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Hamburgueria vende chope mais barato que água e sanduíche gourmet em conta

Fábio Luís de Paula

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/05/2017 04h00

Para atrair clientes, uma hamburgueria da Vila Madalena abriu as portas oferecendo “chope mais barato que água”. Na happy hour da Jamp Burger, das 17h às 21h, o copo de chope de 330 ml da cervejaria Ecobier sai por R$ 3,25, enquanto a água mais barata do cardápio (garrafinha de 500 ml) custa R$ 4,80. Fora do happy hour, o cliente paga R$ 5,90 pelo chope.

“Eu já abri o restaurante com essa promoção e pretendo mantê-la enquanto durar a parceria com a Ecobier”, conta o empresário e chef responsável Primo Pedro, 29.

Segundo ele, a maioria dos clientes (cerca de 70%) aproveita a promoção da cerveja e consome menos água, e isso reflete nos pedidos aos fornecedores. O estabelecimento recebe, por semana, cerca de 20 barris de chope, com 50 litros cada, contra aproximadamente 60 garrafas de água. 

Hambúrguer ‘gourmet acessível’ a preço mais justo

Quando decidiu investir no mercado de hamburguerias, Primo procurou se posicionar em um nicho incomum: o meio-termo ou middle market. Segundo ele, ou encontravam-se hambúrgueres a R$ 5 (vendidos informalmente na rua) ou a partir de R$ 30 (em restaurantes). E ele quis quebrar esse padrão.

“A ideia é oferecer um produto de qualidade a um preço justo. Hoje há poucos concorrentes nessa faixa de preço por causa da gourmetização. O termo se banalizou. Muitos estabelecimentos dizem que vendem produtos gourmet, mas não é verdade. Eu uso matéria-prima gourmet para fazer os hambúrgueres, mas prefiro classificá-los como roots ou um gourmet acessível”, afirma Pedro.

Confira o preço dos hambúrgueres:

  • O mais barato: o Little Egg (de carne, queijo e ovo) a R$ 12
  • O carro-chefe: o Daddy Rock'n'Roll a R$ 24,90
  • O mais caro: o Sister Maki (de salmão) a R$ 29,90

Segundo Pedro, o investimento inicial do negócio foi de R$ 500 mil. A empresa fatura cerca de R$ 100 mil por mês, com lucro oscilando de 15% a 20% desse valor.

Customização e cardápio digital são diferenciais

Outro item para atrair freguesia é a customização: o cliente pode montar seu lanche e ainda levar hambúrguer congelado para casa. “Acontece muito com nossas quatro opções para veganos e vegetarianos”, diz o chef.

Para diminuir custos e agilizar o atendimento, o empresário também apostou em um tablet com um cardápio digital nas mesas, no qual o cliente faz o pedido sem o auxílio do garçom. “É mais uma maneira de baratear o produto, pois o custo desses funcionários não é repassado ao cliente.”

Pedro diz que escolheu a Vila Madalena a dedo. “A ideia é atingir não só o público jovem, mas também as pessoas que trabalham aqui durante o dia e moram na região”, diz. A hamburgueria abriu em novembro de 2016.

Mercado saturado

Para Fabiano Nagamastsu, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), a promoção do chope pode ser prejudicial a partir do momento em que ele deixar de ser um item a complementar o ator principal do negócio, que é o hambúrguer, e se tornar o foco. "Nesse caso, não faz mais sentido ser uma hamburgueria e, sim, uma choperia", diz ele.

Segundo Nagamastsu, o mercado de hamburguerias em São Paulo está saturado, mas o conceito diferente e criativo do negócio é um ponto positivo. “Visão saudável e sustentável, produtos veganos e o cardápio digital contribuem para uma boa imagem frente ao consumidor. Mas para que o negócio dê certo é necessário seguir planejando, pesquisando e inovando”, analisa.

Para ele, além da comercialização de hambúrguer congelado, o cardápio digital também é um acerto, pois elimina o custo do funcionário e da impressão de papéis, além de trazer agilidade, rapidez, satisfação e comodidade ao cliente.

Onde encontrar

Jamp Burger: https://www.facebook.com/jampburger/