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Quem pode ganhar na Bolsa com pacote de descontos para carros e caminhões

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/06/2023 13h34

Locadoras de carros, seguradoras, companhias fabricantes de ônibus e empresas ligadas ao setor de autopeças e logística podem sair ganhando na Bolsa com o novo pacote de incentivo à venda de carros novos.

Como funciona o programa

O programa foi anunciado na segunda-feira (5) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

Pelo programa, haverá descontos de R$ 2.000 a R$ 8.000 no preço de carros de até R$ 120 mil. Esse desconto é de no mínimo de 1,6% e no máximo de 11,6% do valor, dependendo do preço, do nível de poluição e do impacto na cadeia nacional de autopeças desses automóveis.

O pacote também vai beneficiar a compra de novos caminhões, ônibus e vans. Os créditos vão de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil. Veja aqui os principais pontos do programa.

Locadoras podem subir na Bolsa

As primeiras a serem beneficiadas são as locadoras Localiza (RENT3) e Movida (MOVI3). É o que diz Milena Martins, estrategista de investimentos da Nexgen Capital, de Goiânia.

Elas já estavam em alta no começo do pregão desta terça-feira (6). RENT3 subia para R$ 67,40 com alta de 1,37% e MOVI3 valorizava 2,84% para R$ 11,60, por volta do meio-dia. Elas podem se dar bem porque fica mais barato comprar carros novos para a sua frota.

Essas empresas também podem sofrer com margens menores em um primeiro momento. Isso porque o preço dos seminovos também tende a cair. "Como o preço dos automóveis novos vai cair, a margem de lucro dessas empresas na venda de seminovos deve ficar menor", declara Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research.

As locadoras já passaram por isso antes. Em 2008, quando também houve desconto de impostos para carros novos, a Localiza, por exemplo, perdeu cerca de R$ 88 milhões com a desvalorização dos usados em estoque, diz Ferrer. Mas em seguida, houve um aumento de vendas desses seminovos. "Mesmo com uma margem de lucro menor, o aumento das vendas compensou - e muito - a queda nos preços dos usados e foi muito boa para a empresa", diz ele.

Ou seja, elas podem sofrer por um lado, mas a queda do preço dos carros tende a ser favorável para essas empresas e para suas ações na Bolsa.

Outras ações também podem sair ganhando

As seguradoras que fazem seguros para automóveis podem subir. Com carros mais baratos, as vendas podem aumentar.

Nesse quesito, o ativo da Porto Seguro (PSSA3) pode se valorizar. Por isso, a Empiricus está revisando sua meta para essa ação e outras do mercado.

As empresas de autopeças também saem ganhando. Analistas da Nexgen e da Empiricus afirmam que elas porque vão vender mais para as montadoras, se houver aumento de produção.

Iochpe Maxion (MYPK3), fabricante de rodas, e Mahle Metal Leve (LEVE3), que produz filtros automotivos e componentes de motores à combustão, tendem a se beneficiar no curto prazo.

A Tupy (TUPY3) também pode se valorizar, já que produz componentes em ferro fundido para o transporte de carga, em caminhões. O mesmo acontece com a Randon (RAPT4), a maior fabricante de reboques e semirreboques da América Latina. Outra que pode entrar na dança é a Marcopolo (POMO4), que fabrica ônibus.

Pacote pode não ter o efeito esperado

Para alguns analistas, entretanto, o programa não vai surtir efeito positivo algum para o mercado. "É muito subsídio para uma indústria ineficiente", diz Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos.

Pacote não deve gerar aumento nas vendas. "Não vejo que esse pacote tenha potencial para impulsionar as ações porque não vai gerar vendas, não vai fazer a roda da economia girar", afirma o analista.

A indústria automobilística brasileira é cara e produz carros ruins, diz ele. "O governo só está gastando dinheiro e vai deixar de arrecadar impostos, o que pode ser ruim para o mercado", afirma.

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