desidratados têm uma vantagem em relação aos frescos. "A durabilidade do produto é muito maior e é possível oferecer alimentos de todas as estações com a mesma qualidade o ano todo."
Burocracia é obstáculo do negócio
O especialista diz, no entanto, que as licenças para atuar na área de alimentação ainda dificultam a abertura de muitas empresas, principalmente na área de produtos orgânicos. "A produção é mais fiscalizada e exige várias licenças e certificações. Por isso o processo para abrir uma empresa na área pode levar anos."
Martins confirma a análise de Borges. "Iniciamos o processo para regularizar a empresa em 2008, mas conseguimos as três certificações necessárias para a empresa poder operar, somente em 2012."
Produção pequena exige logística eficiente
Borges também diz que pequenos produtores, ainda que concentrem a atuação na cidade onde trabalham ou no seu entorno, devem avaliar bem a logística para não reduzir a sua margem de lucro.
"Por serem pequenos, gastos a mais com gasolina, por exemplo, podem afetar a sua margem de lucro."
Onde encontrar:
Desifrut - http://zip.net/brtCc5 (link encurtado e seguro)
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