Investimento em terras mantém tração apesar de cenário desafiador para grãos
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A escalada recente nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China ampliou a volatilidade das commodities agrícolas, agravando um cenário já pressionado por safras recordes, aumento dos juros e margens apertadas para produtores rurais brasileiros. Ainda assim, fundos imobiliários agrícolas ? conhecidos como Fiagros ? seguem confiantes na valorização de longo prazo das terras produtivas como forma de diversificação patrimonial.
Marconi Silva, gestor de operações agro da 051 Capital, responsável pelos fundos FDZA11, FZDB11 e FLEM11, reconhece o cenário adverso no curto prazo, com quedas nas cotações da soja e desafios financeiros enfrentados pelos produtores. Porém, ele sustenta que as bases fundamentais de valorização imobiliária das terras agrícolas permanecem sólidas.
Marconi Silva, gestor de operações agro da 051 Capital, responsável pelos fundos FDZA11, FZDB11 e FLEM11, reconhece o cenário adverso no curto prazo, com quedas nas cotações da soja e desafios financeiros enfrentados pelos produtores. Porém, ele sustenta que as bases fundamentais de valorização imobiliária das terras agrícolas permanecem sólidas.
"O mercado físico de commodities sempre foi sujeito a solavancos, mas os fundamentos do investimento imobiliário agrícola são estruturais e permanecem firmes", diz Silva. "A demanda mundial crescente por alimentos e biocombustíveis precisa ser suprida em um volume limitado de terra produtiva."
Fiagro da 051 Capital aposta na valorização das terras
Segundo o gestor, a combinação entre aumento da renda global e mudanças nos padrões de alimentação ? que exigem mais grãos na base da cadeia ? tende a manter a pressão estrutural sobre a demanda. Ele também menciona fatores como a regulação ambiental da União Europeia, que prevê a adoção obrigatória do Sustainable Aviation Fuel (SAF), como vetores adicionais de demanda por soja e milho.
A estratégia do fundo está centrada na aquisição de fazendas consolidadas com desconto e posterior arrendamento a grandes operadores, com contratos indexados à soja. Embora a receita anual dos fundos dependa das cotações da commodity, o principal retorno ? segundo Marconi Silva ? vem da valorização imobiliária dos ativos ao longo do tempo.
A valorização vista nos ativos geridos pela 051 é significativa. Entre os casos emblemáticos da carteira, a Fazenda Xingu, principal ativo do FDZA11, foi adquirida em junho de 2022 por R$ 150,7 milhões (incluindo custos transacionais) e, mesmo com a queda das cotações da soja em 2024, foi avaliada em abril deste ano em R$ 276,7 milhões ? uma valorização de 84%.
No FZDB11, a Fazenda Tabuleiro I foi comprada por R$ 348,9 milhões em março de 2023 e avaliada em R$ 598 milhões pouco mais de um ano depois, segundo o último relatório gerencial ? alta de 71% no período.
"Terra sempre foi um ativo de proteção patrimonial no Brasil e nos Estados Unidos. Quem investe entende que a valorização ocorre em platôs, não de forma linear. Por isso, mesmo com menos liquidez, há grupos querendo aumentar exposição."
Sunos Asset reforça tese dos Fiagros com safra acima da média
A tese da valorização imobiliária também é defendida por outros players do setor. A Suno Asset, gestora do Fiagro SNFZ11, projeta um aumento relevante na receita de locação da Fazenda Coliseu ? seu principal ativo ? impulsionado pela produtividade acima da média da safra de soja 2024/25. Segundo João Vitor Franzin, analista da casa, a produção em Mato Grosso superou a média dos últimos cinco anos, o que deve gerar um bônus adicional sobre o valor mínimo previsto em contrato.
"Quanto maior a produtividade da fazenda, maior será o valor que o fundo receberá pela locação. E como a produtividade do Estado superou a marca de 65 sacas por hectare, há uma expectativa de bônus no pagamento", afirmou Franzin, em live no canal da Suno Asset.
Na visão do analista, o avanço da produtividade e a adesão crescente de investidores à tese de valorização de terras reforçam a atratividade de longo prazo do segmento. "O investimento em terras no Brasil tem sido extremamente lucrativo. Quando comparamos com o CDI ou com a própria Bolsa nos últimos 15 anos, a valorização foi maior", disse.
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