"Queria saber antes o que eu sei agora!". Esta é uma citação bastante utilizada, que soa até como um lamento. Ainda que tenha coisas que só aprendemos mesmo com o tempo, talvez possamos tomar um caminho mais fácil, especialmente quando se trata de finanças.
Então, sabendo o que sei agora, compartilho com você alguns conselhos financeiros que eu daria para o meu eu mais jovem.
O destino do meu primeiro salário foi um micro system. Explicando para os mais novos, trata-se de um rádio com alto-falantes embutidos e toca-fitas cassete.
A partir de então, eu podia escolher e gravar minhas músicas preferidas, ouvindo-as na hora e quantas vezes eu quisesse, bastava rebobinar a fita (risos)... uma verdadeira ostentação na ocasião.
Isto foi em meados de 1994, quando o Brasil ainda convivia com a hiperinflação. O consenso da época recomendava não guardar dinheiro, pois ele perdia poder de compra da manhã para a tarde, literalmente! Lembro que não sobrou um centavo sequer do meu salário.
Só depois de 1994, com o Plano Real e o controle da inflação, foi possível entender e aprender sobre a necessidade de guardar dinheiro.
De lá para cá passamos por um longo processo de aprendizados e mudanças. Sou grata pelas decisões financeiras que tomei. Mas se eu tivesse a chance de me sentar com meu eu mais jovem, eu me daria esses conselhos abaixo.
1) Comprometa-se com o seu futuro
Eu costumava ser uma daquelas pessoas que achavam que o futuro estava longe. Estudante de economia, seguia o que Keynes, economista britânico, pregava: "No longo prazo, todos estaremos mortos."
Contudo, a evolução tecnológica e a medicina estenderam a expectativa de vida dos homens brasileiros para 73,3 anos e das mulheres para 80,3 anos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica) de 2020.
Esses dados me deixaram intrigada: "você está preparada para viver tudo isso?".
Mente, corpo e relações sociais dependem em grande medida da gente mesmo. Então, procuro fazer a minha parte cuidando da minha espiritualidade, me exercitando, tendo uma alimentação equilibrada dentro do possível e nutrindo amizades. O resto é com a genética.
Só que o âmbito financeiro depende 100% da gente! E, embora eu tenha começado a pensar no meu futuro financeiro cedo, agora —com mais de 40 anos— tenho que poupar muito mais para conseguir ter a velhice que desejo.
Meu primeiro conselho para o meu eu mais jovem seria: viva o hoje consciente de que você terá um futuro, e comprometa-se com o seu eu do futuro.
2) Comece agora
Independentemente da idade que você tenha, sempre há um futuro. Portanto, comece já a guardar dinheiro para o seu futuro.
Em sua rotina, a prioridade número um deve ser pagar suas contas. A prioridade número dois precisa ser guardar um pouquinho que seja de dinheiro. Somente depois disso você pode usar seus recursos para outros objetivos. A longo prazo, então, isso se torna ainda mais verdadeiro.
Se tem um ponto que todos os governos pelos quais passei foram unânimes em me ensinar foi que meu futuro depende exclusivamente de mim. Planos econômicos, ideologias políticas, pandemias seja a situação que for... eu sou a minha solução.
Então, guarde dinheiro para imprevistos, faça sua reserva financeira, pense em qual estilo de vida você deseja ter no futuro.
Meu conselho para o meu eu mais jovem seria: comece a guardar dinheiro agora, o valor que for possível, para garantir sua tranquilidade depois.
3) Busque saber sobre investimentos
Fiz a lição de casa direitinho: após realizar meu sonho com o micro system, os trocados seguintes foram direto para a caderneta de poupança. Contudo, essa poupança me rendeu uma quantia lamentável de juros.
Um dos conselhos financeiros mais importantes que eu diria ao meu eu mais jovem seria para buscar saber como funciona o mundo dos investimentos.
Posso dizer que é mais simples do que parece. E essa simplicidade se baseia em saber o que eu quero, quais as minhas expectativas em termos de prazo de aplicação e uso daquele dinheiro. Meus investimentos teriam tido muito mais sucesso se eu tivesse bem definido quais eram os meus objetivos.
Então, meu terceiro conselho para o meu eu mais jovem seria: busque entender o que é inflação, taxa de juros, perfil de investidor. Distribua suas economias entre investimentos de maior e menor risco, pois se perder em um, você ganhará no outro... e ficará tudo bem.
Estes são os três conselhos-chave que eu daria ao meu eu mais jovem. Aprendi muito durante minha jornada financeira. Todos cometemos erros, mas você sempre pode aprender e crescer com eles, pois cada experiência é uma grande lição para as decisões monetárias de hoje e do futuro.
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