Desemprego em alta eleva risco de agitação social no Brasil, diz OIT
A marcha lenta da economia global está aumentando a agitação social pelo mundo, e o Brasil, com a piora no mercado de trabalho local, alimenta esse mal-estar, aponta relatório da OIT (Organização Mundial do Trabalho) divulgado nesta quinta-feira (12).
Segundo a organização, o crescimento econômico mundial continua decepcionante, sem motivar a criação de empregos suficientes para compensar o número de pessoas que ingressam no mercado de trabalho.
Com isso, a taxa mundial de desemprego deverá subir de 5,7% para 5,8% em 2017, estima a OIT, elevando o contingente de desempregados em 3,4 milhões de pessoas na comparação com o ano anterior. Ao todo, serão 201,1 milhões de pessoas sem emprego no planeta neste ano.
No Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego está em 11,9%, índice do trimestre encerrado em novembro de 2016, com 12,1 milhões de pessoas nesta situação.
A incerteza global com o desempenho da economia está aumentando o risco de agitação social e descontentamento em praticamente todas as regiões do mundo, aponta a OIT.
O chamado Índice de Agitação Social busca ser um termômetro da "saúde social" dos países.
Calculado pela OIT a partir de informações sobre protestos como manifestações de rua, bloqueios de vias, boicotes e rebeliões, pretende refletir a insatisfação da população com fatores como mercado de trabalho, condições de vida e processos democráticos.
No Brasil, o índice avançou 5.5 pontos em 2016, enquanto o aumento global foi de 0.7 ponto.
Como resultado da equação que soma insatisfação social e falta de trabalho, há um aumento na decisão das pessoas pela migração, aponta a OIT. O órgão cita estimativas que identificavam 232 milhões de migrantes internacionais no planeta em 2013, 89% em idade de trabalho.
Âncora brasileira
A OIT estima que o PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) do Brasil irá recuar 3,3% em 2016, puxando para baixo a performance de toda a América Latina e Caribe.
A região deverá registrar a segunda recessão em menos de dez anos, com contração de 0,4% no PIB em 2016.
"Isso [recessão na América Latina] foi amplamente motivado pela performance econômica ruim do Brasil, dado o peso da influência do país na região e em parceiros de exportação", afirma o relatório da OIT, intitulado "Perspectivas Sociais e do Emprego no Mundo - Tendências de 2017".
O Brasil também impactará negativamente o emprego na região, que deverá recuar 0,3% em 2017, estima a organização. A OIT projeta o índice de desemprego no Brasil neste ano em 12,4%, um ponto acima do percentual de 2016.
Outras tendências
A organização destaca outros reflexos da precarização no mercado mundial de trabalho, como aumento das chamadas formas vulneráveis de ocupação --trabalhadores familiares não remunerados e trabalhadores por conta própria são exemplos desta situação.
Esse tipo de trabalho, diz a OIT, deve representar mais de 42% da ocupação total, ou 1,4 bilhão de pessoas em 2017, e o número deverá avançar 11 milhões por ano.
Outra tendência é a desaceleração da redução da pobreza dos trabalhadores --países em desenvolvimento deverão registrar nos próximos dois anos, por exemplo, aumento de mais de 5 milhões no número de trabalhadores que ganham menos de US$ 3,1 (R$ 9,84) por dia.
Ganhos fracos de produtividade, avanço tímido do investimento (movido em parte pela baixa nas commodities) e desaceleração do comércio global são fatores, segundo a OIT, que ajudam a explicar a marcha lenta da economia global - e os reflexos negativos no emprego.
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