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OPINIÃO

Descubra por que as crianças conseguem guardar dinheiro e você não

Cofrinho: guarde dinheiro como as crianças para criar hábito de investir - Riska/Getty Images
Cofrinho: guarde dinheiro como as crianças para criar hábito de investir Imagem: Riska/Getty Images

Letícia Braga de Andrade

Pagbank

17/10/2022 10h53

A frase "nunca sobra dinheiro para guardar" está entre as que mais ouço quando o assunto é poupar. Confesso que me sinto um tanto incomodada, e até mesmo desafiada à contestá-la, por alguns motivos:

O primeiro motivo é porque você já guardou, talvez em tempos remotos, mas já guardou. Toda criança já teve um cofrinho ou qualquer outro lugar onde guardava suas moedinhas. Quando uma criança "deposita" seu dinheiro num cofrinho ela registra no seu inconsciente a informação de que o dinheiro tem um lugar específico na vida dela.

O segundo, porque provavelmente você já teve bem menos renda do que tem hoje. Quando criança em geral a gente ganha dinheiro de alguém como avós ou tios, inclusive como presente de aniversário.

Em outros casos, já mais alinhados com educação financeira, era em troca da realização de alguma tarefa doméstica (lavar a louça, arrumar a cama, troco por ter ido ao mercado). Em todos os casos, quem executava a ação de "depositar" o dinheiro no cofrinho era a própria criança, deixando evidente que a ação de guardar dependia exclusivamente dela.

Em terceiro lugar, não dá para esquecer a satisfação que era abrir o cofrinho e contar aquelas moedinhas... Naquele momento, o tempo tinha se tornado um aliado!

Veja o lugar que o dinheiro tem no seu dia a dia: Guardar dinheiro não tem segredo, são esses os passos. Contudo, nós e o nosso senso crítico, por vezes limitador e sabotador, acabam dificultando esse processo. Num teste rapidinho, responda essas perguntas e faça o seu próprio diagnóstico:

1. O dinheiro tem um lugar no seu dia a dia? Ou ele entra e sai direto? Quantas vezes já aconteceu de você encontrar algum trocado num bolso de casaco ou calça esquecido dentro do roupeiro? Esse trocado poderia ter sido guardado.

Mesmo que a pessoa esteja endividada e todo o seu dinheiro esteja comprometido, eventualmente R$ 1,00 (repito, um real) pode ser guardado e investido... e acredite, o papel dele será fundamental no processo de educação financeira pois quebrará aquela cultura ruim de não guardar.

Aliás, para provar o valor desse um real, veja essa rápida continha: se você investir R$ 1,00 numa aplicação que renda 100% ao ano em juros compostos (ou seja, menos de 6% ao mês, bem menor do que o juros do cheque especial), em 20 anos somaria um total de R$ R$ 1.184.152,57! Então, por favor, não menospreze seu R$ 1,00.

2. Você ganha ou conquista o seu dinheiro? Em geral a gente fala que "ganha um salário" quando o verbo correto seria conquista. A conquista é resultado de um esforço, uma solução que você levou a alguém. Dar valor e reconhecimento a esse esforço é o começo para colocar as coisas no seu devido lugar, iniciando um processo de consciência financeira.

Calcule sua hora de trabalho: Você sabe qual o valor da sua hora de trabalho? Pois é esse valor que deve ser a referência para você dizer se alguma coisa é cara ou barata para a sua realidade. Se não sabe, então é hora de saber: divida o valor do seu salário já com os descontos de impostos.

Use o valor que é depositado na sua conta (os autônomos devem usar a média do valor dos últimos seis meses) por 160, que é o resultado da multiplicação de oito horas por dia, cinco dias na semana, quatro semanas no mês. Este será o valor que você recebe por uma hora de trabalho. Agora você tem a referência correta para organizar suas contas.

Eu entendo que organizar as finanças do dia a dia pode ser desafiador. Em muitos casos até doloroso, pois nos coloca de frente a uma realidade bem difícil. Então, o jeito é ir organizando tudo isso aos pouquinhos, no seu ritmo.

Guarde dinheiro de forma automática: Uma coisa que ajuda muito é começar a guardar um pouquinho de dinheiro automaticamente. Sabe aquilo que você deixa programado, tipo débito automático que a gente usa para não esquecer de pagar a fatura e facilitar a nossa rotina? É isso.

Reservar uma pequena parte do nosso dinheiro para o futuro tornaria tudo muito mais leve! Isso é possível, com R$ 1,00 ou 1% do seu faturamento você pode programar um investimento automático que rende mais do que a poupança e pode ser resgatado a qualquer momento.

Pequeno valor, rotina, hábito já não são mais problemas para voltar a ter o seu "cofrinho". A única ação que você precisa ter nos tempos modernos para voltar a ter o seu cofrinho é programar essa aplicação automática. Assim, você começa a cuidar do seu futuro se tornando um investidor sem qualquer mudança significativa na sua rotina.

Estando mais confiante e com resultados concretos tenho certeza de que a criança que você foi terá ainda mais orgulho do adulto que você se tornou.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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