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Por que ações do Facebook despencaram e o que investidor deve fazer agora?

Tatiane Gonsales

Do UOL, em São Paulo

03/02/2022 19h22

As ações da Meta, empresa dona do Facebook, chegaram a desabar 26% na Bolsa dos EUA. Com isso, a Big Tech perdeu US$ 240 bilhões (R$ 1,26 trilhão) de valor de mercado em um único dia —a maior queda já registrada por uma companhia americana na Bolsa americana.

Para quem tem recibos de ações (BDRs) do Facebook, é o momento de vendê-los? Especialistas ouvidos pelo UOL respondem a essa pergunta e demais dúvidas —inclusive se os investidores devem se prevenir contra mais baixas da empresa.

Por que o Facebook despencou

A desvalorização do Facebook ocorre um dia após a empresa divulgar a redução de usuários ativos do serviço pela primeira vez desde sua criação, em 2004. Mais de 1 milhão de usuários deixaram a rede social no quarto trimestre de 2021 na América do Norte. O surgimento e a força de concorrentes, como o Tik Tok, também tem contribuído para o resultado negativo da empresa.

A Meta teve um lucro líquido de 8% a menos no quarto trimestre de 2021 comparado ao mesmo período do ano anterior, caindo para US$ 10,3 bilhões (R$ 54,4 bilhões).

Para o primeiro trimestre de 2022, a companhia de Mark Zuckerberg, que também administra o WhatsApp e o Instagram, prevê o menor crescimento de sua trajetória: US$ 27 bilhões no total (R$ 142,8 bilhões).

Investimento no metaverso custou caro

Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, diz que o alto investimento no metaverso —espécie de mundo virtual que tenta replicar a realidade— é outro fator de prejuízo à companhia. "A empresa acaba sacrificando margem do próprio lucro, no curto prazo, para investir no crescimento do metaverso".

No anúncio de troca de nome da companhia (de Facebook para Meta) no ano passado, Zuckerberg afirmou que é preciso "investir bilhões de dólares nos próximos anos antes que o metaverso alcance escala".

Mark Zuckerberg - Getty Images - Getty Images
Mark Zuckerberg tem focado em recursos para o metaverso, mundo virtual que busca replicar realidade
Imagem: Getty Images

Vender ou manter os papéis?

Hoje brasileiros podem investir no Facebook por meio de BDR (Brazilian Depositary Receipt). Isto é, título emitido por instituições financeiras locais que representam uma ação no exterior. Sem a necessidade de abrir conta nos EUA, o investidor pode negociar o BDR por meio de uma corretora brasileira.

Mas quem investe no BDRFBOK34—código do recibo da ação do Facebook para operações no Brasil— deve procurar vendê-lo o quanto antes, diante dessa queda histórica? Jennie Li, estrategista de ações da XP Investimentos, afirma que o investidor não deve se precipitar.

"Acho que a gente está vendo uma reação muito forte do mercado em relação aos resultados, que saíram ontem. Eu seguraria um pouco [a venda dos BDRs] para ver se o mercado se ajusta nos próximos dias", declara Jennie.

Crespi concorda. Para o analista da Guide, o Facebook tem apostado em um mercado virtual multimilionário, que tem grande potencial de crescimento no médio e longo prazo. Por isso, vale a pena o investidor segurar os ânimos.

Nós enxergamos um potencial bastante forte nessa nova divisão do Facebook, focado no mundo virtual. Faz sentido que o acionista segure o papel, apesar da queda [no preço das ações e de faturamento]. O investidor deve continuar paciente e confiante na performance dos papéis do Facebook.
Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos

Com a queda, é um bom momento para começar a investir?

Para Sandra Peres, especialista em ações do PagBank, depende do perfil do investidor. Como a situação é recente, os riscos para investidores focados em curto prazo são altos. Porém, ela declara que "caso o investidor seja de longo prazo e com um perfil experiente, acredito que possa aproveitar a forte queda ocorrida".

Outros dois analistas entrevistados pelo UOL são contrários à ideia de comprar BDRs da empresa. Para João Beck, economista e sócio da BRA, é muito comum que pessoas passem a investir em empresas que têm forte relação com o consumidor, mais na condição de fã da marca do que de investidor --e que isso pode ser arriscado.

Se você admira muito uma empresa, consuma os produtos dela. Investir é outro negócio.
João Beck, economista e sócio da BRA

Sócio-fundador da Fatorial Investimentos, Jansen Costa diz não acreditar que o metaverso seja protagonista no ramo, pois há várias outras empresas de olho nesse nicho de mercado e que, mesmo a longo prazo, não vale comprar ações do Facebook. "A ação [do Facebook] sempre trabalhou com preços inchados por conta de promessas de lucros futuros. Por isso é mais recomendável não ter a ação".

Queda não é exclusiva do Facebook

Com a alta da inflação nos Estados Unidos, empresas do setor de tecnologia têm lidado com papéis e receitas caindo. Isso porque elas dependem, em parte, do recebimento de investimentos e empréstimos para se desenvolverem a longo prazo —dois aspectos que se tornam mais complicados com a disparada dos juros.

Diante disso, Costa afirma que a queda do Facebook não é uma exclusividade. "Não é só o Facebook que está caindo. Cai também hoje a Amazon de maneira significativa. É um movimento de um grupo de empresas, e não só do Facebook", diz.

Novas quedas estão por vir?

É difícil prever se o Facebook poderá sofrer novas quedas fortes, mas parece ser um cenário bastante improvável, segundo Sandra Peres, especialista em ações do PagBank.

"Podemos levar em consideração que todos os impactos negativos já devem ter sido refletidos nos papéis", diz Sandra. Contudo, ela afirma que o investidor deve se manter atento, pois a melhora das ações depende de como a empresa "irá suportar a alta concorrência e emplacar novas receitas".

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