Saiba qual o ativo da Bolsa que já subiu mais de 50% este ano
O Ibovespa acumulado em 2024 está no negativo. Mas tem ativo na Bolsa de Valores que já valorizou mais de 50%. Enquanto o principal índice da B3 amarga queda de 5,34% desde o primeiro pregão, em janeiro, até o último dia 14, os BDRs (recibos de ações de empresas listadas no exterior) estão disparando.
Dos 28 índices da Bolsa, só três estão no positivo. O BDRX, que reúne os Brazilian Depositary Receipts (BDRs), está em primeiro lugar, com alta de 9,73%. Em distantes segundo e terceiro lugares vêm dois índices relacionados ao setor imobiliário: o IFIX, que reúne os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) e o IFIL, de fundos imobiliários de alta liquidez. Com alta de 0,95% e 0,89%, respectivamente, esses índices subiram ajudados pela expectativa de queda de juros. Os números são da Elos Ayta.
Quais são os BDRs que mais subiram?
- Nvidia (NVDC34) 53,17%
- Palantir Technologies (P2LT34) 45,72%
- Meta (MITA34) 35,71%
- New Oriental Education (E1DU34) 35,20%
- Eli Lilly (LILY34) 34,60%
- Tal Education Group (T1AL34) 33,63%
- Splunk Inc. (S1P034) 30,82%
- Toyota (TMCO34) 29,11%
- Uber (U1BE34) 28,94%
- Taiwan Semiconductor (TSMC34) 27,37%
Fonte: Elos Ayta
Por que esses BDRs subiram tanto?
Tem a ver com a economia americana. Os BDRs seguem a cotação das ações de cada empresa em bolsas internacionais. O recibo de ação da Nvidia (NVDC34), que valorizou 53,17%, por exemplo, segue os papéis da companhia na Nasdaq, as NVDA, que subiram 53,42% no mesmo intervalo.
A economia americana surpreendeu. "Quase todos os dados mostraram que a economia não está arrefecendo como muitos esperavam e, ao mesmo tempo, com exceção do CPI desta semana, os indicadores de inflação até então estavam bem comportados", explica William Castro Alves, economista e sócio e estrategista-chefe da corretora digital Avenue.
Até o último dado, a inflação americana parecia controlada. Mas na terça-feira (13), o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de janeiro mostrou que o custo de vida americano subiu acima do previsto por analistas.
Como a inflação vinha controlada, as ações subiram. O novo dado, entretanto, baixou os ânimos. Desde o começo de 2014, o mercado americano está na expectativa de uma baixa da taxa de juros em maio, por conta da inflação controlada. Isso, agora, pode demorar um pouco mais. Mas ainda deve ocorrer.
Com isso, os investidores passaram a comprar ações. Quando os juros caem, as empresas vendem mais e as ações sobem. "Tanto é que, em 2024, tanto o S&P500 (principal índice do mercado americano) quanto a Nasdaq (índice do setor de tecnologia) atingiram o 'all time high', ou seja, a cotação máxima da história", lembra Leandro Petrokas, diretor de pesquisa e sócio da Quantzed.
O que mais ajudou?
Os balanços das empresas também vieram muito positivos. No começo do mês, por exemplo. As ações da Meta (META), dona do Facebook, tiveram 21,50% de alta no dia (2) em que a companhia reportou lucro líquido US$ 14,02 bilhões, mais que o triplo do registrado no mesmo intervalo de 2022, quando relatou um resultado de US$ 4,652 bilhões.
O mesmo aconteceu com a Palantir. A empresa de software que presta serviço para o governo americano viu suas ações negociadas em Nova Iorque subirem mais de 30% na terça-feira (6) após relatar um crescimento de receita melhor do que o esperado no quarto trimestre de 2023.
Além dos resultados, a Uber também divulgou recompra de até US$ 7 bilhões de ações. Na quarta-feira (14), a empresa de transporte anunciou que teve seu primeiro lucro líquido anual desde a abertura de capital em 2019. O lucro operacional anual foi de US$ 1,1 bilhão.
A mais valorizada, a Nvdia, divulga números semana que vem. O balanço da maior desenvolvedora de chips para Inteligência Artificial sai na quarta-feira (21).
E as chinesas?
Na lista, duas empresas de educação chinesa chamam atenção. São a New Oriental Education e Tal Education Group. Focadas em reforço escolar pela internet, esse tipo de negócio vem crescendo muito na China, uma vez que os pais colocam seus filhos para estudar em casa, além das horas na escola, para garantir que eles se formem em boas universidades e tenham bons empregos no futuro.
Vale a pena investir em empresas estrangeiras?
Sim. Não há, por enquanto, previsão de que a Bolsa brasileira decole. "Há uma falta de recursos novos. Vimos um movimento de retirada do capital estrangeiro em janeiro e fevereiro e, do lado do investidor local, os investimentos também estão sofrendo resgates há alguns meses", diz Petrokas.
E se a inflação americana continuar em alta? O ritmo de ganhos pode diminuir. "O corte de juros em maio, que era a aposta dominante do mercado, pode ser somente em junho", diz Alves, da Avenue.
Como investir em ações estrangeiras?
É como comprar ações brasileiras. Mas em vez de comprar o papel da empresa, o investidor adquire um recibo de ação, vendido pela B3 por meio de corretoras e bancos, como acontece com as ações.
Também é possível comprar direto no mercado internacional. Para isso, é preciso ter uma conta internacional. Alguns bancos não cobram limite mínimo de abertura de conta, nem de manutenção de saldo. Para adquirir as ações, é preciso antes comprar pelo menos, em geral, R$ 200 em dólares e depois começar a investir pelo aplicativo da instituição o valor que desejar.
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