Conta da Sabesp vai subir, mas acionistas comemoram
A Sabesp (SBSP3), companhia de saneamento de São Paulo, foi autorizada a reajustar o valor da tarifa em 6,45% a partir do dia 10 de maio em todos os municípios onde a companhia atua. A notícia pode ser ruim para a maioria das pessoas nas 375 cidades atendidas pela companhia. Mas pode ser uma boa para os acionistas da empresa. É o que dizem grandes bancos a respeito da ação.
O que aconteceu
Além de corrigir as tarifas pela inflação, há um aumento real de cerca de dois pontos percentuais. O cálculo é do Itaú BBA. "A alta real foi motivada por diversos ajustes compensatórios do passado que não são recorrentes e, portanto, serão retirados do próximo ajuste", destacou o banco.
Ao contrário dos consumidores, o mercado gostou do aumento. O reajuste veio acima da inflação acumulada nos últimos 12 meses pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,50%.
Com isso, o lucro da empresa deve crescer. É o que prevê o Citi. O banco americano calcula que o reajuste pode fazer o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda, na sigla em inglês) da companhia crescer entre 10% e 9% para 2024 e 2025.
Além disso, o processo de privatização continua. Na segunda-feira (8), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara Municipal de São Paulo, aprovou a proposta de privatização da empresa. Outras seis comissões ainda precisam aprovar a proposta. A capital de São Paulo é o maior mercado da empresa.
É hora de comprar a ação?
Desde o início do ano, SBSP3 já teve uma alta de 12,47%, segundo a Investing.com. No mesmo intervalo, o Ibovespa acumula perdas de 3,97%. Essa valorização do ativo aconteceu mesmo com o lucro da empresa caindo. Em setembro de 2023, a Sabesp apresentou lucro de R$ 2,9 bilhões, uma redução de 2,2% no lucro em relação ao mesmo período de 2022. Ou seja, a maior causa de valorização do ativo é o processo de privatização.
Mas com o aumento de tarifas, grandes bancos aumentaram a expectativa de ganhos. E recomendam a compra. É o caso do Citi. "Estamos ajustando seu preço alvo para R$ 97 por ação (de R$ 84)", publicou o banco. "A administração da Sabesp tem feito um bom trabalho no ajuste da base geral de custos da empresa", acrescentou o analista Antonio Junqueira, do Citi.
O Itaú acredita numa valorização ainda maior. O preço alvo do banco é de R$ 120,30 até o fim do ano, o que significaria um aumento de 41% sobre o fechamento da ação nesta segunda-feira (8), de R$ 84,50. Hoje, o papel operava em alta de 0,30% até as 14h, cotado em R$ 84,75.
Um dos motivos para a expectativa de alta é a divulgação de notícias a conta-gotas. Conforme matérias veiculadas na imprensa recentemente, o governo de São Paulo deve definir nos próximos dias como será a oferta de privatização da empresa. O anúncio dos detalhes da privatização pode ser feito entre os próximos dias 10 e 17 de abril.
Isso é positivo para as ações. "Acreditamos que este é um catalisador crucial a se monitorar", publicou o BBA.
Qual o valor da privatização?
Pode ficar entre R$ 10 e R$ 15 bilhões. Essa é uma estimativa dos analistas de mercado. O valor só será decidido depois de terminada a consulta aos municípios, como vem acontecendo na capital.
Após privatizada, a fatia do governo na companhia cai. Ela vai dos atuais 50% para um percentual que ficará em torno de 15% a 30%, conforme também especulam os analistas. O governo continua tendo seu direito a veto nas decisões da empresa. Mas a expectativa é de que a eficiência da companhia melhore, o que traria mais valor para os acionistas.
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