Ele perdeu dinheiro em 2008, foi aprender nos EUA e hoje é sócio da XP
Quando o banco norte-americano Lehman Brothers quebrou, em setembro de 2008, dando início a uma das maiores crises financeiras dos Estados Unidos, Roberto Indech trabalhava em uma corretora na zona sul de São Paulo. Na época, ele tinha menos de três anos de atuação no mercado financeiro e, até aquele momento, a Bolsa brasileira vivia um período próspero.
"Era muito fácil investir na Bolsa naquela época. Você tinha muito mais chance de ter ganhos do que perdas", diz Indech, hoje estrategista-chefe da corretora Clear e diretor de análise técnica da XP.
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Tudo mudou com a falência do Lehman, que não tinha como pagar pelos títulos de alto risco vinculados a hipotecas e distribuídos em larga escala. A "crise do subprime", como ficou conhecida, se espalhou rapidamente derrubando mercados pelo mundo todo.
Indech viu a Bolsa despencar. Nos bastidores, acompanhou a histeria dos operadores de mercado, mas viu naquela situação uma oportunidade de aprender com a crise. Fez as malas e um ano depois estava nos Estados Unidos, o epicentro do caos financeiro naqueles anos.
"A grande verdade é que em Bolsa de Valores, você aprende mais quando perde", afirma. Ele mesmo, que havia começado na Bolsa um ano antes da crise de 2008, perdeu 70% do que tinha investido.
Veja abaixo as lições que ele aprendeu.
Aprendeu a investir por curiosidade
Assim como a maioria dos brasileiros, Roberto Indech nunca teve pessoas na família com quem pudesse conversar sobre investimentos. Formado em relações internacionais, o primeiro contato que ele teve com as finanças foi na área de crédito de um banco de pequeno porte onde trabalhou.
"O banco era vizinho de uma corretora e todos os dias eu ia lá bater um papo com o pessoal. O 'home broker' [plataforma por meio do qual o investidor compra e vende ações] ainda estava começando", diz Indech. Não demorou muito para que ele também passasse a operar no mercado financeiro. Pouco tempo depois, ele começou a trabalhar em uma corretora.
Um ano no epicentro da crise
Indech viajou para os Estados Unidos em 2009 e passou pouco mais de um ano no país fazendo cursos extracurriculares. Ele demorava duas horas de trem para chegar à universidade, e, no percurso, colocava a leitura em dia.
"Aproveitava para estudar o mercado norte-americano e o brasileiro também. Nesse período, eu consegui ler mais de quarenta livros, e isso acabou sendo muito importante para mim", afirma Indech.
Ele também começou a escrever sobre o assunto na internet em uma época em que havia pouco conteúdo sobre finanças disponível.
"Um ano depois da crise, a economia dos Estados Unidos já passava por um momento de reconstrução. Muitos mercados iam bem porque tinham desabado no anterior. As crises fazem a gente refletir sobre a importância de diversificar investimentos e não ficar tentando adivinhar a próxima crise", diz o estrategista.
Da Bolsa para a renda fixa
Indech diz que voltou ao Brasil com "cabeça de Bolsa de Valores", mas acabou encontrando o país com taxas de juros acima de 10% ano ano.
Quando já estava trabalhando em uma nova corretora, percebeu que a demanda por investimentos em renda fixa estava em alta. Para entender melhor esse universo, ele, que sempre teve os livros como referência, passou a fazer testes na prática, com o próprio dinheiro.
"Você começa a acompanhar a dinâmica de um mercado quando investe dinheiro nele. Hoje, ainda tem a vantagem de você começar com pouco, então fica muito mais palpável a compreensão sobre investimentos", afirma Indech.
Mercado está em transformação, diz estratregista
Hoje Roberto Indech é sócio da XP Inc e desde o ano passado assumiu o cargo de estrategista-chefe da corretora Clear. Como o próprio nome do cargo sugere, Indech monta estratégias de investimentos que são compartilhadas com os diferentes perfis de clientes da corretora.
"O investidor brasileiro passou por muitas transformações também. Teve o tempo que era mais fácil ser conservador porque os juros estavam mais altos. Quando caíram, muita gente foi para a Bolsa. E agora com a recente liberação dos BDRs (certificados de ações negociadas no exterior), temos mais proximidade com as empresas estrangeiras", afirma Indech.
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