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Petrobras, Sabesp e Magalu disparam: como a Bolsa reagiu às eleições?

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/10/2022 11h20

Logo na abertura do primeiro pregão depois do 1º turno das eleições, a Bolsa de Valores de São paulo está em ebulição: o Ibovespa subia 2,99% por volta das 10h30, sendo as maiores altas Petrobras, com PETR3 valorizando 8,01%, para R$ 35,73, PETR4 aumentando 7,99%, para R$ 32,18.

Já o Banco do Brasil (BBAS3) crescendo 7,74%, para R$ 41,50, a empresa de saúde Hapvida (HAPV3) tinha elevação de 7,66%, para R$ 8,15 e o Magazine Luíza (MGLU3) crescia 7,59%, para R$ 4,82. O dólar caía 3,31% às 11h.

O que está influenciando o resultado das ações e da Bolsa? O que o mercado espera para o segundo turno, no final do mês? Confira análise de especialistas abaixo.

Como o mercado está lendo o resultado da eleição? "O que está fazendo a Bolsa subir é o evento da eleição ter passado. Ele pesava muito negativamente sobre a Bolsa e agora ela está mais leve, independentemente do resultado", diz Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos.

Claro que o resultado também repercute. O mercado, segundo ele, gostou do resultado. Para os que torcem para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, o fator positivo seria uma continuidade da atual equipe e também da política econômica.

Já os que preferem Luiz Inácio Lula da Silva calculam que ele poderá ter atitudes mais voltadas para o centro que para a esquerda, dado o perfil do Legislativo eleito ontem. A disputa pelo 2° turno também forçaria Lula a apresentar logo sua equipe econômica.

"O caminho é o centro", diz a XP num documento para investidores. "O resultado das eleições mostra uma eleição muito mais apertada do que era esperado inicialmente. Isso trará possivelmente acenos mais ao centro por parte dos dois candidatos, na tentativa de atrair o eleitor de centro e ainda indeciso", diz a publicação. E é por isso, diz Serra, que o mercado está reagindo positivamente.

Congresso e Senado também influenciam na Bolsa. No Congresso Nacional e no Senado, a nova composição das duas Casas indica que a extrema-direita manteve um eleitorado fiel. Bolsonaristas e aliados do Centrão conquistaram 14 das 27 vagas no Senado.

Apenas oito candidatos que receberam endosso de Lula conseguiram cadeiras na Casa - seis deles da região Nordeste. Com o resultado, só o PL de Bolsonaro passará a contar com a maior bancada: 14 senadores, cinco a mais do que a última composição. É a primeira vez desde a redemocratização que o MDB não vai ter a maior bancada.

O partido de Bolsonaro também conseguiu eleger a maior bancada da Câmara. Já a bancada do PT, PCdoB e PV deve ser a segunda maior força, com 79 deputados, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Os partidos do Centrão, formados por PL, União Brasil, PP e Republicanos ficarão com 229 deputados federais - 48% da Câmara.

E como fica a Bolsa em outubro? Serra, da Ativa, acredita que o mês vai ser de altas, com essa maior previsibilidade no horizonte.

As ações de estatais, segundo Marcio Loréga, analista-chefe do PagBank, estão nessa euforia hoje pois os investidores preveem mais privatizações, já que Bolsonaro e seus aliados governadores têm uma agenda mais voltada para esse sentido.

Sabesp é uma delas. Os papéis SBSP3 eram a maior alta depois do meio-dia, disparando 17,18%, indo para R$ 58,12, refletindo uma possível venda da empresa de água e esgoto do estado de São Paulo, caso o candidato Tarsísio Freitas (republicanos) vença o segundo turno contra Fernando Haddad (PT).

"Mas não recomendo para quem não comprou, entrar nessas ações no dia de hoje. É melhor aguardar um pouco mais. Hoje é mais para realização de lucros com essas fortes altas", diz ele. Ou seja, quem compra hoje, vai pagar mais caro agora que nos próximos dias.

Para Nenad Dinic, estrategista de ações da Julius Baer Investimentos, as ações brasileiras devem subir no curto prazo, em meio a maiores chances de vitória de Bolsonaro e antecipação de mudança para o centro por Lula, a fim de reunir votos de apoiadores dos candidatos centristas Simone Tebet (4,2% dos votos) e Ciro Gomes (3,1% dos votos).

O estrategista também espera ver sinais de moderação do favorito Lula antes do segundo turno em 30 de outubro e "indicações de que ele seria fiscalmente responsável". Indicar um ministro amigo do mercado seria um desses sinais.

Régis Chinchila, da Terra Investimentos, porém vê um cenário diferente. "Diante da pequena margem entre os candidatos, deve haver muito vai e vem de ações no mercado, considerando que os dois têm visões antagônicas sobre muitos aspectos da economia e a próxima data de votação está mais distante em relação aos outros anos de eleições federais", afirma ele. "E ainda tem o sobe e desce provocado a partir do ambiente externo", completa Luis Novaes, também da Terra.

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