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ANÁLISE

Melhores fundos de ações e multimercado de maio

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Imagem: gorodenkoff/Getty Images/iStockphoto

12/06/2023 04h00

No mês de maio, ocorreu uma reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que optou por manter a taxa básica de juros em 13,75% pela sexta vez consecutiva. Essa decisão tem gerado controvérsias entre o governo federal e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já que o governo busca reduzir a taxa Selic para estimular a economia brasileira.

Esse embate existe desde o início do mandato do presidente Lula, e a principal justificativa para a persistência do Copom em manter a taxa básica de juros é a necessidade de controlar com rigor a inflação pós-pandemia, que tem afetado a maioria dos países, inclusive os desenvolvidos.

Durante o período, o IPCA-15, que é uma prévia da inflação do país, registrou um aumento de 0,51%, ficando abaixo das expectativas do mercado, que previam um aumento de 0,64%. Nos últimos 12 meses, o mesmo índice teve uma variação de 4,07%, indicando um controle mais efetivo da inflação. Essa notícia animou o mercado, que passou a vislumbrar a possibilidade mais próxima de uma redução da taxa Selic, resultando em uma forte queda das curvas de juros futuros.

Na Câmara dos Deputados, o arcabouço fiscal foi aprovado sem a exclusão do trecho sobre a sustentabilidade da dívida, ponto que o mercado enxergou com bons olhos. Agora, o arcabouço será encaminhado para aprovação no Senado e, em seguida, para o presidente da República, a fim de entrar em vigor. O próximo desafio do governo, após a aprovação do arcabouço, será a reforma tributária.

Quer entender melhor o que está acontecendo no Brasil, EUA, China e outros pontos que impactaram os investimentos no mês de maio? Vem com a gente!

Como ficou a Bolsa brasileira: Em maio, a Bolsa teve resultado positivo de 3,74%, fechando próximos aos 108 mil pontos, muito devido à aprovação do arcabouço fiscal, fornecendo uma âncora fiscal que o país precisava, além de dados de inflação mais positivos que reduziram a curva futura de juros.

A recuperação econômica da China perdeu seu impulso pós-pandemia, evidenciado por dados negativos sobre a atividade industrial, que registrou uma queda de abril para maio. Isso resultou em uma diminuição na importação de minérios brasileiros, bem como uma desaceleração no setor imobiliário chinês e um aumento significativo no desemprego.

Economia americana: No início do mês, houve pronunciamento sobre o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, que está na faixa de 5,25% a 5,50%. Isso demonstra que a inflação americana ainda precisa ser controlada e que o aumento dos juros ainda é necessário. O presidente do Banco Central Americano, Jerome Powell, adotou um tom mais ameno em seu pronunciamento em comparação com reuniões anteriores e reafirmou que, se necessário, aumentará a taxa de juros para controlar a inflação.

Ainda nos EUA, dois assuntos foram destaque em maio: o teto da dívida americana, que indica se os EUA darão calote em seus pagamentos pela primeira vez na história, e o forte aumento nos valores das empresas de tecnologia após o lançamento de seus balanços trimestrais. Destaca-se a empresa Nvidia, cujas ações (ticker NVDC34 na Bolsa brasileira), tiveram uma valorização significativa.

Teto de gastos: Foi o tema de maior repercussão na política americana. Caso o aumento do teto de gastos não fosse aprovado, os EUA poderiam entrar em default pela primeira vez na história, o que significa não conseguir pagar suas obrigações governamentais. O teto de US$ 31,4 trilhões foi suspenso em 3 de abril, após pressão orçamentária, com a informação de que, se não fosse ajustado até 5 de junho, o default ocorreria. Em seu discurso, o presidente Biden afirmou que a "crise foi evitada" e também mencionou que "nossa economia teria entrado em recessão; 8 milhões de americanos perderiam seus empregos...".

Nvidia: Em relação aos balanços das empresas de tecnologia, o destaque foi a inteligência artificial, o que levou a Nvidia a quase triplicar seu valor desde o início do ano, juntamente com outras empresas de tecnologia como Amazon (ticker AMZO34), Apple (ticker AAPL34), e Microsoft (ticker MSFT34). Após o lançamento dos resultados do primeiro trimestre, fabricante de chips quase alcançou um valuation de US$ 1 trilhão, impulsionado pela alta demanda por inteligência artificial em seus produtos relacionados a jogos e outras áreas. No entanto, é necessário estar atento para avaliar se esse valuation está inflado ou não.

Melhores fundos multimercado de maio

Chamamos duas das gestoras com melhores retornos no último mês. Segue abaixo o que os gestores analisaram no mês de maio que ajudou na ótima perfomance.

Meraki fala de seu fundo Meraki Long Biased que retornou 5,09% para seus cotistas no mês de maio:

"Nosso fundo Meraki Long Biased subiu 5,08% em maio. Com maior visibilidade do início do corte de juros, aumentamos exposição a nomes financeiros e domésticos sensíveis a juros e reduzimos exposição a commodities. As maiores contribuições vieram do setor de Construção Civil, que historicamente se beneficia deste ciclo de cortes de juros, com Cyrela e MRV (+25.1% e +40%, respectivamente no mês); e de Saúde, com Hapvida (+44.6%).

Nos EUA, mantivemos posições compradas em big techs geradoras de caixa, como Apple, e utilizamos derivativos para proteger a carteira de cenários de estresse. Assim, reduzimos a exposição offshore do fundo para outcomes negativos sobre o teto de gastos americano.

Nos últimos anos, vimos empresas cíclicas-domésticas sofrerem bastante com a alta dos juros. Neste momento, sabemos que estas mesmas empresas, mais alavancadas, podem se beneficiar deste cenário de queda da taxa Selic mais próximo.

Com arcabouço fiscal crível e a inflação menor, sentimo-nos confortáveis para ter posições com duration maior. Isto é, com a melhora do cenário doméstico, entendemos que os ativos brasileiros possuem desconto em relação aos peers emergentes, chamando atenção de investidores.

Seguimos otimistas com Bolsa, analisando oportunidades no Brasil e no exterior, tentando ampliar nosso escopo de investimentos e buscando retornos consistentes para nossos clientes."

A gestora DAO com o fundo DAO Multifactor Long Biased que teve retorno de 3,74% em maio comenta:

"No mês de maio, o fundo DAO Multifactor Long-Biased FICFIM rendeu 3,7%, muito em linha com o desempenho da Bolsa e superando seu benchmark IPCA + yield do IMA-B, que teve retorno de 1,0%.

A Bolsa brasileira teve performance positiva por conta do bom desempenho dos mercados internacionais e ao fato de as ações terem chegado a valuations muito atrativos. Mesmo considerando o ambiente de juros altos, a Bolsa apresentava no final de abril um retorno potencial bastante acima dos padrões históricos.

Nossos fundos DAO Multifactor e DAO Defender são estruturalmente expostos aos fatores Valor, Crescimento, Qualidade, Baixa Volatilidade e Momentum. Entretanto, nossa metodologia de factor tilting nos permite aumentar ou reduzir os pesos dos fatores em função de seu retorno esperado. Dessa forma, mantivemos posição overweight em Crescimento e Valor durante boa parte do mês passado, e underweight em Qualidade, Momentum e Baixa Volatilidade.

Para os próximos meses, acreditamos na manutenção das condições de mercado que acarretaram o bom desempenho da Bolsa em maio. No campo local, os principais drivers para esse movimento seriam a continuidade do arrefecimento dos números de inflação, boas notícias no campo fiscal e o início do ciclo de afrouxamento monetário. Na fronte internacional, nossa atenção está voltada para a guerra na Ucrânia e para a evolução da crise do sistema bancário americano. No momento, nosso modelo sugere manutenção do posicionamento que permeou a carteira durante o mês de maio."

Melhores fundos de ações em maio

Para compor os comentários sobre fundos de ações trouxemos as gestoras Trigono e Quantitas para passar a visão que os ajudou no ótimo rendimento de maio.

A gestora Quantitas fala sua visão do mês de maio, que o fez o Quantitas MonteCristo ser o top 1 da nossa lista com 15,18%:

"Sobre o Quantitas Montecristo: fundo de ações long only com mais de 12 anos de histórico, com uma estratégia de gestão que se baseia no investimento em bons negócios a preços atrativos, com teses de investimento bem definidas, premissas realistas e uma alocação concentrada normalmente entre 10 a 12 companhias, equilibrando o portfólio entre empresas com perfil de crescimento e valor.

O mês de maio de 2023 mostrou —mais uma vez— que deixar de estar posicionado em ações, tentando achar o "melhor momento" para comprar, é um risco considerável, pois as altas relevantes das cotações normalmente ocorrem de forma brusca, principalmente após períodos de quedas fortes e ações muito depreciadas. Neste sentido, fomos beneficiados com a recuperação de muitas das posições do Montecristo em maio, após meses recentes de quedas fortes, fazendo com que o fundo tivesse o melhor "alfa" mensal histórico desde seu início.

Além do movimento geral do mercado, que passou a precificar uma antecipação da queda dos juros no Brasil e elevou o preço das ações, tivemos contribuições microeconômicas importantes vindas de Hapvida (+44,57%), SBF (+39,18%) e Hidrovias (+20,3%). Em Hapvida, o melhor resultado do 1T23 e a efetivação das operações de sales & leaseback e emissão de ações mudaram a percepção de risco, recuperando uma parte das quedas recentes. Na SBF, os bons números divulgados no 1T23, com as melhores margens operacionais nas duas operações —Centauro e Fisia— modificaram a percepção adversa formada ao longo do 2S'22, contribuindo para revisões positivas de desempenho para 2023. Na Hidrovias, o bom 1T23 e as sinalizações de melhora consistente do desempenho operacional da companhia, a partir de chuvas regulares na operação sul e recordes de produção agrícola no MT, permitirão que ela gere caixa neste exercício, atraindo novos investidores para o papel."

Trigono comenta sobre seu fundo Trígono Flagship 60 eTrigono Verbier, que retornou 14,35 e 12,83% respectivamente no mês:

"Há um velho ditado em Wall Street que diz: 'Sell in May and Go Away' (venda em maio e vá embora). Esta máxima está baseada no princípio em que as ações tendem a performar melhor entre novembro e abril em relação a maio até outubro.

Em seu terceiro melhor desempenho mensal desde seu início em abril de 2018 (62 meses desde então), o Flagship 60 entregou valorização de 14,4% em maio, enquanto o SMLL subiu 13,5%! Este é mais um exemplo de que fazer market timing é extremamente perigoso, podendo o investidor perder todo rendimento de um ano se estiver fora do mercado em apenas um mês. Com o excelente desempenho do mês, voltamos para o campo positivo no ano (2% vs. 4,7% do SMLL). Desde seu início, o retorno totaliza 231,4% contra meros 20,1% do benchmark, isso representa nada menos que um alfa de 211,3% em pouco mais de cinco anos de fundo!

Todo este desempenho se deve muito a performance do setor Industrial, que contribuiu com uma alta de 11,9% em nosso portfólio. Como comentamos no início desta seção, a Tupy, Metal Leve e Schulz foram os grandes destaques dessa última temporada de balanços mesmo neste ambiente desafiador para o setor. Contribuiu também o Agronegócio, com 2,4% de valorização, impulsionado por um movimento de correção em Kepler e São Martinho, sendo que a primeira ainda acumula queda de 16% no ano (ou 37% desde seu pico em novembro de 2022).

O Verbier, que em seus cinco anos fechou todos os anos com retornos positivos e à frente do benchmark IBOV, mostra que está firme na briga para conquistar o hexa! Em maio, o fundo entregou valorização de 12,8% ante alta de 3,7% do referencial, representando um alfa de 9,1%. No acumulado de 2023 o fundo valoriza 1,9%, já abrindo um alfa de 3,2%. Assim como os demais, a Indústria foi responsável por grande parte deste retorno (12,5%), seguido do Agronegócio com 2,8% de atribuição de performance.

O destaque negativo ficou com Mineração e Metalurgia ao desvalorizar 1,6% no mês, puxado por Ferbasa, que, como explicado mais acima, passa por um período de pressão de custos, mas que de forma alguma compromete sua forte geração de caixa e que deverá ser compensado por melhores preços do FeCr e maiores volumes do FeSi HP (produto de maior valor agregado)."

Conheça aqui os fundos disponíveis do PagBank

Os fundos foram classificados utilizando metodologia interna do PagBank usando dados de mercado fornecidos pela Quantum Finance e foram considerados fundos para investidores em geral de gestão ativa, abertos para captação, com mais de R$ 50 milhões de patrimônio líquido, investimento mínimo até R$ 5.000, mais de cem cotistas e existentes há mais de um ano.

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