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Americanas: Entenda o que está errado com a contabilidade de R$ 20 bilhões
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Um dia depois que as Americanas anunciaram "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões, Sergio Rial, o CEO que renunciou, reuniu-se em uma conferência fechada com representantes de grandes bancos e instituições financeiras. Ex-Santander, Rial ficou somente dez dias no cargo.
Por que isso é importante
Um das empresas gigantes do varejo do país, as Americanas podem ter registrado em seus balanços erros que somam R$ 20 bilhões nos últimos anos, mas ainda não está claro qual o impacto disso no caixa da empresa.
Isso é mais do que os cerca de R$ 15,7 bilhões que a firma valia em 30 de setembro de 2022, quando foi fechado o último balanço.
As ações das Americanas estão despencando quase 80% no pregão de hoje e as negociações foram interrompidas, levando junto para o buraco ações de outras grandes varejistas, como Magalu e Via.
Onde está o centro do problema
Segundo o executivo, as Americanas vinham registrando as operações de risco sacado (uma operação em que bancos antecipam o pagamento dos fornecedores das Americanas, mediante deságio) na conta de fornecedores e não contabilizavam como dívida da empresa.
Ao não fazer o lançamento como dívida a bancos, as Americanas alteram artificialmente as métricas de alavancagem financeira, que são base dos covenants (condições acordadas) contratuais com os bancos. Agora, o risco é de um conjunto de bancos cortarem o crédito das Americanas e exigirem pagamento de outras obrigações.
O principal do que Rial disse
- Segundo Rial, não deve haver um impacto no caixa no curto prazo, mas isso depende da postura dos bancos em relação à oferta de linha de risco sacado hoje disponível para Americanas.
- Rial disse que será necessária uma capitalização no curto prazo para arcar com as despesas financeiras da companhia.
- Os acionistas de referência (como Carlos Alberto Sicupira) têm compromisso em fazer parte da solução desde que a capitalização leve a resultados mais consistentes.
- A contabilização incorreta registrou a operação de risco sacado na conta de fornecedores (em vez de dívida) e ativar os juros pagos ao banco como uma conta redutora de fornecedores, no lugar de reconhecer o valor na despesa financeira (DRE, em jargão contábil).
- De acordo com o Rial, ele acredita que essa contabilidade incorreta está acontecendo há mais de três ou quatro anos, mas poderia chegar a até 10 anos. No entanto, essa não é uma estimativa precisa, segundo ele.
- Os R$ 20 bilhões são sua estimativa de quanto hoje deveria ser reclassificado como dívida (volume total da operação de risco sacado no terceiro trimestre de 2022, data do fechamento do último balanço publicado).
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