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Criptomoeda promovida por Kim Kardashian é cilada? Veja antes de investir

Kim Kardashian postou stories sobre uma criptomoeda e chamou a atenção das autoridades financeiras do Reino Unido - Reprodução/YouTube/Vogue
Kim Kardashian postou stories sobre uma criptomoeda e chamou a atenção das autoridades financeiras do Reino Unido Imagem: Reprodução/YouTube/Vogue

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/09/2021 04h00

Um post da empresária e socialite norte-americana Kim Kardashian no Instagram em junho chamou a atenção da autoridade financeira do Reino Unido, a Authority Financial Conduct (FCA). Segundo o órgão, ela teria feito propaganda de uma criptomoeda que pode ser fraudulenta, conhecida como ethereum max. Depois da divulgação, a moeda subiu 1.370% em duas semanas.

Segundo a autoridade, o ativo não tem nenhuma relação com a ethereum, a segunda maior cripto do mundo, atrás apenas do bitcoin. Veja abaixo por que a moeda pode ser uma cilada, a visão de especialistas de mercado sobre ela e os riscos da relação entre criptomoedas e famosos.

Moeda foi criada um mês antes da divulgação de Kim

Segundo o site especializado em criptos CoinMarketCap, o ethereum max é um token criado em 14 de maio deste ano, um mês antes da divulgação de Kim na rede social. A autoridade britânica afirma que os desenvolvedores responsáveis pelo ativo são desconhecidos.

Em sua conta no Instagram, Kim publicou um post nos stories no qual chamava atenção para a moeda. "Vocês gostam de criptografia???? Esta não é uma recomendação financeira, só estou compartilhando o que meus amigos acabaram de me contar sobre o ethereum max token!", publicou a socialite.

Segundo a postagem, a criptomoeda havia vendido 400 trilhões de tokens em poucos minutos, o que representaria 50% da carteira do token. Além de Kim, grandes estrelas como o boxeador Floyd Mayweather e o ex-jogador de basquete Paul Pierce compartilharam anúncios da suposta moeda.

Antes mesmo das manifestações de Kim, a criptomoeda já havia batido um volume de transações de quase US$ 118 milhões no dia 30 de maio, uma disparada de 632% em cerca de 15 dias. Depois da divulgação da socialite, a moeda subiu 1.370% em duas semanas.

Mas na velocidade em que subiu, a criptomoeda também desceu, com uma desvalorização de 98% duas semanas depois desse pico, atingido em 15 de julho. A moeda nunca mais recuperou seu patamar anterior.

A oscilação dramática levantou suspeitas da FCA. Porém, a autoridade não conseguiu comprovar nenhuma fraude, por enquanto.

Celebridades e fraudes em criptomoedas

Em pronunciamento público, durante um evento sobre crimes financeiros no Reino Unido, Charles Randall, diretor da FCA, destacou a crescente relação entre celebridades e esquemas de pirâmide relacionados a supostas criptomoedas, em que grupos de fraudadores criam um ativo sem substância e pagam as celebridades por um espaço em seus perfis em redes sociais para fazer a divulgação.

Ele disse ainda que no Reino Unido 14% das pessoas que têm criptomoedas recorrem a crédito para comprar os ativos, "aumentando assim a exposição a perdas financeiras".

Cuidado com o 'pump and dump'

O especialista em criptoativos e analista da Ohmresearch, Rodrigo Borges, diz que a ideia dos fraudadores com essas parcerias é criar uma demanda repentina, que o mercado se acostumou a chamar de "pump and dump", que significa uma valorização artificial e uma consequente queda abrupta do seu valor.

Além da participação das celebridades, a articulação entre os fraudadores é fundamental para elevar artificialmente os preços.

"Eles combinam com parte da comunidade para cada vez comprarem mais caro ou darem lances repetidos, ou até com a participação de robôs para que o ativo registre uma valorização artificial e possa ser vendido no melhor momento. Essa é uma técnica clássica usada não só com criptomoedas, mas também com ações e outros ativos", afirma Borges.

Como identificar uma fraude relacionada a criptomoedas?

A melhor forma de evitar investir em uma moeda fraudulenta é tentar conhecer o projeto de construção da criptomoeda, alerta o especialista. Borges recomenda entrar em plataformas como CoinMarketCap e CoinGecko, que demonstram a cotação das moedas em tempo real e outras informações gerais.

Ele também recomenda a leitura dos artigos publicados pelos criadores das criptomoedas, que podem ser acessados pela internet e que explicam como o ativo foi criado.

"Tem que entender o que é a moeda. Uma moeda que já existe, mas cujo futuro ainda será decidido é outro motivo para desconfiar", afirma.

Além disso, ele alerta sobre a importância de o investidor desconfiar de qualquer investimento que ofereça rentabilidade muito acima do que o mercado está praticando, em especial aqueles que entregam os chamados "airdrops", que são amostras grátis de criptoativos lançados no mercado com a finalidade de atrair as pessoas para aquele produto.

*Com informações da BBC

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