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Vale a pena deixar R$ 10 mil travados em renda fixa? Qual o rendimento?

Investidora: Quanto você ganha a mais por deixar o dinheiro em títulos sem liquidez? - iStock/Nattakorn Maneerat
Investidora: Quanto você ganha a mais por deixar o dinheiro em títulos sem liquidez? Imagem: iStock/Nattakorn Maneerat

24/01/2023 04h00

Algumas aplicações de renda fixa deixam o seu dinheiro travado durante seis meses, um ano ou mais, sem que você possa resgatá-lo.

Mas será que vale a pena? Rende mais? Na coluna de hoje você vai ver quanto esse tipo de investimento rende a mais do que outro com liquidez diária. Assim ficará mais fácil comparar e tomar a sua decisão.

Aplicando R$ 10 mil por seis meses: ganho de R$ 569 e diferença de R$ 57

Entre as aplicações com prazo de seis meses, a mais vantajosa que encontrei no momento foi uma LCA prefixada emitida pelo banco BTG Pactual. Ela está com uma taxa anual de 11,7%. Com isso, o rendimento ao longo de seis meses seria de 5,69%.

Já o Tesouro Selic, que permite o resgate a qualquer momento, tende a render 5,12% nos próximos seis meses, já descontado o Imposto de Renda.

Desse modo, investindo R$ 10 mil você teria um ganho de R$ 569 na LCA ou de R$ 512 no Tesouro Selic.

Vale a pena deixar o seu dinheiro travado na LCA por causa de R$ 57? Depende. Se você tiver 100% de certeza de que não precisará do dinheiro nos próximos seis meses, vale a pena. Agora, se não estiver seguro disso, saiba que resgatar antes vai trazer uma perda. Nesse caso, eu iria no Tesouro Selic mesmo.

Aplicando R$ 10 mil por um ano: ganho de R$ 1.250 e diferença de R$ 167

Para um prazo de 12 meses, o título de renda mais rentável que encontrei foi uma LCA Prefixada emitida pelo Banco ABC Brasil, com rendimento de 12,5% ao ano.

Um investimento de R$ 10 mil nesse papel geraria um lucro de R$ 1.250 até o vencimento, daqui a um ano. No Tesouro Selic, o mesmo valor aplicado renderia 1.083 (ou 10,83%), também descontado o IR.

Trata-se, portanto, de uma diferença de R$ 167 entre a LCA e o Tesouro Selic. Nesse caso, cada investidor vai refletir se acredita que vale a pena abrir mão do direito de resgatar a qualquer momento para, em troca, ganhar R$ 167.

Aplicando R$ 10 mil por dois anos: ganho de R$ 2.686 e diferença de R$ 308

Um investimento por um período de dois anos na LCA prefixada do Banco Pine, que foi a mais rentável que encontrei para o período, teria um ganho de 12,63% ao ano, o que dá um total de 26,86% em 24 meses.

Dessa forma, uma aplicação de R$ 10 mil nesse ativo renderia R$ 2.686 em dois anos, enquanto no Tesouro Selic o ganho seria de R$ 2.378.

Aqui, a diferença entre a LCA e o Tesouro ficou em R$ 308.

Riscos e oportunidades

A necessidade de ter que aguardar até a data de vencimento não é o único ponto ao qual você precisa prestar atenção quando vai investir em um título de renda fixa.

Outro aspecto é o risco e a oportunidade existentes em ativos prefixados, que foram os exemplos que eu dei.

O prefixado é aquele investimento não muda com o tempo. Se, no momento em que você investiu, ele estava fixado em 10% ao ano, essa será a sua taxa de rendimento, não importa o que aconteça com a taxa de juros do país (a Selic) ou com a inflação.

Assim, aplicando, por exemplo, na LCA de dois anos que eu citei acima, você terá um ganho de 28,86% no período e ponto final. Se a inflação ficar em 30% ao ano, você terá uma perda real. Por outro lado, e a inflação ficar em apenas 8% no período, seu ganho real será enorme.

O mesmo vale para a taxa Selic, que hoje está em 13,75% ao ano. Se o Banco Central aumentar a Selic para 15% ao ano, vai ganhar mais dinheiro quem aplicou no Tesouro Selic, e não na LCA que eu citei aqui.

Já se a Selic cair para, digamos, 8%, seu ganho na LCA será muito maior do que o de quem aplicou no Tesouro.

Como decidir?

Diante de tantas vantagens e desvantagens, as pessoas tendem a ficar em um impasse. Mas não precisa. Para tomar a decisão, você precisa de duas etapas.

Primeiro, decida por quanto tempo você vai deixar o dinheiro aplicado. Depois, divida esse dinheiro em aplicações de renda fixa prefixada, pós-fixada e indexada à inflação.

Por exemplo, se você vai investir R$ 10 mil por dois anos, vire para o seu gerente ou assessor e diga: "Por favor, divida esse valor em três partes iguais, colocando a primeira em uma aplicação prefixada, a segunda em uma pós-fixada e a terceira em uma opção indexada à inflação".

Dessa forma você tende a ganhar mais do que se deixar todo o dinheiro em uma aplicação com liquidez diária, e ao mesmo tempo diluirá o risco de a inflação e a taxa Selic aumentarem.

Alguma dúvida?

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