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Banqueiro do Itaú vê democracia sob ameaça, mas não acredita em golpe

"Lula não me entusiasma, nem me assusta", diz Candido Bracher, membro do conselho e ex-presidente do maior banco privado do país. Ele é um dos signatários de manifesto em defesa da democracia que será lançado em 11 de agosto - Reprodução/YouTube/Itaú
'Lula não me entusiasma, nem me assusta', diz Candido Bracher, membro do conselho e ex-presidente do maior banco privado do país. Ele é um dos signatários de manifesto em defesa da democracia que será lançado em 11 de agosto Imagem: Reprodução/YouTube/Itaú

Thais Carrança

Da BBC News Brasil, em São Paulo

27/07/2022 10h28

Após sair da presidência do Itaú em fevereiro de 2021, Candido Bracher afirma que "passou de executivo a reflexivo", deixando a responsabilidade de conduzir o maior banco privado do Brasil, para ter mais liberdade e tempo disponível "para refletir sobre as questões do país".

Atualmente membro do conselho de administração do Itaú Unibanco e da empresa americana de cartões de crédito Mastercard, o executivo atua agora também como articulista, escrevendo mensalmente uma coluna para o jornal Folha de S. Paulo.

Nesta semana, porém, ele deixou a seção de opinião e voltou às páginas de notícias, após assinar, ao lado de outros banqueiros, empresários, artistas, juristas e personalidades, um manifesto em defesa da democracia.

A "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito" será lançada em evento na Faculdade de Direito da USP no dia 11 de agosto. Na segunda-feira (25), antes de ser aberta para assinatura do público em geral, já reunia mais de 3 mil nomes.

"São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional", diz trecho do manifesto.

"No Brasil atual, não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições", acrescenta o documento.

'Uma manifestação preventiva'

"Numa situação dessas, quando nos aproximamos de uma eleição tão importante, nós não deveríamos estar preocupados com a possibilidade de o resultado ser contestado", diz Candido Bracher, em entrevista à BBC News Brasil.

"Então essa é uma manifestação preventiva, de pessoas que se preocupam com a democracia no país e que, diante de sinais de que ela poderia estar ameaçada, se levantam e se manifestam", completa.

O executivo afirma, porém, que não acredita na possibilidade de golpe ou de um episódio como a invasão do Capitólio no país — quando americanos insatisfeitos com a vitória de Joe Biden e incitados pelas acusações de fraude feitas por Donald Trump invadiram o Congresso dos EUA, em 6 de janeiro de 2021.

"Eu, pessoalmente, não acredito que existe essa possibilidade [de golpe]. Inclusive porque a sociedade civil demonstra o seu compromisso com a democracia", diz o banqueiro.

Candido Bracher é filho do também banqueiro Fernão Bracher (1935-2019), que foi presidente do Banco Central e um dos fundadores do banco BBA. Assumiu a presidência do Itaú em 2017, onde ficou até 2021 - Reprodução/YouTube/Itaú - Reprodução/YouTube/Itaú
Candido Bracher é filho do também banqueiro Fernão Bracher (1935-2019), que foi presidente do Banco Central e um dos fundadores do banco BBA. Assumiu a presidência do Itaú em 2017, onde ficou até 2021
Imagem: Reprodução/YouTube/Itaú

Eleitor declarado e financiador da campanha de Simone Tebet (MDB), Bracher diz acreditar na possiblidade de vê-la no segundo turno das eleições de outubro. Mas também afirma que um possível novo mandato do petista Luiz Inácio Lula da Silva não o assusta.

"Eu não fico nem entusiasmado, nem tampouco assustado com a perspectiva de um novo governo Lula. Eu espero que, se isso vier a ocorrer, que eles tenham sido capazes de aprender com os erros que cometeram e saibam conduzir o país e a economia de uma maneira mais competente. São pessoas inteligentes."

Bracher é filho do também banqueiro Fernão Bracher (1935-2019), que foi presidente do Banco Central e um dos fundadores do banco BBA — vendido em 2002 ao Itaú, que se fundiria em 2008 ao Unibanco, criando o gigante financeiro Itaú Unibanco.

Formado em administração de empresas pela FGV (Fundação Getulio Vargas), Candido começou sua trajetória profissional na Suíça, estagiando num banco em Zurique.

Passou por instituições como Banco Itamarati, Banco da Bahia Investimento, Bahia Corretora, Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo e pelo BBA de seu pai, até assumir a presidência do Itaú em 2017. Se aposentou em 2021, ao atingir a idade máxima de permanência no cargo, aos 62 anos.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista, em que Candido Bracher responde ainda sobre a responsabilidade do setor financeiro na eleição de Bolsonaro em 2018; o impacto dos quatro anos de gestão Paulo Guedes para a imagem do liberalismo no Brasil; e como, na sua visão, a classe mais alta pode contribuir para reduzir a desigualdade no Brasil.

BBC News Brasil - O senhor foi um dos signatários de um manifesto, ainda a ser lançado, em defesa da democracia, organizado pela Faculdade de Direito da USP e entidades da sociedade civil. O senhor avalia que a democracia brasileira está em risco?

Candido Bracher - É o que está dito no manifesto. Numa situação dessas, quando nos aproximamos de uma eleição tão importante, nós não deveríamos estar preocupados com a possibilidade de o resultado ser contestado. De não ser aceito normalmente, como sempre foi.

Então essa é uma manifestação preventiva, de pessoas que se preocupam com a democracia no país e que, diante de sinais de que ela poderia estar ameaçada, se levantam e se manifestam.

BBC News Brasil - Mas, pessoalmente, o senhor acredita na possibilidade de um golpe ou de um episódio como a invasão do Capitólio aqui no Brasil?

Bracher - Eu, pessoalmente, não acredito que existe essa possibilidade. Inclusive porque a sociedade civil demonstra o seu compromisso com a democracia, com manifestações como essa que discutimos.

BBC News Brasil - Na avaliação do senhor, o setor financeiro é de alguma forma responsável pela situação atual do país, por ter apoiado a eleição de Bolsonaro em 2018, por conta da agenda liberal de Paulo Guedes?

Bracher - Eu não associaria de jeito nenhum o setor financeiro ao Paulo Guedes.

Eu, pessoalmente, votei nulo nas últimas eleições. Votei no primeiro turno no [ex-governador de São Paulo e atual vice na chapa petista Geraldo] Alckmin e, no segundo turno, votei nulo.

E eu acho que você atribuir ao setor financeiro os descaminhos do governo, os descaminhos da economia, é muito injusto. Você atribui ao agronegócio os descaminhos da economia? Atribui à indústria? Por que atribuir a um setor específico?

BBC News Brasil - Minha dúvida é sobre o setor empresarial de maneira geral, porque é um setor que foi bastante vocal em 2018 das suas preferências por um candidato, em relação ao outro.

Bracher - Certo. Eu imagino que as pessoas não estejam contentes com o andamento das coisas no país de uma maneira geral e da economia em particular, independente de em quem votaram.

O discurso liberal não se concretizou na prática no país. Nós continuamos tendo decisões casuísticas na economia e os liberais de fato não se sentem de forma alguma representados pela política econômica que foi implementada nesse governo.

'O discurso liberal não se concretizou na prática no país. Nós continuamos tendo decisões casuísticas na economia e os liberais de fato não se sentem de forma alguma representados', diz Bracher - AFP - AFP
'O discurso liberal não se concretizou na prática no país. Nós continuamos tendo decisões casuísticas na economia e os liberais de fato não se sentem de forma alguma representados', diz Bracher
Imagem: AFP

BBC News Brasil - O economista Eduardo Giannetti, por exemplo, antes de o governo começar, estava muito preocupado com o Paulo Guedes assumir [o cargo de ministro da Economia] com esse discurso liberal. Ele falou em uma entrevista que isso poderia prejudicar a imagem do liberalismo no país por um longo período. Passados três anos sob Paulo Guedes, o senhor acha que o Giannetti tinha razão na preocupação dele?

Bracher - Eu acho que certamente não contribuiu para a imagem do liberalismo. Os liberais têm um trabalho pela frente de diferenciar o que é o liberalismo econômico, do que foi a prática nesse governo. Então acho que o Eduardo Giannetti, com sua sabedoria, previu um perigo real.

BBC News Brasil - Qual é o sentimento atual do mercado com relação às eleições? Os agentes seguem apoiando Bolsonaro ou já há quem apoie Lula ou pelo menos aceite ele como mandatário provável, como apontam as pesquisas?

Bracher - Eu acho que o mercado financeiro está dividido. Aqui eu posso estar um pouco influenciado por mim mesmo, e influenciado pela excelente entrevista que a [candidata à presidência pelo MDB] Simone Tebet deu à (emissora) GloboNews esta semana.

Eu acho que está e vai ficar dividido entre as três candidaturas.

Tenho a impressão de que, à medida que se divulgue o conteúdo dessa entrevista, o mercado financeiro e as pessoas de uma maneira geral vão ver que ali nós temos uma democrata, uma pessoa equilibrada, com experiência, com capacidade comprovada de gestão e um discurso extremamente articulado.

De modo que eu acho que haverá um bom espaço para dúvida nesses meses que nos separam da eleição.

BBC News Brasil - Eu ia perguntar se o senhor pretende declarar voto nessa eleição, mas essa fala já me parece bem sugestiva do que o senhor está pensando. O voto do senhor no primeiro turno vai ser então para Simone Tebet?

Bracher - No primeiro e no segundo [turnos].

BBC News Brasil - E num eventual segundo turno que se desenrole como está parecendo pelas pesquisas, entre Lula e Bolsonaro, com Tebet fora?

Bracher - Tem muito tempo entre hoje e o segundo turno. Eu pretendo, na medida das minhas possibilidades, apoiar essa candidatura da Tebet e vê-la no segundo turno.

BBC News Brasil - Segundo uma coluna do jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, o senhor doou quase R$ 200 mil para as campanhas do MDB e do PSDB. Como o senhor vê esse seu papel como doador nas campanhas e por que especificamente para esses dois partidos?

Bracher - De fato, eu fiz essas doações. Enquanto a campanha não se inicia oficialmente, só é possível doar para partidos. Só pode doar para candidatos a partir de meados de agosto. E eu pretendo doar para muitos candidatos. E de vários partidos, não só de MDB e PSDB.

No Brasil, o Executivo chama tanta atenção, que a gente acaba relegando um pouco a importância do Legislativo. Acredito que apoiar candidaturas jovens, de pessoas com boa formação, que representem grupos diversos da sociedade, mas que sejam pautadas pela ética, acho que isso é uma responsabilidade como brasileiros.

Eu não tenho hoje nenhum interesse num setor específico da economia. Não são doações que faço vinculadas aos interesses da empresa A, B ou C. Eu hoje sou uma pessoa aposentada, que tem investimentos, mas tenho interesse no bom funcionamento da economia, como qualquer brasileiro. E tenho interesse no bom funcionamento da democracia e acho que um Legislativo forte é condição essencial para isso.

Bracher já doou quase R$ 200 mil para as campanhas do PSDB e do MDB de Simone Tebet - Divulgação/Simone Tebet - Divulgação/Simone Tebet
Bracher já doou quase R$ 200 mil para as campanhas do PSDB e do MDB de Simone Tebet
Imagem: Divulgação/Simone Tebet

BBC News Brasil - Voltando ao tema da economia, como o senhor avalia a performance do governo Bolsonaro nessa área?

Bracher - A gente precisa procurar ser equilibrado na avaliação. Não podemos esquecer que houve a covid, que foi um enorme acidente para o país e na economia especificamente.

E aqui eu reconheço um mérito do governo, de ter sido rápido em reconhecer a gravidade da situação, em criar o Auxílio Brasil, fazer uma política ativa de transferência de renda e impedir o que poderia ter sido uma situação muito mais grave.

BBC News Brasil - Mas empurrado pelo Legislativo, né? Porque eles queriam um auxílio de R$ 200 e pela pressão do Legislativo se chegou a um valor maior...

Bracher - É verdade, mas aqui precisamos tomar um pouco de cuidado. Não podemos dizer que o governo não tem nenhum mérito quando ele decidiu coisas empurrado pelo Legislativo e culpá-lo das coisas que ele quis fazer e o Legislativo não aprovou. Precisamos enxergar o governo como um todo.

Agora, o governo não propôs uma reforma tributária efetiva, não propôs uma reforma administrativa efetiva, só fez a reforma da Previdência porque ela já estava praticamente toda pronta. Não é mérito deles. A questão da abertura comercial do país não avançou.

Nesse sentido, na área econômica, faltou articulação. Unificaram todos os ministérios econômicos numa única área, dizendo que isso facilitaria o planejamento, que ganharia em eficiência, e não andou em nada do proposto.

Praticamente nenhuma reforma relevante foi encaminhada, afora a reforma do saneamento, que não é mérito da área econômica, e a independência do Banco Central, que tem sido uma área isolada de bom desempenho dentro do aparato econômico do governo.

Sempre se pode discutir se as taxas de juros estão subindo demais, se elas caíram demais antes, mas isso é ser um pouco "engenheiro de obra feita" e eu resisto a fazer isso. É muito fácil criticar depois que passou. Quando você está ali, no calor da hora, você não sabe direito. Hoje não há dúvida de que precisamos conter a inflação.

BBC News Brasil - E como o senhor vê a perspectiva de um possível novo governo Lula?

Bracher - Olha, eu prefiro acreditar no novo governo Simone Tebet.

BBC News Brasil - Mas vamos falar desse cenário que parece hoje mais provável, pelo que indicam as pesquisas.

Bracher - Eu não fico nem entusiasmado, nem tampouco assustado com a perspectiva de um novo governo Lula. Eu espero que, se isso vier a ocorrer, que eles tenham sido capazes de aprender com os erros que cometeram e saibam conduzir o país e a economia de uma maneira mais competente. São pessoas inteligentes.

'Há inúmeros governos Lula possíveis, então é difícil falar sobre expectativas', diz Bracher - EPA - EPA
'Há inúmeros governos Lula possíveis, então é difícil falar sobre expectativas', diz Bracher
Imagem: EPA

Essa é uma questão difícil, porque há inúmeros governos Lula possíveis. Conforme quem do grupo do Lula está falando, você pode ter uma impressão completamente diferente. Então é difícil falar sobre expectativas.

Uma pergunta dessas será muito mais facilmente respondida mais adiante no processo eleitoral, quando os candidatos terão sido obrigados a revelar mais das suas intenções. Por enquanto, revelou-se muito pouco, então fazer qualquer projeção do que seria um governo Lula é irresponsável, é chute.

BBC News Brasil - Voltando ao manifesto, o documento destaca as profundas desigualdades sociais do país. Como parte de uma das famílias mais ricas do Brasil, como o senhor acredita que a classe mais alta pode contribuir para mudar esse quadro?

Bracher - Eu acho que esse é talvez o maior problema do país hoje, a questão da desigualdade. A outra questão que eu coloco como fundamental é a do meio ambiente.

Acho que uma coisa essencial, e que a gente dá pouca importância, é que a elite e as pessoas de uma maneira geral precisam primeiro fazer o que fazem bem feito. Você precisa ser ético naquilo que faz. Então, se você trabalha em banco, é ter um banco ético. Se trabalha em indústria, ter uma indústria ética.

Você não compra uma indulgência para agir mal profissionalmente tendo uma grande atividade filantrópica.

Apoiar bons governos; apoiar medidas que estimulam a educação, que é fundamental, para que tenha mais igualdade de oportunidades; apoiar iniciativas que procurem criar igualdade de oportunidades no país, seja através de cotas, da educação profissionalizante, das transferências de renda. Eu acho tudo isso fundamental.

No mais, acho que falta no Brasil uma cultura de doação. Fico impressionado quando você compara com outros países, como a doação é mais avançada. Há na nossa elite pouca compreensão do alcance da doação, de como doar faz bem para quem doa.

Por outro lado, acho difícil cobrar isso das pessoas. É uma coisa que cada um deve fazer, na medida da sua capacidade.

BBC News Brasil - E como o senhor vê soluções como taxação de grandes fortunas ou um aumento da taxação progressiva para que se cobre alíquotas maiores das pessoas mais ricas?

Bracher - Eu acho que merecem ser estudadas.

A taxação de grandes fortunas foi implementada em mais de uma dezena de países europeus e hoje só está presente em três. E, nesses três, representa parcela muito pequena da arrecadação total. Então não parece ser um imposto eficiente, porque tributa o estoque e não o fluxo. A taxação eficiente é sobre o fluxo, sobre a renda.

E eu tenho impressão de que, no Brasil, o capital é pouco tributado. Acho que a alíquota que deve viger sobre o capital idealmente deve ser igual, pelo menos, à alíquota que vige sobre o trabalho. Hoje, no Brasil, o trabalho é mais tributado que o capital.

Agora, a forma de fazer [essa equalização] precisa ser eficiente e equânime, porque o capital tem essa questão de que ele escapa. Na Europa, nos países em que isso não funcionou, é porque o dinheiro vai para outro país. É uma questão muito complexa.

BBC News Brasil - Estamos vendo na Europa e nos Estados Unidos um movimento dos chamado super ricos, milionários e bilionários, reivindicando que eles sejam mais taxados, que se cobrem mais impostos dessa parcela da população. O senhor vê a perspectiva de algo nesse sentido no Brasil ou isso é uma coisa muito distante da nossa cultura?

Bracher - Não sei se é distante da cultura. E mesmo nos Estados Unidos, eu acho que isso é um discurso ainda de pouco conteúdo.

O que aconteceu nesses dez anos de taxa de juros muito baixas, é que o valor dos ativos subiu muito. O patrimônio das pessoas cresceu muito, a renda não necessariamente. E agora que as taxas de juros subiram, o patrimônio das pessoas diminuiu novamente.

Se você olhar, todos esses bilionários devem ter perdido 20% a 30% do seu patrimônio no último ano, porque as ações caíram, as coisas todas caíram, o que mostra a dificuldade de você tributar estoque e não renda.

BBC News Brasil - O senhor tem se dedicado ao tema da crise climática e às questões ambientais. Como avalia o desempenho do governo Bolsonaro nessa área?

Bracher - Catastrófico. Não gosto de palavras muito pesadas, mas aqui não tem outra.

O desmatamento da Amazônia cresceu imensamente durante o governo Bolsonaro. E isso se deu de uma maneira que, se fosse num tribunal, e tivesse que decidir se isso é crime culposo ou doloso [cometido sem ou com intenção, respectivamente], o juiz ia ficar em dúvida.

Porque não foi por inépcia apenas, por incapacidade de fazer, a impressão é que houve uma atitude deliberada de solapar os esforços de preservação da floresta.

Falta de apoio financeiro, desmantelamento do Ibama, da Funai, dos órgãos de proteção de uma maneira geral. Você chamar garimpo ilegal de "mineração artesanal". Francamente, tem coisas que são acintosas. A forma como o ambiente foi tratado e especificamente a questão da Amazônia nesse governo.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62310759