Quando os juros vão cair? E como isso afeta os investimentos?
Para tentar prever isso, os economistas usam um instrumento chamado curva de juros.
Qual a previsão para os juros no Brasil?
- Para 2023, a previsão atual é que a taxa Selic (juros básicos da economia), hoje em 13,75%, continue nesse nível pelo menos até outubro e só então comece a cair.
- Pode até haver uma leve alta por volta de fevereiro. Mas a previsão é que cheguemos ao final de 2023 com uma taxa de 11,75%, diz a economista Ariane Benedito, especialista em mercado de capitais.
Como funciona a curva de juros?
- O Tesouro Nacional negocia títulos públicos, vendendo e comprando para regular a quantidade de dinheiro no mercado, explica Bruno Mori, economista e sócio-fundador da Sarfin Planejamento Financeiro.
- Os títulos têm vários vencimentos. Os mais observados são para janeiro de 2023, janeiro de 2024 e janeiro de 2025.
- Na hora de negociar esses títulos que vencerão posteriormente, é estabelecida uma taxa de juros futura.
Quando você organiza num gráfico o intervalo de tempo e esses percentuais, surge a curva de juros.
Bruno Mori, economista e sócio-fundador da Sarfin Planejamento Financeiro
Mas, como os dados da economia são muito dinâmicos, essa curva pode mudar de comportamento rapidamente.
Atualmente, ela está mostrando queda somente no segundo semestre por conta do pessimismo do mercado em relação aos gastos do governo.
Antes da eleição, a gente tinha uma previsão de juros entre 10% e 11% para o final de 2023. Mas agora deixamos de lado essa expectativa de queda e apostamos mais na estabilidade, por conta desse temor de maiores gastos do governo com os auxílios.
Thalles Franco, sócio e gestor da RPS Capital.
Quando o governo gasta demais, a inflação sobe. E uma das maneiras de controlar a inflação é aumentar os juros.
Notícias que influenciam os juros
- Assim que janeiro começar, o desconto de impostos sobre os combustíveis termina.
- Espera-se algum repique de preços. Como toda cadeia produtiva nacional depende do transporte rodoviário, pode acontecer um impacto geral nos preços.
- O que joga a favor é o preço internacional do petróleo, que vem caindo.
Também há fatores que podem fazer a taxa de juros cair. "Se o governo der passos positivos em relação a reformas, como a tributária, a taxa pode cair.
Carolina Taira, da B.Side Investimentos
Nesse cenário, onde investir?
- A palavra de ordem é diversificar. A prioridade é dar mais atenção a aplicações de renda fixa, mas sem deixar as ações de lado.
- Os investimentos de renda fixa pós, atrelados à inflação, que pagam a variação do IPCA mais 6% são uma boa escolha, segundo Carolina Taira.
- Para quem prefere aplicações prefixadas, o panorama também não é ruim. Pagam até 15,5% por ano, o que é interessante com juros de 11,75%, diz a economista Ariane Benedito.
- Na Bolsa, por enquanto, as ações que mais oferecem possibilidades de ganhos são as de empresas que ganham com os juros altos, como os bancos e as seguradoras.
- Na hora de escolher ações de banco, uma dica é ficar com os que focam mais em empresas.
- Os bancos de varejo, que trabalham mais com pessoas físicas, estão apanhando da inadimplência, segundo a gestora da B.Side Investimentos.
- Empresas exportadoras também são uma boa oportunidade. Como elas têm receita em dólar, oferecem essa proteção ao investidor.
- As empresas de varejo são muito apreciadas pelos pequenos investidores. Num primeiro momento, elas são muito impactadas nesse ambiente de juros altos: sem financiamento, vendem menos, e a lucratividade cai.
- "Mas é bom ficar de olho, estudar o cenário porque o novo governo tem essa inclinação a favorecer o consumo das classes mais baixas", declara Carolina.
- As ações, no geral, estão baratas, e podem subir em 2023. Se o consumo se aquecer, aumenta a produção, e as exportações também ganham forca, afirma Ariane.
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