Dólar e ouro lideram investimentos em janeiro, com Bolsa em queda
Resumo da notícia
- Primeiro mês de 2021 tem gosto de 2020 nos mercados, com investidores procurando proteção contra incertezas
- Aumento de casos de covid-19 no mundo e ritmo lento de vacinação preocupam investidores
- Cenário para fevereiro é de incertezas por causa de andamento da imunização e do avanço da dívida pública
O começo de 2021 para os mercados financeiros no Brasil não foi muito diferente do que foi visto em 2020, especialmente no primeiro trimestre. Investidores preocupados com o impacto econômico do novo coronavírus procuraram ativos considerados mais seguros, como dólar e ouro. Já o Ibovespa teve um mês de bastante oscilação, para encerrar o período com variação negativa, assim como já tinha acontecido há um ano.
No caso do mercado brasileiro, a preocupação dos investidores com um problema que é global - a pandemia - teve o reforço de problemas internos: o ritmo da vacinação, disputas políticas pelo poder no Congresso e rixas entre os governos federal e estaduais.
Para profissionais de mercado, esses problemas atrapalham o combate à covid-19, o que emperra por tabela a possibilidade de uma retomada firme do crescimento econômico. E, para completar o cenário nebuloso, a dívida pública que só aumenta afasta os investidores estrangeiros.
Veja abaixo os desempenhos de alguns ativos do mercado financeiro em janeiro e o acumulado em 12 meses.
Janeiro foi um mês que começou regado a muito otimismo, com a perspectiva de uma retomada da economia forte. A partir da segunda semana, porém, a bolsa brasileira se descolou do exterior em vários momentos, movimento relacionado aos nossos riscos domésticos. O destaque negativo foi a demora no início do plano de vacinação contra a covid-19 e na chegada dos insumos necessários para ampliar a imunização da população. Fora isso, o risco fiscal segue latente no âmbito doméstico.
Paula Zogbi, especialista da Rico Investimentos
Ao contrário do que muitos imaginavam, o dólar encontrou maior pressão de compra sobre a faixa de 5,00, o que pode ser explicado pelo risco fiscal, que neste ano será um importante tema para o Real.
Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora
Cenário para fevereiro
Para fevereiro, analistas de mercado dizem que o desempenho dos ativos vai depender do andamento de três fatores.
Inflação: Se os preços voltarem a subir de forma intensa, os bancos centrais ao redor do mundo, e também aqui no Brasil, podem suspender parte das ações de estímulo à economia, aumentando os juros, por exemplo. Isso atrapalha as Bolsas.
Vacinação: O risco de não conseguirmos controlar a pandemia em 2021 afeta diretamente a economia e o mercado.
Dívida do governo brasileiro: Em 2020, o tamanho da dívida bruta do governo atingiu 89,3% do PIB, por conta dos gastos extraordinários com a pandemia. No fim de 2019, a dívida bruta estava em 74,3% do PIB.
Nosso cenário-base leva em conta uma agenda de reformas andando, ainda que a passos lentos, mas notícias de desentendimentos políticos entre governo e legislativo são capazes de trazer volatilidade enquanto isso. O cenário negativo é um Brasil sem reformas.
Paula Zogbi, especialista da Rico Investimentos
Para fevereiro, será importante monitorar os resultados das empresas, assim como o desenrolar do campo político, caso das eleições no Congresso. Nesta expectativa, o Ibovespa deve ficar um tempo travado entre 115 mil e 125 mil pontos até tomar um rumo e os direcionamentos econômicos serão decisivos para entender para qual lado o índice será rompido.
Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora
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