Poupança: após alta da Selic para 13,75%, quanto rendem R$ 1.000 por ano?
O Banco Central aumentou de novo a taxa básica de juros, a Selic, que passou de 13,25% para 13,75% ao ano nesta quarta-feira (3).
Investidores da renda fixa são beneficiados, uma vez que parte dessas aplicações está atrelada à taxa. Mas o que acontece com a poupança? Seus ganhos continuam congelados. Veja a seguir quanto rendem R$ 1.000 por ano na poupança e em outros investimentos com a nova taxa.
O que muda com a alta? Com o novo cenário, passam a ser mais interessantes opções como Tesouro Selic, título público federal que acompanha a taxa básica de juros, assim como produtos que seguem a remuneração do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, uma espécie de taxa cobrada em operações entre instituições financeiras), como CDBs e fundos DI.
A história é diferente quanto o assunto é a poupança. Myrian Lund, planejadora financeira pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), explica que a caderneta mantém o seu rendimento de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), que foi criada no anos 1990 para medir a inflação nos salários, mas hoje saiu de moda para esse fim.
Como o juro é composto, o retorno da poupança é de 6,17% ao ano mais TR. Isso porque a Selic está acima de 8,5% - abaixo desse valor, a remuneração da poupança é de 70% da Selic mais TR.
Assim, a especialista afirma que a remuneração incluindo a TR pode variar entre 0,66% e 0,70% ao mês, de acordo com o número de dias úteis. Dessa forma, a caderneta continua rendendo menos que outros investimentos na renda fixa.
A pedido do UOL, Márcio Loréga, chefe de Equity Research e Economia do PagBank, estabeleceu diferentes cenários sobre o quanto podem render R$ 1.000, em simulações que consideram a manutenção do ativo durante 12 meses.
Para o Tesouro Direto, o imposto de renda é regressivo e vai de 22,5% a 15% sobre o rendimento, dependendo do prazo em que o dinheiro estiver aplicado.
Quanto rendem R$ 1.000 em 12 meses com a Selic a 13,75%?
Vale dizer que a Taxa DI, que remunera os fundos DI e boa parte das carteiras de bancos digitais, será sempre 0,1 ponto abaixo da Selic. Portanto, seu novo patamar é de 13,65% ao ano.
- Poupança: R$ 61,69
- Fundos DI: R$ 112,77
- Tesouro Selic: R$ 113,43
Quanto o investidor poderá sacar com a Selic a 13,75% após 12 meses:
- Poupança: R$ 1.061,69
- Fundos DI: R$ 1.112,77
- Tesouro Selic: R$ 1.113,43
Como a inflação impacta o seu bolso? Os analistas consultados pela reportagem ressaltam que é fundamental o investidor estar atento ao comportamento da inflação no país, pois isso vai impactar na desvalorização do patrimônio maior ou menor ao longo do tempo, de acordo com o título escolhido.
É que com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, referência para medir os reajustes nos preços) em 11,89% nos 12 meses até junho, é importante buscar ativos que garantam pelo menos a manutenção do poder de compra na hora do resgate do dinheiro.
Se essa inflação de 11,89%, for mantida, ela vai corroer algo como R$ 118,90 de uma aplicação de R$ 1.000 mantida por um ano.
Veja o rendimento de algumas aplicações, descontando a inflação, de R$ 1.000 após 12 meses:
- Poupança: perda real de R$ 57,21
- Fundos DI: perda real de R$ 6,13
- Tesouro Selic: perda real de R$ 5,47
Com a poupança rendendo entre 6% e 7% [ao ano] e uma inflação superior a 10%, o rendimento da poupança está abaixo da inflação, o que significa que não há ganho real na poupança
Rachel de Sá, chefe de economia da Rico
Vêm mais juros por aí? As casas de análise e corretoras procuradas pela reportagem têm entendimentos um pouco diferentes sobre o atual ciclo de alta de juros no país.
Boa parte das instituições entende que a autoridade monetária deve encerrar o ano com a Selic em 13,75%, como Banco Original e Rico. O Itaú BBA e a Guide Investimentos também acreditam no mesmo patamar, mas não descartam um reajuste de 0,25 pontos no próximo encontro do Copom. Na Suno Research, a expectativa é que a taxa básica de juros alcance os 14% a.a., avaliação compartilhada pela SulAmérica Investimentos.
Segundo o BC, a taxa básica de juros deve encerrar 2022 em 13,75% ao ano e fechar 2023 em 11%.
Para Marcelo Mello, vice-presidente de Investimentos, Vida e Previdência da SulAmérica Investimentos, a taxa de juros pode ser ainda maior. Segundo ele, deve chegar a 14% até o primeiro semestre de 2023, por causa do risco de gastos do governo, mercado de trabalho em recuperação e cenário de aperto monetário nos EUA.
Christopher Galvão, analista da Guide Investimentos concorda, dizendo que a inflação continua sendo um fator delicado.
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