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Queda no lucro faz ações da Vale caírem: é hora de vender?

Com uma queda de 7% no lucro do primeiro trimestre, as ações da Vale (VALE3) iniciaram o pregão desta quinta-feira em baixa. A mineradora reportou na noite de quarta-feira (24) um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização de US$ 3,438 bilhões, uma baixa de 7% na comparação com o primeiro trimestre de 2023. O número também veio abaixo do que o mercado esperava: US$ 3,6 bilhões.

Por volta das 12h30, VALE3 registrava desvalorização de 2,14%, caindo para R$ 62,20. Mesmo assim, bancos e corretoras recomendam a compra da ação.

Por que o lucro caiu?

O problema é a demanda de aço pela China em 2024. "O início de ano foi fraco, já que o crescimento sazonal da produção de aço decepcionou após a queda do yuan", publicou o Goldman Sachs. A moeda chinesa teve uma queda de 1,99% em relação ao dólar desde o começo de 2024, segundo o Investing.com.

Tudo isso fez o preço do minério de ferro - o produto que a Vale vende - cair. E bastante: o valor do minério de ferro refinado, em dólares, encolheu 20,2% desde 1 de janeiro, conforme dados da Elos Ayta.

As ações vêm refletindo isso. Desde o início do ano, VALE3 já perdeu 13,99% em valor, de acordo com a Elos Ayta. Segundo o Goldman Sachs, os investidores globais que gostam de comprar ações da Vale, agora estão fugindo do papel e preferindo empresas de cobre ou celulose (principalmente no caso de investidores locais brasileiros).

Por isso, alguns especialistas já esperavam essa queda no lucro e nas ações. Porém, as contas da empresa continuam "bem saudáveis", segundo Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama. "Foi bem em linha com o que a gente observou no primeiro trimestre do ano anterior", afirma ele.

E se não fosse o preço do minério?

Sem a queda do minério, a Vale teria tido um ótimo resultado. É o que diz Felipe Moura, analista da Finacap. "A queda ocorreu por conta de uma narrativa macroeconômica. Mas quando a gente olha para o balanço, a gente vê que a empresa tem um endividamento baixo e uma geração de caixa fantástica", afirma.

A geração de caixa livre foi de US$ 2 bilhões. Ou seja, esse foi o total que entrou para o caixa da empresa. Segundo a companhia, 57% se transformaram em lucro. "A projeção de geração de caixa para o restante do ano equivale a praticamente 15% do valor de mercado da companhia", diz Moura.

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É bom negócio comprar a ação agora?

Existem muitas notícias que podem prejudicar a empresa. Uma delas é um possível acordo final de reparações dos atingidos pelo desmoronamento da barragem da Samarco, em 2015.

Tem também a renovação de suas concessões ferroviárias. O governo cobra R$ 25,7 bilhões da empresa. O valor se refere a outorgas não pagas na renovação antecipada dos contratos das Estradas de Ferro Carajás e Vitória Minas na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Outro problema é a suspensão das licenças de operação de mineração de Onça Puma/Sossego. A empresa vem tendo problemas com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Pará.

Além disso tudo, há o processo de sucessão do presidente. O governo tentou interferir no processo e emplacar o ex-ministro Guido Mantega (PT) no comando da companhia, no lugar de Eduardo Bartolomeo, cujo mandato terminaria em 31 de maio. Mas o conselho da Vale decidiu manter Bartolomeo até 31 de dezembro.

Todos essas questões podem ficar para trás se o preço do minério se recuperar. "Nossa equipe de commodities espera que a pressão sobre os preços do minério de ferro seja mais limitada daqui para frente", publicou o Goldman Sachs. Por isso, o banco recomenda a compra.

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A ação pode se valorizar 31% em 12 meses, diz o GS. Para a Genial, o preço alvo pode chegar a R$ 63,56 até o fim do ano, com alta de 13,75%. Por isso, a corretora também recomenda a compra, assim como o Itaú BBA.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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