Fundos imobiliários e poupança se valorizam e ganham da Bolsa em julho
O dólar voltou a subir ante o real após três meses seguidos de baixa, fechando julho com o segundo melhor desempenho entre alguns dos ativos mais negociados no mercado brasileiro. O ouro acompanhou o desempenho da moeda norte-americana e também se valorizou, após tombo em junho. Outro destaque do mês foi o Ifix, índice que acompanha os fundos imobiliários na Bolsa, que subiu 2,58% e recuperou parte das perdas acumuladas no ano.
Já o Ibovespa, principal índice de ações do país, teve a segunda queda mensal seguida, mas conseguiu ainda manter variação positiva no acumulado deste ano. Os movimentos de queda do Ibovespa e do real em julho foram influenciados por fatores locais, como a repercussão negativa ao andamento da reforma tributária no Congresso, e por elementos externos, como o avanço da variante delta da covid-19. Veja mais abaixo.
Veja abaixo como se comportaram algumas das principais aplicações do mercado brasileiro em julho e como está o balanço desses negócios no ano até agora.
Variações em julho
- Ouro: +8%
- Dólar: +4,76%
- Ifix: +2,58%
- CDI: +0,35%
- Poupança: +0,25%
- Ibovespa: - 3,94%
Variações acumuladas no ano
- Ibovespa: +2,34%
- CDI: +1,65%
- Poupança: +1,15%
- Dólar: +0,41%
- Ifix: -1,6%
- Ouro: -3,8%
Fundos imobiliário sobem, mas Ibovespa recua
O destaque do mês entre alguns dos mercados mais populares no Brasil foi o Ifix, índice dos fundos imobiliários negociados na Bolsa. Após registrar perdas em junho e maio, esse indicador voltou a subir, reduzindo parte das perdas que ainda estão acumuladas em 2021.
Segundo o sócio e gestor de fundos imobiliários da Galapagos Capital, Felipe Solzki, o desempenho positivo em julho começou a ser traçado a partir do dia 12, quando o relator da reforma tributária no Congresso, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), sinalizou que o texto iria manter a isenção de Imposto de Renda para os fundos imobiliários.
Em junho, os fundos imobiliários foram mal quando o anúncio da reforma tributária apontava para a tributação do setor. Com a declaração do relator, o mercado reagiu positivamente.
Felipe Solzki, Galapagos Capital
Já o Ibovespa continuou sofrendo com a reação negativa dos investidores à proposta de reforma tributária que quer cobrar imposto sobre os dividendos. Além desse fator, analistas dizem que o avanço da variante delta da covid-19 no exterior reacendeu preocupações com a retomada da economia global, o que impacta o Brasil por tabela.
Na reta final do mês, a retração da Bolsa foi acelerada pela desvalorização dos preços do minério de ferro, fator que atingiu as ações da Vale, papel com maior peso no Ibovespa.
Vimos um primeiro semestre com crescimento forte que puxou as commodities para preços muito altos. Agora, com a normalização do ritmo da atividade em patamar mais acomodado depois desse grande ímpeto do começo do ano, devemos ver as commodities se estabilizarem.
Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora
Dólar reage ante o real
Já o dólar retomou o movimento de alta ante o real brasileiro depois de atravessar três meses em baixa. Segundo o economista e CEO da casa de análises Ohmresearch, Roberto Attuch, parte dessa apreciação da moeda é reflexo do fortalecimento global do dólar e parte tem relação com fatores domésticos, como incertezas do cenário político.
Em linhas gerais, o estrangeiro vê o Brasil hoje como aplicação tática de curto prazo. Tem menos gente fazendo análise fundamentalista para investimento de longo prazo. Então, dependemos mais das tendência externas para sairmos desse patamar atual no câmbio.
Roberto Attuch, Ohmresearch
Cenários para o restante do ano
Para a Bolsa no restante do ano, Attuch diz que o Ibovespa pode voltar a engrenar tendência de alta se forem confirmadas as expectativas de reabertura da economia com o andamento da vacinação, especialmente em estados de maior relevância para o PIB (Produto Interno Bruto), como São Paulo e Rio de Janeiro.
Já no mercado de câmbio, o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora de câmbio, diz que há espaço para o real voltar a se recuperar. Segundo ele, o último encontro do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) sinalizou ao mercado que os estímulos monetários vão continuar —com manutenção de juros baixos e injeção de recursos por meio da compra de títulos do governo.
Aqui no Brasil, Nehme destaca que a taxa básica de juros, a Selic, vai seguir subindo. Para ele, vai passar de 4,25% para até 5,25% ao ano, após o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que acaba quarta-feira (4).
A combinação dos cenários americano e brasileiro criam seguras perspectivas de que o real retomará a tendência de apreciação, ainda que perdurem as preocupações em torno da pandemia do coronavírus e com a crise hídrica, que encarece a atividade econômica.
Sidnei Nehme, NGO Corretora de câmbio
A alta dos juros é um fator negativo para os fundos imobiliários. O rendimento de aplicações de renda fixa ganha competitividade ante os FIIs. Mas o cenário de reabertura da economia pode compensar esse fator negativo, em especial para segmentos que foram mais afetados pela pandemia, como o de shopping centers e de lajes corporativas, afirma Felipe Solzki, da Galapagos Capital
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