Qual taxa de câmbio é usada pelo banco para compras com cartão no exterior?
O Banco Central anunciou nesta quarta-feira (28) novas regras para compras internacionais no cartão de crédito, que passarão a usar o dólar do dia da compra, e não do dia do fechamento da fatura, a partir de março de 2020. Porém, qual é a taxa de câmbio que deve ser usada nessa conversão? O dólar turismo? Ou o comercial? O UOL conversou com especialistas em câmbio para descobrir.
Na verdade, cada banco ou administradora de cartão pode usar o câmbio que bem entender, segundo eles. "Não há uma taxa obrigatória ou correta. O BC deixa as instituições livres para fazer a conversão", disse Mathias Fischer, diretor de Estratégia e Inovação do site Meu Câmbio.
"Por essa razão é que existe tanta diferença entre as cotações praticadas nas casas de câmbio. No caso do cartão de crédito é a mesma coisa", afirmou.
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Nem comercial, nem turismo
O UOL consultou os principais bancos do país e descobriu que a maioria das instituições usa como referência a taxa Ptax, que é calculada diariamente pelo BC com base na média das taxas praticadas pelas principais instituições de câmbio do país. O valor da Ptax pode ser consultado no site do Banco Central, na coluna da direita, dentro do item "Câmbio".
Além disso, cada banco adiciona um "spread", ou seja, uma taxa extra sobre o valor da Ptax para cobrir seus custos operacionais. Esse extra é chamado formalmente por alguns bancos de "taxa de conversão de câmbio". Gira em torno de 4%, o que, na prática, iguala o valor do dólar cobrado no cartão de crédito à taxa do câmbio turismo.
"Como fica a critério de cada banco [qual taxa de câmbio usar], o consumidor precisa pesquisar os valores, porque o 'spread' pode variar. O problema é que a concorrência no mercado de cartões de crédito no Brasil ainda é pequena", declarou Roberto Vertamatti, diretor de Economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Duas moedas, duas taxas extras
O custo da conversão para o consumidor pode ficar ainda mais salgado se a compra internacional no cartão for feita em uma moeda diferente do dólar americano.
"Se a viagem for para um país diferente dos Estados Unidos, haverá duas conversões cambiais a serem feitas. Uma é da moeda original do país para o dólar. E a outra é do dólar para o real. Ou seja, há duas taxas de câmbio e dois 'spreads' a serem cobrados do consumidor", afirmou Fischer.
Sem susto na fatura
Apesar de a nova regra do Banco Central não esclarecer qual taxa de câmbio deve ser usada na conversão das compras internacionais, os especialistas consideraram positiva a medida anunciada nesta quarta-feira, que determina que a conversão seja feita com o valor do dólar do dia da compra.
"O consumidor não vai mais levar susto no cartão de crédito por causa da variação cambial entre o dia da compra e o dia de pagamento da fatura. Ele já vai saber, no momento da compra, quanto pagará por aquela despesa", declarou Vertamatti.
Não se esqueça do imposto
Os gastos feitos em moeda estrangeira usando cartão de crédito, débito ou pré-pago estão sujeitos à cobrança de 6,38% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O IOF cai para 1,1% para quem compra a moeda estrangeira em espécie.
Cartão pré-pago usa taxa do turismo
Se no cartão de crédito a taxa de câmbio utilizada por cada banco ainda é um fator de incerteza para o consumidor, o mesmo não acontece com os cartões pré-pagos. Para esse produto, o que vale é a taxa do câmbio turismo.
"O cartão pré-pago dá maior previsibilidade de gasto ao consumidor, já que a taxa é definida no momento da carga", disse Fischer.
Por outro lado, a taxa do câmbio turismo é normalmente superior à taxa Ptax, usada como referência pela maioria dos bancos no cartão de crédito. Nesta quarta-feira, por exemplo, o dólar Ptax ficou em R$ 3,8631, enquanto o dólar turismo foi cotado a R$ 4 --uma diferença de 3,6%.
Nesse caso, o consumidor precisa avaliar o que é mais interessante: "travar" a taxa pelo câmbio turismo, ainda que ela seja um pouco mais alta, ao carregar o cartão pré-pago, ou fazer as compras no cartão de crédito e acompanhar o comportamento do câmbio durante a viagem, sem esquecer que cada banco pratica um "spread" sobre a cotação Ptax do dia da compra.
"A tendência é que a volatilidade do câmbio diminua nos próximos anos, conforme a economia brasileira se mostrar mais consistente. Ou seja, o risco de o consumidor sofrer um susto com a variação cambial na época de viajar será menor", disse Vertamatti.
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