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Gangorra na Bolsa: entenda o que está acontecendo com a dona da Havaianas

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/06/2023 04h00

A Alpargatas (ALPA4), donas da Havaianas, é uma das ações que mais caíram desde o começo do ano, dentre as ações do Ibovespa. A Alpargatas (ALPA4) caiu 27,72% desde o começo do ano.

A mínima do ano foi de R$ 7,04, em 25 de abril. Desde então, vem se recuperando e hoje a ação vale R$ 10,98. É a segunda ação com a maior queda no ano, atrás apenas do Assai (ASAI3), que lidera a lista com uma queda de 33,99%. Os valores consideram o preço de fechamento do dia 6 de junho e foram compilados pela Trademap.

Por que a Havaianas está nessa maré baixa

A Alpargatas entregou resultados abaixo do esperado pelo mercado desde o fim de 2021. Segundo André Fernandes, da A7 Capital, isso provocou uma queda drástica no valor da companhia.

A dona das sandálias havaianas aumentou os preços e vendeu menos. O custo dos produtos vendidos apresentou alta. A empresa também teve maiores dificuldades logísticas para vender. "Iniciamos a abertura de novas geografias, novos canais de venda e novas categorias de produtos", publicou a empresa, no relatório trimestral. Ela ainda teve maiores gastos com armazéns e um investimento adicional em marketing.

Os juros também ajudaram a piorar sua situação. A Alpargatas comprou no final do ano retrasado 49% da americana Rothy's. A dívida líquida da empresa, que no primeiro trimestre de 2022 era de R$ 118,5 milhões, pulou para R$ 1,38 bilhão.

O então presidente executivo Roberto Funari renunciou ao cargo no final de abril. Ele ocupava o cargo há quatro anos. O cargo foi assumido interinamente por Luiz Fernando Ziegler, escolhido pelo conselho de administração.

O mercado ainda quer saber como a empresa vai se recuperar. "Ou ela vende mais, ou enxuga custos", diz Denis Medina economista e professor da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP). A Alpargatas demitiu no fim de abril 600 pessoas da fábrica de Campina Grande, na Paraíba, onde trabalhavam 9.000 funcionários.

E como a empresa reagiu ao cenário difícil?

O papel perdeu tanto valor que a empresa teve que reagir.

A empresa era a mais cara do setor de vestuário na Bolsa. Em junho de 2021, o papel chegou a custar R$ 61. "A Apargatas era negociada a 80 vezes o seu Preço/Lucro, enquanto o setor de vestuário em geral ficava entre sete e 12 vezes esse múltiplo", diz Fernandes.

No dia 22 de maio, lançou uma oferta pública (OPA) para comprar parte de suas ações que estão no mercado. A MS Alpa, que é controlada pelo Alpa Fundo de Investimento e pela Cambuhy Alpa Holding, da família Moreira Salles, apresentou uma OPA para adquirir até 32 milhões de ações preferenciais.

OPAs são feitas, dentre outras razões, quando a empresa precisa diminuir o número de ações em negociação no mercado e assim melhorar o preço dos papéis. "Assim ela gera um impacto direto no preço dos ativos", afirma Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos.

O mercado viu como positivo esse movimento, já que os principais acionistas apostam na companhia. A família Moreira Salles quer adquirir 10% das ações preferenciais da empresa. "Isso demonstra que esse acionista tido como referência vê um bom desconto na empresa hoje para fazer esse movimento", diz Fernandes.

Desde então, a ação vem se recuperando, mas ainda está cara na visão de alguns investidores. "Alguns agentes do mercado ainda veem a Alpargatas com certo ceticismo, alguns acreditam também que a ação ainda está cara, mesmo após essa queda em 2023", diz ele.

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