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O que é e como funciona o clube formado por bilionários como Mark Zuckerberg e Bill Gates

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Imagem: Reprodução

02/07/2018 07h29

Alguns dos empresários mais ricos do mundo - Bill Gates, cofundador da Microsoft, Jeff Bezos, presidente da Amazon, Mark Zuckerberg, do Facebook, Jack Ma, criador do portal Alibaba - têm um fundo conjunto que administra pelo menos US$ 1 bilhão.

Batizado de Breakthrough Energy Coalition (BEV, Coalizão pela Energia Avançada, em tradução livre), o clube de magnatas investe em startups dedicadas a desenvolver novas tecnologias para armazenar energia limpa.

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Armazenar energia a um custo competitivo é um dos maiores entraves para o uso em escala de fontes renováveis. O exemplo clássico desse desafio é a energia solar.

Nos últimos anos, graças ao desenvolvimento tecnológico, o custo dos painéis fotovoltaicos despencou e fez com que eles se espalhassem pelo mundo. Como ainda não existe um método eficiente e barato para armazenar a energia produzida pelas placas, elas ainda não são usadas em grande escala ou por grandes consumidores.

As apostas do grupo, ao contrário de boa parte dos demais investimentos dos bilionários, têm pouco potencial de retorno imediato. No longo prazo, contudo, elas podem não apenas ser muito rentáveis, mas revolucionar a indústria de energia e contribuir para a redução das emissões de poluentes por esse setor.

Liderada pelo cofundador da Microsoft, Bill Gates, o grupo é formado por investidores privados, bancos e multinacionais que querem "financiar os maiores projetos de infraestrutura do mundo".

Entre os 22 magnatas que formam o clube estão ainda o fundador da Virgin, Richard Branson, e o megainvestidor George Soros.

O que se sabe sobre os investimentos

"Até o meio deste século, o mundo usará o dobro de energia que demanda atualmente", escreveu Gates em seu blog, quando deu início à iniciativa, no fim de 2016.

"Precisamos de um modelo diferente para investir em boas ideias que possam ir do laboratório ao mercado."

Apesar do secretismo que rodeia o plano de negócios do fundo criado pelos multimilionários, há poucas semanas a imprensa americana divulgou o nome das primeiras startups que teriam conseguido investimento: Form Energy e Quidnet Energy, ambas voltadas ao armazenamento energético.

A primeira se dedica a criar baterias de baixo custo e longa duração.

"Nosso objetivo é armazenar energia por semanas, meses e até por mais tempo, a uma fração do custo das tecnologias atuais", diz o diretor-executivo da empresa, Ted Wiley.

A Quidnet Energy, por sua vez, desenvolve sistemas de pressão para as chamadas usinas hidrelétricas reversíveis (pumped hydroelectric energy storage, PHES), que produzem energia a partir da movimentação da água, mas sem depender das características do terreno e da formação dos grandes lagos que caracterizam as hidrelétricas tradicionais.

Uma das metas do clube de bilionários é que as empresas apoiadas pela Breakthrough Energy Coalition sejam capazes de diminuir as emissões de poluentes em pelo menos 500 milhões de toneladas por ano.

Como se trata de um investimento de longo prazo, os empresários deixam claro que não têm problema em esperar algo como 20 anos para que esse cenário se concretize.

As cinco 'megatendências' do futuro

Depois de mapear o que está acontecendo na área de energia no mundo hoje, o grupo definiu algumas "megatendências" que acreditam ser determinantes nos próximos 50 anos.

A primeira é a expansão da energia solar e eólica de baixo custo, graças à tendência de redução dos preços que tem se consolidado nos últimos anos.

Depois vem o crescimento da classe média e o maior consumo de energia. Sobre esse tema, eles destacam que o aumento da demanda por energia deve se dar não apenas de forma direta - com o uso de mais equipamentos eletrônicos -, mas também de maneira indireta, por exemplo, por causa de mudanças na dieta básica, que passa a incluir mais carne.

"Se a indústria pecuária fosse um país, ela seria o terceiro maior emissor de poluentes do mundo", destaca o grupo em sua página na internet.

O aumento da urbanização é outra tendência - e outro desafio. Mais de 200 mil pessoas por dia no mundo trocam a zona rural pelas cidades. Nesse ritmo, em 30 anos sete em cada dez pessoas no planeta viverão em áreas urbanas.

Diante desse cenário, o grupo de investidores está trabalhando com especialistas para se adiantar aos problemas - e aproveitar também as oportunidades - que podem aparecer nas cidades do futuro.

Nesse sentido, eles destacam os carros autônomos e os edifícios inteligentes como uma tendência importante. O clube acredita que os automóveis sem condutor - e os elétricos - ajudarão a diminuir os níveis de contaminação da atmosfera. E acrescentam que as construções inteligentes serão, por exemplo, capazes de ajustar a temperatura interna a partir da medição da temperatura do lado de fora - ou seja, usar a energia de maneira mais eficiente.

Em paralelo, contudo, o mercado seguirá dando preferência aos combustíveis fósseis.

Ainda que já há anos o setor de energia venha se preocupando com a extinção dessas fontes de energia, estudo recentes indicam que, pelo menos pelas próximas décadas, elas continuarão disponíveis - e a baixo custo.

Por isso, diz o grupo, há uma urgência para que se desenvolva energia limpa que também seja barata.