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Quais investidores ganham com a compra da Hering pelo grupo da Farm?

Camila Mendonça

Do UOL, em São Paulo

26/04/2021 15h11Atualizada em 26/04/2021 18h36

O Grupo Soma, dono de marcas como Farm e Animale, comprou a Cia. Hering por pouco mais de R$ 5 bilhões. Como parte do acordo, os investidores que têm ações da Hering vão receber duas ações extras (uma ordinária e uma preferencial) para cada ação que eles já têm.

Com a notícia, as ações da companhia (HGTX3) chegavam a subir quase 30% na manhã desta segunda (26). Já as ações do Grupo Soma (SOMA3) chegavam a cair mais de 10%.

O motivo do recuo, segundo analistas ouvidos pelo UOL, é o valor do negócio. O Grupo Soma pagou mais do que o valor de mercado da Hering, número obtido pela multiplicação do preço da ação pelo total de ações disponíveis. Até o mês passado, a Hering valia em torno de R$ 3 bilhões na Bolsa. Hoje, esse valor gira em torno dos R$ 4,5 bilhões. Entenda abaixo se a fusão é um bom negócio para os investidores.

Grupo Soma vai ter de "justificar" valor pago

Segundo Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimento, o Grupo Soma vai ter de justificar para o mercado o valor que pagou pela Hering. "Como a empresa vai emplacar a compensação desse desembolso?", questiona.

Em comunicado, as empresas afirmaram que existe uma série de vantagens na fusão, como a ampliação do público-alvo e da base de clientes ativos. Apesar da queda das ações do Grupo Soma, Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos, afirma que o negócio beneficia as duas empresas.

A grande sacada dessas fusões é que 1+1 não vai ser igual a dois. Vai ser igual a três ou mais. Se as empresas se fundiram apenas para ser a soma das partes, elas não precisariam se unir. Agora, se elas estão se unindo para que o valor total seja maior que a soma das partes, então uma fusão faz sentido. É o caso desta fusão.
Davi Lelis, da Valor Investimentos

Bom negócio para quem tem ações da Hering

A Cia. Hering tem um modelo hibrido de produção, com produção própria, terceirizada e o "outsourcing", que é a compra de produtos já acabados. Já o Grupo Soma é a fusão das marcas Animale e Farm, focadas em um público de mais alta renda.

A aquisição da Cia. Hering pelo Grupo Soma faz muito sentido para as empresas, especialmente para a Hering, que estava se estruturando no mercado de varejo digital e deve acelerar o processo. O Grupo Soma tem uma operação muito forte em presença física e tem conhecimento do online. A aquisição da Cia. Hering traz um grande salto para a empresa porque vai complementar seu portfólio e traz uma operação nos segmentos B e C, nos quais o Soma não tinha presença.
Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos

Simone Pasianotto, da Reag Investimentos, afirma que é preciso esperar para ver efetivamente o desdobramento da compra.

Para quem tem ações da Hering em carteira, foi um ótimo negócio, porque ainda recebeu ações da Soma. Contudo, é preciso esperar para ver o que vai acontecer, dado que a compra veio acima do valor de mercado da empresa.
Simone Pasianotto, da Reag Investimentos

Segundo Rodrigo Yamamoto, analista da Levante Ideias de Investimento, olhando para o curto prazo, as ações de Hering (HGTX3) agora dependerão muito mais da valorização ou desvalorização de SOMA3. Por isso, afirma é "arriscado um investimento em ambas as companhias, dado que o mercado tende a precificar rapidamente este tipo de transação".

Olhando para o longo prazo, parece fazer sentido o investimento na empresa combinada, que terá poder de fogo para avançar no mercado de moda, podendo aproveitar uma recuperação econômica pós vacinação no Brasil, dado que o setor de moda foi um dos setores mais prejudicados, mas um dos que mais evoluíram em termos de digitalização e estruturação da operação.
Rodrigo Yamamoto

Movimento não é isolado

Davi Lelis diz acreditar que a união das empresas é reflexo de um movimento que já começou no setor do comércio —com as compras feitas por Magazine Luiza e Americanas —, e que não devem se restringir a ele.

Depois de crises, acontece a consolidação dos setores, e isso faz com que as companhias queiram atuar onde antes elas não atuavam. Esse não deve ser o único movimento. Isso pode acontecer também em aviação, minério e bens de consumo em geral.
Davi Lelis, da Valor Investimentos

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