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Você quer investir, mas está endividado? Veja se é possível e como fazer

Vinicius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/08/2021 04h00

O aumento do interesse do brasileiro por investimentos levanta dúvidas. Afinal, em um país com 62 milhões de endividados, há espaço para investir? Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, quem está endividado deve ter como prioridade pagar a dívida, porque normalmente o custo dessa dívida é maior do que o rendimento obtido em qualquer investimento.

Há, porém, casos em que, mesmo que o brasileiro ainda possua uma forma de dívida, ele pode, sim, já começar a se planejar para investir. Veja abaixo que situações são essas e como investir, sem se afundar ainda mais nas dívidas.

Mesmo com compromissos futuros, dá para investir

"Endividado todos nós somos pois dívida é aquilo que contratamos e assumimos um compromisso futuro, como o serviço de celular pós-pago: eu uso e depois vem a conta de quanto eu consumi. Já a inadimplência é esse compromisso assumido e não cumprido. Esse complica a vida", afirma Mario
Cezar Oliveira, educador financeiro da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros).

O engenheiro Jefferson Silva, 32, fez um financiamento imobiliário há um ano com juros de cerca de 7.5% ao ano. Apesar de ainda ter bons anos para quitar esse crédito que tomou com o banco, ele reserva cerca de 10% do salário para investir.

"Apesar de o financiamento da minha casa ainda ter mais 28 anos para ser quitado, eu guardo uma parte do que ganho para formar uma reserva de emergência e também investir um pouco no mercado financeiro", afirma.

Segundo Oliveira, a formação de uma reserva de emergência deve ser prioridade nesse caso, e nem sempre deve ser usada para adiantar parcelas de uma dívida, como no caso de um financiamento.

"A reserva é a segurança da família. Muitos querem antecipar dívidas por conta da ansiedade. Mas, se você paga 9% ao ano [de juros], por exemplo, e tira toda a reserva para antecipar parcelas, e no mês seguinte ocorrer algo, você pode ter que recorrer ao banco [para pegar um empréstimo para a emergência] e pagar muito mais [juros] por não ter mais a reserva", diz.

Deve ao banco? Pague primeiro, invista depois

O caso de Jefferson, porém, não serve a quem está inadimplente em uma linha de crédito, como o rotativo do cartão ou o crédito pessoal, por exemplo, e até mesmo o consignado, um dos créditos mais baratos do mercado.

"De maneira geral, o custo da dívida é maior do que o retorno do investimento. Se falarmos de cartão de crédito então, o que você gasta de juros não cobre o que o investimento te dá", afirma Gustavo Moreira, coordenador do MBA de finanças do Ibmec RJ.

De acordo com o Banco Central, a menor taxa do crédito pessoal consignado, uma das linhas mais baratas do mercado, ficou em 12,06% ao ano.

Assim, enquanto a taxa básica de juros (Selic) é de 5,25% ao ano, o investidor teria que tomar muito risco para que o investimento supere o preço da dívida e ainda sobre para investir.

Além disso, o investidor também precisa entender que para obter melhores rendimentos, também deverá tomar mais riscos, o que pode aumentar as chances dele perder o que guardou e ficar com dívida e também sem dinheiro.

"A questão chave é olhar o custo da dívida e o retorno do investimento líquido, mas sempre à luz do risco. Investir tem IR, taxa de administração e tem risco associado, então de maneira geral, é recomendado que se pague a dívida, sempre comparando o custo da dívida com o retorno esperado de qualquer investimento", afirma Moreira.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.