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Ações de Magalu e Via estão subindo; o que está acontecendo?

Luiza Helena Trajano em vídeo que circula para clientes do Magalu - Reprodução
Luiza Helena Trajano em vídeo que circula para clientes do Magalu Imagem: Reprodução

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/07/2022 13h22

Com a inflação desacelerando em julho e a projeção do aumento do PIB para este ano, as ações de empresas de comércio, como Magalu (MGLU3) e Via (VIIA3), dona das Casas Bahia, sobem no pregão de hoje (18). Por volta de 11h30, MGLU3 subia 7,91%, para R$ 3 e VIIA3 tinha valorização de 5,42%, para R$ 2,53.

O que explica o otimismo dos investidores com essas ações? Veja abaixo.

O que acontece na economia brasileira? O Índice Geral de Preços dos primeiros dez dias de julho (IGP-10), divulgado hoje mais cedo, mostrou uma alta da inflação de 0,6% no período. Veio acima do esperado pelo mercado, mas menor que a alta de 0,74% dos dez primeiros dias de maio, o que mostra um ritmo menor de aumento dos preços.

Além disso, o Banco Central publicou no boletim Focus que a previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 passou de 1,59% para 1,75%. O pacote bilionário de estímulo à demanda em ano eleitoral aprovado no Congresso Nacional foi um dos principais fatores para essa correção.

Tudo isso animou os investidores, segundo Marcio Loréga, analista-chefe do PagBank. Os investidores enxergaram oportunidades de compra de ações hoje, o que também pode valorizar ações de commodities, como minérios, petróleo e produção agrícola, diz ele.

E no caso das vendas de eletrônicos e eletrodomésticos? As vendas da indústria de eletrônicos e eletrodomésticos para as lojas caíram 19% nos cinco primeiros meses de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). No segmento de linha branca (geladeiras, fogões, micro-ondas), a queda é ainda maior, um recuo de 24%.

As vendas estão voltando para o Magazine Luiza? Outra coisa que vem causando burburinho no setor de varejo é um vídeo protagonizado pela fundadora e presidente do conselho do Magalu, Luíza Helena Trajano.

No vídeo, enviado para cerca de 5 milhões de clientes da rede, a empresária ressuscita um velho método de pagamento: "Lembra aquele carnêzinho gosto?", diz ela. Isso porque o Magalu resolveu dar crédito para cerca de 10 milhões de clientes da rede que já estão cadastrados na empresa, mas que estão com problemas de crédito para comprar.

"Grande parte dos brasileiros depende de crédito para continuar a consumir", diz Frederico Trajano, presidente do Magalu, em um comunicado da empresa. "Num momento como o atual, a tendência é que as empresas cortem suas linhas. Mas nós sabemos, por meio de nosso sistema de dados e análise, que há mais de 10 milhões de clientes na nossa base que têm todas as condições de honrar seus compromissos. Queremos que essas pessoas saibam que podem contar com o Magalu em todos os momentos, principalmente nos mais difíceis."

Para anunciar a nova ação, Luiza Trajano fez o vídeo e termina dizendo: "Vá o mais rápido possível para uma de nossas lojas, por favor." É uma maneira de pescar o consumidor que vai receber o auxílio do governo, mas que está negativado e com dívidas.

PEC dos Auxílios pode ajudar o comércio? O varejo vai ser beneficiado pelo auxílio social. Dos R$ 41,2 bilhões liberados, espera-se que R$ 16,3 bilhões sejam gastos em compras. Mais de R$ 5 bilhões podem ficar com supermercados, outros R$ 2,3 bilhões com lojas de roupas e calçados e R$ 1,4 com móveis e eletrodomésticos. A estimativa é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.

Isso deve se refletir nas ações? Isso pode, sim dar um respiro para as ações, mas não acaba de vez com o problema do setor, segundo analistas de mercado. O que vem acontecendo é que o custo de aquisição de clientes está mais alto nesse ambiente de juros altos e inflação comendo o bolso de um consumidor que agora tem mais opções: as rivais AliExpress, Shopee, Amazon. Magalu e Via estão tendo que queimar mais caixa para conseguir vender. E para concorrer com AliExpress, Shopee e Amazon elas precisam investir mais em marketing também.

Mais problemas O Magazine Luíza ainda tem outro problema, segundo Rafael Ragazi, sócio e analista de ações da Nord Research. No segundo semestre do ano passado, a diretoria da rede achou que as vendas iam crescer muito e compraram muito para reforçar os estoques. As vendas não se concretizaram e o Magalu ficou com mercadoria parada.

E o que fazer com as ações agora? O BTG acha que é uma boa comprar e aposta que a ação deva subir até R$ 7 em 12 meses. A XP não recomenda compra, nem venda. Para Via, a recomendação das duas empresas é neutra. O megainvestidor Luiz Barsi disse que empresas de varejo podem falir no futuro. Esse é um risco real? Leia mais aqui.

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