Estrangeiros colocam mais dinheiro na Bolsa no mês, mas brasileiros retiram
Os investidores estrangeiros estão apostando mais na Bolsa brasileira que os próprios brasileiros desde o início do mês. Nos oito primeiros dias de novembro, o saldo positivo dos investimentos estrangeiros na Bolsa brasileira chegou a R$ 4,38 bilhões.
Esse valor é quase tudo o que os investidores deixaram por o total dos 30 dias do nono mês de 2021, que teve saldo de investimentos de R$ 5,33 bilhões, segundo dados da B3, sem levar em conta Ofertas iniciais de ações (IPOs) ou oferta subsequente de ações (follow on).
Nesses primeiros dias do mês, depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os investidores estrangeiros compraram ativos num total de R$ 100,73 bilhões e venderam R$ 96,35, conforme os dados da B3. Os dados divulgados pela B3, a Bolsa de Valores, têm um atraso de alguns dias.
Por outro lado, os investidores nacionais estão saindo da Bolsa: estão vendendo mais do que comprando. Por que os estrangeiros estão apostando mais na Bolsa brasileira que os nacionais em novembro?
Investidores nacionais saem da Bolsa: Ao mesmo tempo, os investidores brasileiros fizeram o caminho inverso desde o começo do mês. Os investidores institucionais venderam mais que compraram. Enquanto as compras somaram R$ 38,15 bilhões, as vendas atingiram R$ 42,38 bilhões, resultando num saldo negativo de R$ 4,23 bilhões.
Os investidores individuais, que são as pessoas físicas comuns que compram e vendem ações na Bolsa, já compraram R$ 26,02 bilhões e venderam R$ 26,11 bilhões, com saldo negativo de 85,59 milhões.
Estrangeiros são maioria na Bolsa: Os investidores estrangeiros são maioria na Bolsa de Valores de São Paulo. Sua participação nesse começo de novembro chegou a 57,4%. No ano, a fatia é de 54,6%. Essa fatia aumentou em relação a anos anteriores. Em 2021, os estrangeiros correspondiam a 50,6% das movimentações na Bolsa. Em 2020, a fatia era de 46,6% e, em 2019, de 45%.
Os investidores nacionais institucionais são 23,4% em novembro, as instituições financeiras representam 3,5% da movimentação da Bolsa e os investidores individuais, que são as pessoas físicas comuns, representam 15,2%.
Por que os estrangeiros estão comprando ações na Bolsa brasileira? A participação dos estrangeiros na B3 vem crescendo ao longo do ano. O saldo entre compras e vendas é positivo desde junho. No ano, eles já compraram R$ 106,03 a mais do que venderam. Em apenas dois meses, abril e maio, os estrangeiros saíram da Bolsa e venderam mais que compraram.
E é simples explicar a razão da maior procura por investimentos de fora: as ações estão baratas. "A participação do estrangeiro cresceu primeiro por conta da percepção de que do nosso mercado está barato", diz Marcio Loréga, analista-chefe do PagBank.
Está acontecendo este ano, segundo ele, o oposto do que ocorreu em 2021. "No ano passado, vimos grandes bolsas atuando fortemente, como as norte-americanas. E nós ficamos para trás. Mas desde o início de 2022, a relação preço versus lucro da nossa Bolsa em comparação a outras, até mesmo de países emergentes, está muito boa. Temos um valor muito barato", afirma ele.
Atualmente, dentro do Ibovespa, as cinco ações mais baratas pelo quesito P/L (preço e lucro) são:
- Marfrig (MRFG3) Relação P/L = 1,1 Preço R$ 10,78
- Bradespar (BRAP4) Relação P/L = 1,7 Preço R$ 24,39
- Usiminas (USIM5) Relação P/L = 1,9 Preço R$ 7,27
- Petrobras (PETR4) Relação P/L = 2,0 Preço R$ 26,03
- JBS (JBSS3) Relação P/L = 2,6 Preço R$ 24,68
"Isso dá um potencial de crescimento enorme e o estrangeiro comprou essa ideia. Além do que ele segue comprado aqui por falta de outros locais com o mesmo potencial", afirma o analista. Com a recessão mundial, a maioria dos mercados está andando para trás.
A entrada de estrangeiros deve continuar?
O início de novembro foi positivo. Mas o mercado teme que o novo governo gaste mais do que vai arrecadar. "Existe uma percepção de que teremos um governo expansionista, pelos últimos andamentos de Brasília. É aguardar para ver o que se concretizará, porém o mercado não espera e antecipa o que ainda não aconteceu de fato", afirma ele.
Loréga se refere ao discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva feito hoje pela manhã, ao chegar ao Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília, sede da transição de governo, no qual disse: "Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país?"
"Acredito que enquanto não for divulgado o time de ministros do novo governo ainda deveremos ter muito entra e sai na Bolsa", diz Pedro Galdi, analista da Mirae Asset. "Com a queda de hoje, poderemos até ter um dia de recuperação amanhã, mas é muito difícil afirmar", conclui ele.
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