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Ações de educação e construção sobem na Bolsa: confira as 10 maiores altas

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/09/2022 12h26

O mercado de ações gosta de prever o que vai acontecer - incertezas são o grande pesadelo de quem investe na Bolsa. Em setembro, os investidores já estão tentando prever o resultado das eleições presidenciais e apostando nas ações que poderão subir no último trimestre do ano.

Além disso, a queda da inflação e o provável fim do ciclo da alta de juros pelo Banco Central também agitaram alguns setores no mês.

"Seja o candidato A ou B que vença as eleições para presidente, o que o mercado detesta é incerteza. Com o resultado das urnas, as coisas ficam mais previsíveis, o mercado se acalma e ajusta os preços", diz Charo Alves, analista da Valor Investimentos, de Vitória (ES).

Esse movimento de ajustar os preços, segundo ele, deve atingir os papéis que estão com descontos maiores agora. O primeiro turno será no dia 2 de outubro.

Quais foram as 10 ações que mais subiram em setembro? Conforme o levantamento feito por Einar Rivero, diretor comercial do aplicativo TradeMap, as ações que mais subiram no mês de setembro* foram:

  1. Construtora Cyrela Realty (CYRE3) - 21,82%
  2. Construtora MRV (MRVE3) - 19,18%
  3. Cogna educação (COGN3) - 14,92%
  4. Construtora Eztec (EZTC3) - 12,85%
  5. brMalls shoppings (BRML3) - 11,39%
  6. Yduqs educação (YDUQ3) - 11,37%
  7. Fleury Laboratórios (FLRY3) - 10,22%
  8. Itaú Unibanco (ITUB4) - 8,29%
  9. Equatorial Energia (EQTL3) - 7,57%
  10. B3 Bolsa de Valores (B3SA3) - 6,99%

*Até o fechamento do dia 29.

Por que construtoras, empresas de saúde e de educação se valorizaram em setembro? O que todas essas empresas têm em comum é que elas penam muito em um ambiente de juros altos, como o de agora. Mas com as sinalizações recentes do Banco Central de que as taxas podem cair no ano que vem, isso pode beneficiar essas companhias.

Afinal, com juros mais baixos, o financiamento imobiliário pode ficar mais barato, o que aumenta a procura. A inflação em queda também beneficia empresas de educação - sobra mais dinheiro no bolso do consumidor para fazer um curso.

O investidor já saiu comprando MRV, Cyrela, Eztec, Yduqs, Cogna, prevendo que os negócios para essas companhias podem melhorar daqui para frente.

Eleições influenciam ações: "Os investidores também se basearam em possíveis planos do candidato que está na frente nas pesquisas, Luís Inácio Lula da Silva, para investir nos setores de educação e de construção civil", diz Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos.

Em sua campanha, Lula falou em retomar o Minha Casa, Minha Vida, que foi transformado no programa Casa Verde e Amarela pelo atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro.

No caso das empresa de educação, como Cogna e Yduqs, as ações subiram principalmente depois de um "tweet" no dia 17, de Lula: "O Prouni vai voltar com força, o Fies vai voltar com força, e as universidades vão ter força. Por que nenhum país se desenvolve sem antes investir na educação."

No mesmo dia, por exemplo, as ações da Cogna dispararam 8,76% e continuaram se valorizando nos pregões seguintes. A dona das faculdades Anhanguera, chegou a ter 60% de sua base de alunos em 2014 matriculados via Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A dona das faculdades Estácio teve o mesmo comportamento.

E as outras empresas, por que subiram tanto? O caso da B3 é bem interessante. Como disse Alves, com a definição das eleições o mercado se acalma e a tendência é que os investidores voltem a comprar ações na Bolsa. "Boa parte dos papéis que estão descontados agora, baratinhos, pode voltar a ganhar valor. E por isso a B3 foi uma das apostas do mês", diz ele. O ativo ganha conforme o mercado de ações se aquece.

No caso da Equatorial, foi uma adquisição que ajudou o ativo. A empresa fechou a compra da distribuidora de energia Celg-D, da Enel, em Goiás, por R$ 1,58 bilhão. Com a aquisição, a companhia aumentou muito sua área de negócios e pode lucrar mais.

A brMalls, lembra Serra, vendeu na semana passada sua participação no Campinas Shopping para fundos imobiliários, o que acelera seu processo de fusão com a Aliansce Sonae (ALSO3), que também já vendeu alguns centros de compras. Com as empresas mais "leves", a fusão tem mais chances de se concretizar.

Em quais ações vale investir daqui para frente? Para Alves, as empresas que podem dar bons rendimentos daqui até o fim do ano são as de construção, de saúde e de educação.

Ele aponta, porém, que Cogna ainda é um ativo de muito risco por conta do endividamento da empresa. O Itau BBA , por exemplo, inclui esta semana a Cyrela em sua lista de ações recomendada para compra. "Nosso time de construção civil elevou a recomendação de Cyrela de neutra, desempenho em linha com a média do, mercado, para compra", publicaram Marcelo Sá e Matheus Marques, analistas do banco.

Para eles, a tendência da evolução dos juros historicamente diminui após eleições presidenciais.

O BTG calcula que MRV pode, em 12 meses, valorizar 84%, Cyrela 67%, Eztec 53%, Hapvida 33%, BR Malls 59%.

Equatorial, para o Bank of America, pode passar de R$ 26 para R$ 34, valorizando 30% em um ano.

Itaú Unibanco foi umas das maiores altas do mês depois que algumas casas de análises e bancos aumentaram a estimativa de ganho da ação. O Bradesco BBI, por exemplo, elevou o preço alvo de R$ 34 para R$ 38, com potencial de alta de aproximadamente 33%. A expectativa de maior ganho vem por conta da Selic se manter num patamar alto.

"O setor todo de bancos subiu forte no mês. A única que caiu foi Banco do Brasil (BBAS3), com baixa de 7,4%", diz Pedro Galdi, analista da Mirae Asset. Segundo ele, por conta da eleição, os investidores se afastaram dos ativos de estatais.

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