Com vitória de Lula, o que acontece com a Bolsa e o dólar agora?
Com a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência, empresas de educação, consumo e construção devem subir no médio e longo prazo. Por outro lado, estatais e bancos públicos devem sofrer.
A Bolsa não deve subir ou cair de forma homogênea nos próximos meses, dizem especialistas. "Será um mercado mais micro, de seleção de ações e de setores", diz Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. O dólar deve ser mais afetado por movimentos internacionais, como a alta dos juros nos Estados Unidos e a queda da atividade econômica na China.
O dólar fechou a semana cotado a R$ 5,061. Desde o fechamento da semana anterior, a última antes das eleições, a queda é de 4,5%. A Bolsa fechou a semana a 118,3 mil pontos —alta de 3,28% desde a última sexta-feira.
Veja abaixo como devem ficar Bolsa e dólar no médio e longo prazo e saiba que ações devem se valorizar e quais podem perder.
Como foi a primeira semana para o mercado? As incertezas sobre quem governaria o Brasil já passaram, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Resultados de empresas, como Petrobras e Renner, dados de desemprego nos Estados Unidos e aumento de juros do banco central americano, o Fed, também afetam o dólar, além de notícias sobre a vacinação na China.
Na segunda-feira, depois das eleições, a preocupação deixou de ser o resultado das urnas para ser outra. "O mercado estava mais preocupado se haveria uma transição pacífica ou não", diz Felipe Izac, sócio e chefe de câmbio da Nexgen Capital, de Goiânia (GO). O dólar caiu 2,55% no dia. O real foi a moeda que mais se valorizou no mundo no dia, segundo dados da Bloomberg.
E agora, o que acontece com a Bolsa? Com a vitória de Lula, os destaques estão nos setores da construção, educação, bancos e varejo, diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
Há boas oportunidades na Bolsa, principalmente porque muitas ações estão com um preço abaixo do que valem, avalia a Toro.
Empresas de consumo pouco sensíveis ao cenário externo devem ganhar com a maior disponibilidade de renda. Pague Menos (PGMN3), Grupo Mateus (GMAT3), Assaí Atacadista (ASAI3), Magazine Luiza (MGLU3), Lojas Renner (LREN3), Americanas (AMER3) e empresas gestoras de shopping centers, como a Aliansce Sonae (ALSO3), podem ser beneficiadas.
Privatizações estão na pauta: Para a Ativa, a Eletrobras (ELET3, ELET6) possui um novo ciclo pela frente. "Não vemos como provável o novo governo voltar atrás [na privatização], pois demandaria um gasto muito elevado e um desgaste político demasiado com o congresso", diz, em relatório.
Outra empresa que pode se destacar é a Sabesp (SBSP3), após a vitória do candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o governo do estado de São Paulo. Ele tem falado sobre privatizar a empresa.
"Vemos valor mesmo se mantendo estatal, mas caso o novo governo de São Paulo avance nesse sentido, muito valor ainda será destravado", diz a Ativa.
Programas sociais podem mexer com as ações: O setor de construção pode ganhar destaque, principalmente empresas de imóveis que atendam aos critérios dos programas governamentais como o Casa Verde e Amarela. Entre elas, estão Cury (CURY3), MRV (MRVE3) e Direcional (DIRR3), diz a Toro.
Com a volta de programas de educação, como o FIES e o ProUni, que foram relevantes para o segmento no passado. Ações de Yduqs (YDUQ3) e Ser Educacional (SEER3) são as preferidas da Toro nesse cenário. Se esses programas forem estendidos para o EaD, isso poderia ser bastante benéfico para a Cogna (COGN3), diz a corretora, em relatório.
E que empresas devem perder mais? Empresas públicas devem ser afetadas mais na Bolsa. "Bancos públicos foram usados [nos governos anteriores do PT] para dar mais crédito para a população, então o Banco do Brasil deve sofrer no curto prazo", diz Ubirajara Silva, gestor da Galápagos Capital.
A Petrobras também deve sentir efeitos da instabilidade. A petroleira segurou o reajuste de combustíveis no fim do segundo turno. Pode ser que isso também aconteça no próximo mandato, diz Silva.
E o dólar? Lá fora, qual o cenário? O dólar será afetado mais pelo cenário internacional nos próximos meses do que pela situação interna do país, acreditam analistas.
Na quarta-feira (2), o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevou os juros dos Estados Unidos em 0,75 ponto percentual, para um intervalo entre 3,75% e 4%.
Foi a quarta elevação consecutiva. Tradicionalmente, quando os juros nos Estados Unidos sobem, o dólar aumenta. O fato de ter sido feriado ajudou a diluir o impacto dos juros no real.
Com juros mais atraentes nos EUA, investidores podem tirar dinheiro do Brasil e levar para a economia americana, o que provoca uma desvalorização do real por aqui.
Ainda no âmbito internacional, os números da economia chinesa também podem abalar os mercados pelo mundo. A China divulgou crescimento abaixo do esperado, o que leva empresas que vendem commodities metálicas a perderem valor pela menor demanda por aço e outros metais.
Por outro lado, a vacinação na China irá avançar. O país deve disponibilizar a vacina Pfizer para toda sua população, o que pode diminuir os lockdowns, algo bom para a economia chinesa e de seus principais parceiros. Isso também pode ajudar na valorização do dólar por aqui.
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