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Petrobras volta a subir depois de perder R$ 34 bi

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) voltaram a subir nesta sexta-feira (1) depois de dois dias de quedas significativas. Por volta das 12h30, as PETR4 subiram 1,40%, para R$ 40,70. PETR3 tinha alta de 1,07%, chegando a R$ 41,66.

A petroleira estatal perdeu R$ 34,3 bilhões em valor de mercado nesses dois dias de negociação. É o equivalente a uma empresa do tamanho da Engie, avaliada em R$ 34 bilhões, segundo a Elos Ayta. A queda ocorreu após declarações do presidente da companhia, Jean Paul Prates, referente a política de dividendos. Em entrevista à Bloomberg, Prates disse que a Petrobras será mais cautelosa no pagamento de dividendos extraordinários, uma vez que a empresa precisa usar parte desse dinheiro para investir mais em energia renovável.

Temos que ser mais cautelosos. Os acionistas entenderão. Estamos no meio dessa grande decisão de se tornar uma companhia de petróleo em transição

Jean Paul Prates, presidente da Petrobras

Houve queda nas cotações depois disso. No final da quinta-feira (29), os papeis preferenciais (PETR4) fecharam em queda de 5,16%. As ações ordinárias (PETR3) cederam 5,39%.

As ações estão realmente menos atraentes?

Não, tanto que elas voltaram a subir na sexta-feira (1). Falar em investimentos em energias renováveis e diminuição de dividendos sempre assusta parte dos investidores, diz Breno Bonani, analista da Alphamar Invest, de Vitória.

O investidor não gosta de energias renováveis. "Eles não querem esperar a empresa entregar algum resultado ou investir, muitas vezes por viés político. O que, do ponto de vista do investidor, não deveria ser o foco. O foco sempre deveria ser em identificar se o negócio tem capacidade de crescer e gerar caixa", afirma Bonani.

Investimentos em energias renováveis também demoraram para dar retorno. Por isso, ele fica preocupado e vende as ações. "O mercado se acostumou nos últimos anos com uma distribuição muito grande de dividendos. Agora, o investidor fica preocupado achando que esses investimentos não estarão tão bem alocados e prefere vender a ação", diz Bonani.

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Por que elas caíram?

Tem mais a ver com o preço do petróleo. O atual preço do barril não oferece muitos ganhos para os acionistas. Foi mais por isso que ação caiu, segundo Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. "Muita gente ainda tinha a ação, mesmo com o preço do petróleo sem muita perspectiva de alta, por conta dos dividendos. Quando o presidente fala isso, decepciona parte deles."

Os dividendos vão mesmo diminuir?

A Petrobras informou no dia 28 que não há qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos ainda não declarados. A empresa pode fazer modificações. Mas elas precisam ser aprovadas em assembleia.

A Petrobras tem um caixa de R$ 17 bilhões. É nesse dinheiro que os investidores estão de olho, segundo Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

A expectativa é que parte desse montante fosse distribuída em forma de dividendos extraordinários. "Tem casas que estimam R$ 8 bilhões, ou R$ 7 bilhões em dividendos. Aqui a gente estima R$ 5 bilhões. O problema é que quando o Prates fala em cautela, os investidores ficam em dúvida sobre quanto pode ser essa parte a ser dividida", explica ele.

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O ponto é que o governo também depende desses dividendos. "Os pagamentos de dividendos são bons para o governo, o maior acionista da Petrobras. Se tem pagamento de dividendo, o governo recebe também", explica o analista. Eles podem diminuir, mas não devem ter um corte muito drástico por conta dessa dependência.

O que fazer com as ações?

A recomendação da maioria das casas de análise ainda é manter. No dia 7 de março, a estatal divulga seus resultados do quarto trimestre de 2023 e ações podem ter uma boa recuperação. O preço alvo médio de 12 bancos para PETR4 é de R$ 40,04, com máximo de R$ 52 e mínimo de R$ 34. Para PETR3, a média é de R$ 42,09, com máximo de R$ 52 e mínimo de R$ 34.

Espera-se que a Petrobras reporte resultados fortes. O Bank of America, por exemplo, calcula lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda ajustado) de US$ 15 bilhões, ou seja, um aumento de 13% no trimestre e de 10% no comparativo anual. Em relatório para investidores, o banco reportou que os principais impulsionadores desse desempenho trimestral mais forte, segundo o BofA, seriam a maior produção e menores custos de exploração.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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