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Lanchonetes tiram o pão do hambúrguer e põem polenta no lugar

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis (SC)

01/11/2017 04h00

Ao menos duas lanchonetes do Sul do país tiraram o pão do hambúrguer e colocaram no lugar a polenta, uma massa de farinha de milho tostada. A de Pato Branco (PR) criou o x-polenta há 14 anos. Desde agosto deste ano, o lanche passou a ser servido também em uma lanchonete de Caxias do Sul (RS).

O empresário Adegir Chicoski, 52, que criou o x-polenta na Patô Lancheria, em Pato Branco (PR), afirma que o lanche deveria ser apenas mais uma opção do cardápio, mas virou o prato principal. A lanchonete existe há 30 anos e vende, em média, 3.600 x-polentas por mês.

“Em 2003, pensamos em criar um prato novo para o inverno. Desenvolvemos o x-polenta, que virou o nosso lanche símbolo, conhecido como polentô”, diz Kauê Felipe Chicoski, 25, filho de Adegir.

O x-polenta da Patô pode ser encontrado com recheios de calabresa, salame, picanha, hambúrguer e frango. Os preços variam entre R$ 15,90 e R$ 22,90.

A família Chicoski diz que planeja abrir filiais da lanchonete, mas não divulga detalhes. “Com o aumento no consumo do polentô, mecanizamos todo o processo e aposentamos o velho tacho de fazer polenta. Essa modernização nos permite planejar a expansão do negócio”, diz Kauê.

A empresa não divulga investimento inicial nem faturamento e lucro do ano passado.

X-polenta por sugestão de cliente

Em Caxias do Sul , o empresário Marcos Antonio Felippi, 56, da Felippi's Lanches, diz que a sugestão para criar o x-polenta veio de um cliente que havia experimentado o lanche em Pato Branco. O único investimento foi a compra de uma polenteira (R$ 300).

O empresário fez a troca do pão pela massa de polenta no final de agosto e aumentou as vendas diárias em 17%. O valor das vendas não foi informado.

Nosso produto é fortalecido pela cultura. Moramos em um das principais comunidades italianas do Brasil. É difícil alguém não gostar de polenta.

Marcos Antonio Felippi, dono da Felippi's Lanches

Para ele, o diferencial do negócio é que a polenta fica crocante. “É a técnica bem comum usada pelas nossas avós. Queima a polenta na chapa do fogão à lenha ou no forno, como é o nosso caso, e a casca fica fininha, mais seca e crocante”.

Segundo ele, os clientes elogiam. “Muitos vêm para comer o lanche tradicional e mudam o pedido quando descobrem a novidade.”

Aberta em 1990, a Felippi's Lanches vende hambúrguer em três tipos de pão (tradicional, integral e sem glúten) e agora na polenta.

A carne é tradicional, mas também há opções de soja, legumes, vegetariano e peixes (salmão, atum e filé de peixe). No total, ele vende cerca de 150 sanduíches de todos os tipos por dia.

Entre as 28 opções de x-polenta, cujos preços variam de R$ 17 a R$ 32, há apenas uma opção doce: de chocolate (R$ 23).

Cultura local é ponto forte, mas devem inovar 

Para Dianalu de Almeida, consultora do Sebrae de Pato Branco (PR), o sucesso do x-polenta é motivado pelo conhecimento que a Patô Lancheria teve do público-alvo.

“Se o x-polenta fosse aberto no Nordeste talvez não desse certo, mas ele soube aproveitar a cultura local. A polenta é um prato forte nas cidades de colonização italiana.

Dianalu de Almeida, consultora do Sebrae

A especialista, no entanto, alerta para a necessidade de inovação contínua. “Não se pode inovar uma única vez. Quando uma empresa cria algo novo, o mais comum é que seja copiada pela concorrência. Por isso sempre deve estar um passo a frente na busca por diferenciais.”

Gustavo Angelo Rech, gestor de projetos do Sebrae voltados ao segmento de alimentação na Serra Gaúcha, diz que um dos pontos fortes da Felippi's Lanches é a preocupação da empresa em atender novas necessidades dos clientes.

“Eles são uma das casas de lanches mais tradicionais de Caxias. Não iriam perder movimento se continuassem com os mesmos produtos. Mas foram receptivos à inovação. Sem contar que agregaram valor a um produto simples, que é a polenta.”

Para Rech, porém, é preciso avaliar a aceitação dos sabores e fazer ajustes. “Os melhoramentos devem ser constantes até que o produto se solidifique no mercado. É preciso avaliar quais são os sabores que agradam os clientes, quais não são vendidos. A probabilidade de acerto é maior.”

Onde encontrar:

Patô Lancheria - Facebook
Felippi's Lanches - www.felippis.com.br/website

(Edição de texto: Claudia Varella)

Dica do Chef: Como fazer polenta sem que o fubá empelote?

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