Preço do ferro cai e derruba a Vale para menor valor de 4 anos
O preço do minério de ferro já acumula uma queda em 2024 de 11%, segundo a Investing.com, com dados da bolsa de Dalian, da China. Com isso, as ações da Vale (VALE3) também acompanham a baixa, com desvalorização de 16% até o final de maio, fazendo o valor do papel cair a R$ 61,75. Esse é o menor valor dos últimos quatro anos.
O que aconteceu
O maior comprador do minério de ferro produzido pela Vale é a China. No ano passado, do total de US$ 41,79 bilhões que a Vale vendeu, U$ 21,58 foram para o país oriental. Em toneladas, 61,6% do total de vendas desses produtos foram para China. Em receita, os chineses representam 51,6% do total das vendas empresa (em dólares), conforme dados da empresa.
Mas a China não está comprando tanto ferro quanto fazia antes. Por isso, o preço do minério vem caindo, e puxando com ele o valor da ação da companhia.
Não é só isso: o Ibovespa também cai. "A Vale, por ser uma das maiores empresas do Ibovespa, derruba a Bolsa brasileira também", diz Daniel Teles Barbosa, especialista da Valor Investimentos. Atualmente, a Vale representa 13% do Ibovespa, segundo a Investing.com. E desde o início do ano, o índice acumula queda de 9%.
Por que a China não está mais comprando ferro?
A economia da China não está mais crescendo como antes. Na década de 1990, o governo Chinês fez uma grande industrialização do país. Em poucos anos, a China se tornou a fábrica mundial: tudo era "made in China". Essa indústria impulsionou a construção civil. Para produzir aço e fazer prédios, os chineses se tornaram o maior importador do minério no mundo. E a Vale se beneficiou disso.
A indústria chinesa está estagnando desde antes da pandemia. "O processo de industrialização está agora mais ou menos completo e a indústria transformadora da China amadureceu, a era de rápido crescimento terminou e muitas indústrias enfrentam agora um problema de excesso de capacidade", publicou o holandês ING Bank.
O setor de serviços ultrapassou a indústria em 2014 no total do produto interno chinês. É esse setor que tem liderado o crescimento desde então.
O PIB da China está parado. O produto interno bruto do país foi de 29,63 trilhões de yuans (cerca de US$ 4,17 trilhões). É um valor quase igual ao do terceiro trimestre de 2021.
A China pode voltar a crescer?
O governo chinês está criando políticas para estimular a economia. "Mas nenhuma, até agora surtiu grandes efeitos", diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
O problema é que os juros altos em vários países também afetam a economia chinesa. "Como a maioria dos países, como Estados Unidos e Europa, estão mantendo os juros altos, isso também diminui o investimento na China", explica Cohen.
Essa situação pode mudar se os juros voltarem a cair, ou se as políticas de estímulo econômico chinesas surtirem efeito. Para que os juros em vários países caiam, a inflação precisa arrefecer. No entanto, os preços continuam subindo.
Por isso a demanda de ferro no curto prazo ainda deve cair mais. Essa é a previsão de Barbosa, da Valor Investimentos.
A Vale não pode vender para outros mercados?
Sim. A companhia quer baixar esse percentual para menos de 50% para diminuir a dependência do país asiático. Mas nenhum comprador é tão grande quanto a China. "Os Estados Unidos é um mercado enorme, mas há outros fornecedores. Então a Vale enfrentaria grande concorrência por lá", diz Cohen.
O que fazer com as ações?
O BTG acha melhor não comprar, nem vender. Mas a a XP acredita que é uma boa compra, principalmente por conta dos dividendos que a Vale pode entregar. A ação teria um potencial de valorização de 32,15 % e poderia chegar a R$ 82 em 12 meses. Para a Genial, a compra também é recomendada. O preço alvo é de R$ 72,30.
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