Renda fixa fica mais atraente com reforma tributária; vale a pena investir?
A proposta para a segunda fase da reforma tributária surpreendeu o mercado de renda fixa de forma positiva. Além de manter a isenção sobre alguns ativos, unificou a cobrança de imposto de renda do segmento. Com isso, a tributação, que antes era escalonada, passa a ter alíquota única de 15% sobre os rendimentos.
Analistas acreditam que, sendo aprovada da maneira proposta pelo governo, a reforma vai estimular a procura por títulos e fundos. O UOL Economia+ ouviu especialistas sobre as perspectivas para a renda fixa no Brasil, caso a reforma seja aprovada. Confira a seguir.
Hoje, o investidor da renda fixa paga imposto de renda de 15% a 22,5% sobre os retornos, a depender do prazo do investimento. A maior alíquota, nas aplicações de até seis meses. A menor, para quem fica investido por mais de dois anos. Com a reforma, independentemente do tempo da aplicação, a alíquota será de 15% sobre o rendimento.
As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) continuam isentas de IR, assim como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA). Foi uma surpresa bem-vinda pelo mercado, que esperava por uma taxação dos ativos.
Investidores podem migrar para a renda fixa
Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, acredita que a alíquota única sobre os retornos da renda fixa pode estimular uma realocação de recursos. Com a Selic a 4,25% ao ano e a inflação em trajetória de alta, a simplificação tributária se torna um atrativo a mais.
"É certo que muitos investidores vão pegar capital que está investido na Bolsa para aplicar em renda fixa. Ainda mais se a reforma tributária taxar dividendos, como a proposta está prevendo. A renda fixa ficaria mais atrativa e mais simples, com uma alíquota única. E para o investidor, quanto mais simples, melhor", afirma Larissa.
Renda fixa ganha rapidez para saques
Já a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, não acredita em migração de investimentos de um segmento para outro. "O perfil do investidor é diferente", afirma. Mas segundo ela, a simplificação atrai investidores que buscam opções para diversificar estratégias.
"É muito positivo para o investidor que tem recurso e necessidade de liquidez no curto prazo. A diferença de alíquota por tempo de investimento afastava, principalmente, quem queria fazer um rebalanceamento de carteiras. Com a simplificação, os investidores têm um investimento de menor volatilidade e um recurso de curto prazo", diz Rafaela.
A economista-chefe do Banco Inter achou positivo o governo ter mantido a isenção sobre LCI e LCA. Mas ressalta que o investimento isento de IR não é necessariamente o mais rentável.
"O fato de esses ativos continuarem isentos não significa que eles estão mais atraentes do que outros que podem ser tributados. De qualquer forma, foi uma decisão acertada manter a isenção, pois os setores imobiliário e agrícola são intensivos e precisam de investimento", afirma Rafaela.
Pontos precisam ser esclarecidos
Para Rodrigo Franchini, head de relações institucionais da Monte Bravo, a nova cobrança de imposto de renda sobre os retornos de renda fixa precisa ser mais detalhada. Ele observa que a proposta do governo não menciona, por exemplo, as debêntures incentivadas. Esses títulos de emissão de dívida hoje são isentos de IR, pois captam recursos para empresas de setores estratégicos, como o de infraestrutura.
"A reforma pode beneficiar ativos de renda fixa que já estão sendo negociados, mas pode diminuir a atratividade de ofertas primárias. É preciso saber como esses novos papéis vão entrar no mercado, caso a proposta seja aprovada", afirma Rodrigo Franchini, head de relações institucionais da Monte Bravo.
A proposta para a segunda fase da reforma da previdência foi entregue à Câmara na última sexta-feira (25). A ideia é que o texto do governo seja aprovado ainda este ano e as novas regras entrem em vigor a partir de janeiro de 2022.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.