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Dá para chegar a R$ 1 milhão só com consórcio?

Quem pensa em acumular patrimônio pode considerar aderir a um consórcio para juntar dinheiro e alavancar sua situação financeira. Quem participa adere a um grupo que paga parcelas mensais para alcançar um objetivo, seja ele a casa própria, um carro ou uma moto, por exemplo.

Mas, dá também para olhar para o consórcio como uma forma de juntar dinheiro com disciplina e, depois, tentar vender a cota de participação ou a carta contemplada. Dependendo da estratégia de investimento e do tempo de acumulação, é possível atingir um patrimônio milionário, segundo Francis Silva, CFO do Mycon, fintech de consórcio.

O que está acontecendo

O consórcio atrai cada vez mais pessoas. Elas fogem das altas taxas de juros dos financiamentos, puxadas pela Selic. Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), a taxa Selic ficou em 14,25%, a quinta alta seguida. Isso encarece a concessão de crédito oferecida pelas instituições financeiras, o que inclui financiamento de imóveis, automóveis e outros bens e serviços.

Em 2024, o número de adesão ao consórcio bateu recorde. Foram 4,5 milhões de cotas vendidas. A maior parte foi para aquisição de veículos leves (39%), motocicletas (29%) e imóveis (22%), segundo a ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios).

Consórcio pode ser investimento

Há quem busque o consórcio para realizar um sonho e quem busca um investimento. Quem entra para comprar casa ou veículos vai atrás da baixa taxa de administração e da adesão livre, sem pagamento de entrada, ao contrário do que ocorre com os financiamentos. Quem quer investir busca uma opção que exige pagamento programado, dá a possibilidade de ser contemplado em sorteio ou permite vender o tempo de participação, o que traz vantagens ao comprador da cota.

As parcelas cabem no seu bolso. Quem sonha em comprar uma casa, mas não tem dinheiro para dar entrada ou renda suficiente para pedir um financiamento, pode recorrer ao consórcio para alavancar o patrimônio. Dá para começar aderindo a uma carta de crédito com parcelas baixas, como para compra de moto ou carro, e depois vender a carta contemplada ou a cota de participação, explica Francis Silva, CFO do Mycon, uma fintech de consórcio.

É mais barato que financiamento de banco. Segundo dados do Banco Central do Brasil, de janeiro de 2025, a taxa de juros anual para financiamentos imobiliários é de aproximadamente 12% ao ano. No consórcio, a taxa de administração e a reposição da inflação pode deixar o custo total em cerca de 6% em algumas empresas do ramo.

O consórcio permite um planejamento financeiro disciplinado. A diferença em relação a outros investimentos é que eles dependem exclusivamente de rentabilidade, já o consórcio oferece um objetivo concreto e uma data potencial para ele ser realizado.

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Para quem busca disciplina financeira, flexibilidade e a oportunidade de realizar sonhos sem os juros elevados de financiamentos tradicionais, os consórcios se apresentam como uma alternativa inteligente e promissora no cenário econômico contemporâneo. Adenauer Rockenmeyer, delegado do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de SP).

Consórcios atraem cada vez mais gente;  alta da taxa Selic afasta pessoas dos financiamentos
Consórcios atraem cada vez mais gente; alta da taxa Selic afasta pessoas dos financiamentos Imagem: BrasilNut1/Getty Images/iStockphoto

Como funciona um consórcio

Os participantes integram um grupo e contribuem mensalmente com parcelas predeterminadas. Alguns consorciados são contemplados com as cartas de crédito antes do fim do prazo do consórcio. Isso pode acontecer por sorteio ou por lance, e o consorciado recebe o valor total antes de terminar de pagar. No sorteio, vale a sorte. Quanto mais pessoas no grupo de consórcio, menores as chances de levar. No lance, quem tem mais dinheiro para pagar, leva a carta. Assim, se você está em um consórcio de R$ 500 mil e o maior lance é de R$ 20 mil, você pode ser contemplado com a carta de R$ 500 mil e seguir pagando as parcelas programadas até o fim do plano.

O resgate do prêmio está atrelado à compra do bem. Não dá para entrar em consórcio de carro, ser contemplado, e não comprar o carro. Por isso, há quem venda a carta contemplada ou compre o carro e revenda o veículo.

Embora seja compreensível que uma pessoa escolha um consórcio considerando se a parcela se encaixa em seu orçamento, é fundamental lembrar que o pagamento do prêmio está diretamente relacionado ao objetivo do consórcio. Portanto, ao optar por um consórcio, é essencial avaliar não apenas o valor das parcelas, mas também como as características e condições do consórcio se alinham com os objetivos desejados Adenauer Rockenmeyer, delegado do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de SP)

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Dá para chegar a R$ 1 milhão com consórcio?

Acumular patrimônio até atingir R$ 1 milhão com consórcio exige disciplina e estratégia. Francis, do Mycon, ressalta esse ponto. A disciplina consiste em pagar as parcelas em dia para poder ter acesso ao dinheiro caso seja sorteado, ter recursos para poder dar lances e adquirir a carta de crédito antes do prazo final e saber reinvestir o recurso alcançado. Em caso de consórcio de imóveis, dá para comprar uma residência e revender.

Uma estratégia muito usada por investidores é a alavancagem por meio do consórcio. Eles adquirem cotas de imóveis planejando a valorização do bem no longo prazo. Após a contemplação, o crédito pode ser usado para comprar um imóvel que pode ser alugado ou revendido com lucro. Com o tempo, a repetição desse processo pode gerar um patrimônio milionário Francis Silva, CFO do Mycon

A carta contemplada ou a cota podem virar entrada em um financiamento ou serem reinvestidas em outro consórcio. Se uma pessoa faz um consórcio de carro, por exemplo, mas não tem interesse em adquirir o veículo e prefere ficar com o dinheiro, ele pode vender a carta contemplada. Em geral, a venda ocorre por um valor maior do que foi pago. Para acumular patrimônio, esse recurso tem que ser reinvestido. E quem compra uma cota de consórcio em andamento adquire também maior probabilidade de ser sorteado antes de terminar o pagamento do plano.

Venda de carta ou cota

Lucro de até 30%. Quem é contemplado no consórcio pode vender a carta premiada e ganhar até 30% em cima do valor que pagou. A estimativa é do Francis Silva, CFO do Mycon. Segundo ele, isso ocorre especialmente se tiver demanda por crédito imediato no mercado, ou seja, em situações em que está caro obter outras formas de financiamento.

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A venda pode ser para qualquer pessoa. A transação deve ser validada pela administradora do consórcio. Algumas administradoras de consórcio têm grupos ou ambientes de vendas de cotas, o que pode facilitar o negócio.

Para quem vende, a vantagem está em recuperar o valor investido e ainda obter lucro. Podemos citar como exemplo uma carta de crédito de R$ 500 mil para compra de imóvel, em que a pessoa que aderiu ao consórcio já pagou R$ 150 mil e foi contemplada. Ela poderá vender essa carta por R$ 200 mil, ganhando R$ 50 mil em cima (retorno de 33% sobre o valor).

Para quem compra, a vantagem é evitar juros de um financiamento e ter crédito mais acessível. No exemplo acima, o comprador recebe um crédito de R$ 500 mil pagando R$ 200 mil, e assume as parcelas restantes do consórcio. Com a carta de crédito, ele poderá adquirir o imóvel sonhado no ato, e assumir as parcelas restantes que tendem a ser mais baratas que um financiamento.

Nos dois cenários, vendedor e comprador podem usar o negócio para alavancar patrimônio. Quem lucrou R$ 50 mil pode reinvestir o dinheiro em outro consórcio, por exemplo. Quem comprou a casa pode fazer melhorias e vender mais caro ainda.

O mesmo pode acontecer em casos de cartas não contempladas. Neste caso, o vendedor oferece como ativo o tempo de participação no consórcio: quando mais tempo dentro de um grupo, maiores as chances de ser contemplado.

Atenção aos riscos

Mercado de consórcios é regulamentado e seguro. Mas é preciso ficar atento para não cair em golpes. Alguns cuidados podem ajudar a fazer a transação de forma segura:

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Desconfie de ofertas muito vantajosas. Preços muito abaixo do mercado podem indicar fraude.

Verifique a administradora. Certifique-se de que a empresa é autorizada pelo Banco Central e possui boa reputação. Uma forma de verificar a empresa é por meio deste link https://www.bcb.gov.br/meubc/encontreinstituicao.

Na aba "Instituições": coloque "Administradora de Consórcio" no item segmento.

Confira a situação da cota. Solicite documentos que comprovem que a carta de crédito está contemplada, sem pendências ou restrições.

Evite intermediários que não sejam de confiança. Dê preferência a negociações diretas com o titular da cota ou administradoras reconhecidas.

Formalize a transação com contrato. A transferência da cota deve ser aprovada pela administradora e registrada em documento de contrato.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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