Ações das Americanas têm dia de confusão e desabam 77%
As ações AMER3 vivem um dia de confusão nesta quinta-feira (12). A ação fechou o dia valendo R$ 2,72, queda de mais de 77%. Desde a abertura da Bolsa, os papéis não foram negociados normalmente, entrando em um leilão para definir o preço inicial do dia (a tendência era de muita queda).
No leilão, os investidores oferecem preços de compra e venda, mas não negociam efetivamente. No começo da tarde, até esse leilão foi suspenso. Depois foi retomado, alternando com operações liberadas.
O que está acontecendo na Bolsa com as ações?
- Isso ocorre após um problema contábil de R$ 20 bilhões e a renúncia de seu CEO, Sergio Rial.
- O movimento das Americanas S.A. na Bolsa arrastava outras companhias para baixo, como Ambev, Via e Magazine Luiza.
O que acontece em um leilão?
- Durante o dia, as ações das Americanas S.A. chegaram a entrar em leilão.
- Se o investidor quiser vender ou comprar ações durante o leilão, deve fazer uma oferta pelo seu aplicativo do home broker.
- Quando o leilão chega ao final e o preço é definido, o investidor pode negociar efetivamente suas ações pelo preço de mercado ou ainda um preço menor, explica Bruce Barbosa, sócio fundador da Nord Research.
- O leilão é para segurar a instabilidade. Pode ocorrer na baixa e na alta, diz Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.
- José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, diz que o leilão serve para estabilizar os preços, e que a médio e longo prazo, o fato de as ações irem a leilão não pesa sobre a empresa. Mas que isso ajuda a entender o impacto real da queda na Bolsa.
- Além do modo leilão, os negócios foram suspensos nesta quinta entre as 13h44 e 14h09 em razão de novos fatos relevantes divulgados pela empresa ao mercado.
O que aconteceu com a empresa?
- O CEO das Americanas, Sergio Rial, renunciou ao cargo ontem, 11, depois do fechamento do mercado.
- A empresa identificou um buraco contábil de R$ 20 bilhões durante uma análise preliminar.
- Em documento aos acionistas, as Americanas disseram que "ainda não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial.
- Entre as inconsistências, a área contábil identificou a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima, nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores".
Repercussão
- Essas "inconsistências contábeis" são basicamente dívidas das Lojas Americanas com instituições financeiras que não estavam corretamente refletidas no balanço, diz o mercado. A companhia diz que ainda não é possível determinar todos os impactos.
- Alguns analistas já colocaram recomendação para os papéis sob revisão.
- A equipe do Bradesco BBI classificou como uma "inconsistência contábil considerável e sem precedentes" e considerou a notícia "bastante negativa".
- Citando justamente a "falta de visibilidade sobre o que de fato aconteceu e os impactos efetivos a serem observados nas demonstrações financeiras da companhia", analistas da XP Investimentos liderados por Danniela Eiger também decidiram colocar a cobertura das ações das Americanas sob revisão.
- O volume do rombo de R$ 20 bilhões previsto no balanço das Americanas é equivalente ao valor de mercado do Magazine Luiza, que ontem, 11 de janeiro, valia R$ 20,2 bilhões, ou da Lojas Renner que valia R$ 20,22 bilhões, segundo Einar Rivero, do Trademap.
- Até então, o menor valor da ação da empresa nos últimos cinco anos era do dia 16 de dezembro de 2022, quando atingiu R$ 7,25.
- Até a noite do dia 11, a ação havia se valorizado 63,27% desde a menor cotação do papel, segundo levantamento do Trademap.
- O preço máximo da ação chegou a R$ 122,90, no dia 3 de agosto de 2020.
CEO ficou só 10 dias no cargo
- Sérgio Rial havia assumido o cargo em 2 de janeiro, depois de ter sido anunciado em agosto de 2022.
- Ele substituiu Miguel Gutierrez, que estava na Americanas havia quase 30 anos.
- Rial é presidente do Conselho de Administração do Santander Brasil, onde vai continuar.
- O diretor André Covre também pediu demissão; Ambos serão substituídos interinamente por João Guerra.
- Rial deverá assessorar de forma independente o corpo acionário da companhia, composto pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.
Histórico das Americanas
- A empresa começou a simplificar sua estrutura societária em 2021, quando passou a se chamar Americanas S.A., reunindo os ativos de Lojas Americanas e B2W, dona da Americanas.com.
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