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Depois de intervenção do BC no câmbio, para onde vai o dólar agora?

Com uma alta acumulada no ano de 4,2%, o Banco Central do Brasil decidiu intervir no câmbio pela primeira vez durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira (2), depois que o dólar chegou à maior cotação dos últimos seis meses. A cotação média do ano é de R$ 4,9522. O dólar abriu o ano cotado a R$ 4,915 e fechou hoje a R$ 5,058, maior valor desde 19 de outubro.

Por que o dólar está em alta no ano?

O maior motivo são os juros americanos. O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, divulgou recentemente que fará três cortes nas taxas de juros do país este ano. Mas não disse a partir de quando.

Parte do mercado acha que isso só vai acontecer no segundo semestre. A expectativa anterior era maio ou junho. O problema é que a inflação por lá continua forte, assim como a economia e os empregos, o que atrasa esses cortes.

Esse fator altera a cotação de praticamente todas as moedas emergentes. É o que diz Claudia Moreno, economista do C6 Bank. "O dólar vem ficando mais forte frente a todas essas moedas, não é só o real", diz ela.

Como os juros demoram a cair nos EUA, o dinheiro de investidores do mundo todo fica por lá, aplicado no Tesouro americano. "Isso gera essa mudança de posição de alguns investidores, que saem do Brasil e direcionam seus recursos para outros mercados", diz Sérgio Brotto, co-fundador e diretor executivo da Dascam, corretora de câmbio.

Além disso, tem a eleição americana. Tradicionalmente, segundo Bernardo Brites, presidente da Trace Finance, o governo americano tenta aquecer o mercado local em anos de eleição, o que pode ajudar as empresas nas bolsas americanas. Por isso, os investidores acabam migrando para lá.

Como o Banco Central tentará intervir na alta do dólar?

O Banco Central realiza durante esta terça-feira (2) vários leilões. Eles correspondem a uma venda de dólares no mercado futuro. Isso garante que haja oferta para atender ao aumento da demanda pela moeda - e isso segura um pouco o preço dela. O valor será equivalente a US$ 1 bilhão. No ano passado, o BC não colocou dólares novos no mercado com leilões.

O efeito é que o dólar para de subir. Momentaneamente, explica Ariane Benedito, economista e especialista em mercado de capitais, a moeda deixa de subir. Algumas vezes, até cai. Mas a expectativa, segundo ela, é que fique estável por algum tempo. Às 14h30 do dia 2, o dólar estava estável, em leve queda de 0,07%.

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Em nota, o BC disse que fará a operação para atender a uma demanda gerada pelo resgate do título NTN-A3. "No dia 15 acontece o vencimento de NTN-A3, que é um título público indexado ao dólar que há anos não é negociado", explica Brotto. Ainda que não sejam mais negociados, algumas instituições ainda têm esse título nas suas carteiras.

Em valores atuais, esses títulos devem se aproximar de US$ 3,7 bilhões. "O Banco Central faz o leilão para evitar pressão no dólar. Se necessário fará outras operações extras para suprir o vencimento das NTN-A3 nos próximos dias", diz o especialista.

Como fica o dólar daqui para frente?

A expectativa é de que ele continue subindo. Brites, por exemplo, aposta que o dólar termine o ano em torno de R$ 5,30. É a mesma aposta de Claudia Moreno, do C6. "A moeda deve continuar subindo até esse patamar também por conta da situação fiscal do Brasil. Mas no ano que vem deve permanecer estável nesse patamar", diz ela.

Para Brites, esse é um nível saudável para a moeda. "O anormal era o dólar na casa de R$ 4,80, como chegamos a ter nesse início de ano", afirma ele.

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