A Selic, taxa básica de juros brasileira, subiu mais uma vez. O Banco Central ajustou os juros para 13,25% ao ano. Essa taxa afeta todos os investimentos em renda fixa.
Mas, diante de tantos investimentos disponíveis, qual é a melhor opção para colocar seu dinheiro? Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante Ideias de Investimentos, analisa as melhores alternativas a seguir.
Inflação se responde com juros
Antes mesmo de falar sobre os efeitos da alta dos juros, é preciso entender as razões pelas quais as taxas vêm subindo no Brasil e no exterior.
A alta dos juros é uma das ferramentas à disposição dos bancos centrais para conter a inflação. Apesar de não ser o único instrumento de política monetária à disposição, as mudanças nas taxas básicas de juros são o mais eficiente deles.
"É evidente, contudo, que juros altos não são sinônimo de inflação baixa, e a nossa vizinha Argentina é um bom exemplo disso: mesmo com uma taxa de juros de 52% ao ano, nossos "hermanos" vêm sofrendo com uma inflação de mais de 60% nos últimos 12 meses", diz o analista.
Segundo ele, o fenômeno de inflação e juros simultaneamente altos, entretanto, é uma anomalia decorrente do completo descontrole das contas públicas que existe há décadas na Argentina. Quando o governo não consegue arcar com suas despesas e perde credibilidade entre os credores domésticos e internacionais, torna-se muito mais difícil conter a alta dos preços munindo-se apenas dos instrumentos tradicionais de política monetária, diz.
No Brasil e em outras economias com o mínimo (e, no nosso caso em particular, é realmente o mínimo) de sustentabilidade das contas públicas, o aumento dos juros tende a ser mais eficaz no combate à inflação".
Selic em alta: até quando?
Em 15 de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano. A elevação ocorreu no período em que a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulava alta de 11,73% nos últimos 12 meses, encerrados em maio.
Contudo, já se nota uma tendência de desaceleração da inflação por aqui. Em maio, o IPCA registrou alta de 0,47%, após ter subido 1,06% em abril. Duas categorias de itens que têm pesado bastante no bolso dos brasileiros são os alimentos e os transportes, especialmente por conta da guerra na Ucrânia e dos seus desdobramentos geopolíticos.
Ainda assim, com a inflação dando sinais de arrefecimento e com as cadeias produtivas globais se recuperando da pandemia, o mercado projeta que o atual ciclo de alta de juros no Brasil está terminando. As estimativas para a Selic no final deste ano não se distanciam muito da taxa anunciada após a última reunião do Copom.
Como a alta dos juros afeta o mercado
Com os juros em ascensão pelo mundo, notou-se uma abrupta mudança de tendência nos mercados globais, na forma de migração de capital de investimentos mais arriscados, como ações de empresas de crescimento acelerado e criptoativos, para alternativas consideradas mais seguras, como a renda fixa ou ações de companhias consolidadas que atuam em setores perenes, como o financeiro e o industrial.
Isso ocorre, principalmente, porque a alta dos juros torna o crédito mais caro e reduz a liquidez da economia, além de elevar os rendimentos pagos por ativos de renda fixa, desestimulando o investimento em produtos que oferecem mais risco.
A mudança de postura dos bancos centrais tende a afetar drasticamente os rumos do mercado. Portanto, é imprescindível adequar seus investimentos a esse novo cenário, que também cria uma série de oportunidades.
Melhores investimentos para o momento
Em se tratando de renda fixa, os títulos públicos pós-fixados disponíveis para compra no Tesouro Direto são uma boa opção de investimento para quem quer se beneficiar do contexto atual.
Esses títulos dividem-se em Tesouro Selic, aqueles que possuem a rentabilidade indexada à taxa Selic, e Tesouro IPCA+, cuja rentabilidade é a soma da variação da inflação a uma taxa prefixada.
Com a Selic em alta, o juro real, ou seja, a rentabilidade dos investimentos menos a inflação, deve se manter em patamares atrativos no curto e no médio prazo, mesmo que a inflação fique acima da meta neste ano.
Para quem preza por investimentos com alta liquidez, ou seja, os mais fáceis de resgatar, os fundos DI, que visam replicar o desempenho da taxa de Certificado de Depósito Interbancário (CDI) são uma opção interessante, uma vez que o CDI tende a acompanhar a alta dos juros.
No mercado de ações, por outro lado, as coisas tendem a ficar mais complicadas. Com juros em alta, os investidores passam a adotar uma postura mais cautelosa, e aqueles com perfil mais conservador acabam optando pela renda fixa.
Contudo, a conjuntura atual deve impactar menos as empresas consolidadas que atuam em setores perenes, e pode até mesmo ser favorável para os grandes bancos, que conseguem aumentar o spread bancário em momentos de Selic mais alta, e para as seguradoras, que normalmente alocam seus recursos em renda fixa.
Juros altos mudam cenário para investir
O salto dos juros no mundo altera completamente o cenário de alta liquidez dos mercados, conforme observado nos anos que antecederam a pandemia, período no qual as empresas de tecnologia com seus modelos de negócios disruptivos e alto potencial de crescimento se mostraram bastante lucrativas como investimento.
"Agora, investir em renda fixa volta a ser atrativo no Brasil, especialmente pensando no curto e médio prazo. Contudo, o mercado de ações também oferece boas oportunidades, especialmente para os investidores com visão de longo prazo, uma vez que muitos ativos listados na Bolsa vêm sendo negociados a preços bastante atrativos", diz o analista.
Acesse aqui o relatório completo da Levante sobre como investimentos em renda fixa.
Carteiras conforme o perfil
Para quem ainda não pegou as recomendações de investimentos, elas estão a seguir:
- Carteira para quem não aceita risco algum
- Carteira para quem tem perfil mais conservador, mas aceita um pouquinho de risco
- Carteira para quem é mais moderado
- Carteira para quem aceita mais risco
- Carteira para quem aceita alto risco
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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo analista Felipe Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.
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