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Com excesso de oferta, petróleo amarga pior mês em uma década

Alex Longley e Heesu Lee

30/11/2018 11h21

(Bloomberg) -- Novembro termina como o pior mês para o preço do petróleo em uma década. O temor com o excesso de oferta global foi exacerbado pelas concessões dos EUA a compradores do produto iraniano.

O contrato futuro em Nova York caiu aproximadamente 21% em novembro, que foi o segundo mês seguido de perdas. A Rússia mostrou disposição para se juntar à Arábia Saudita no esforço de reduzir a produção, porém o desfecho da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em Viena, na semana que vem, ainda é incerto, diante da pressão do presidente americano, Donald Trump, para baixar os preços. O aumento dos estoques de petróleo nos EUA também preocupa o mercado.

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Após atingir o maior nível em quatro anos, em outubro, a cotação do petróleo despencou mais de 30%, o pior tombo desde 2015. O temor relativo ao excesso de oferta foi amplificado pelas isenções do governo americano às sanções aplicadas ao petróleo do Irã.

Já a demanda pelo combustível é ameaçada pela disputa comercial entre EUA e China. O petróleo se manteve em um patamar neste mês que indica exagero no movimento de venda. Nesta semana, o barril ficou próximo da barreira de US$ 50, essencial para empresas que extraem petróleo de xisto.

"O petróleo recuou com as preocupações referentes ao excedente de oferta e ainda é possível que balance no curto prazo, mas os preços subirão no médio a longo prazo", afirmou Lim Jaekyun, analista de commodities da KB Securities em Seul. "Há otimismo em relação aos cortes de oferta pela Opep e à desaceleração da produção nos EUA, dado que os preços atuais podem paralisar a produção a partir do xisto."

O contrato do barril do tipo West Texas Intermediate (WTI) para entrega em janeiro avançou 2,3% na quinta-feira (29) e fechou em US$ 51,45. O volume total negociado ficou 18% acima da média de cem dias.

O barril do tipo Brent para entrega em janeiro (contrato que vence nesta sexta-feira) subiu 7 centavos para US$ 59,58 na Bolsa ICE Futures Europe, em Londres. Esse contrato sofreu perda mensal de aproximadamente 21%. O Brent, referência global, era negociado com prêmio de US$ 8,19 sobre o WTI.

No começo da semana, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que o barril ao redor de US$ 60 é "equilibrado e justo", mas acrescentou que seu governo está pronto para cooperar com outros produtores. O comentário soou menos definitivo do que a pressão saudita para a Opep e aliados tirarem do mercado aproximadamente 1 milhão de barris por dia.

Autoridades da Rússia e Arábia Saudita têm encontro marcado em Moscou no fim de semana. Isso sugere possibilidade de acordo sobre os cortes de produção se houver progresso na reunião entre Putin e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman durante a cúpula do G-20 na Argentina, segundo pessoas a par das conversas.

A Rússia quer mais previsibilidade e uma "dinâmica suave de preços" no mercado mundial de petróleo, afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, em Buenos Aires.

Nos EUA, os estoques subiram pela décima semana consecutiva na semana passada para 3,58 milhões de barris, segundo a agência responsável por informações sobre energia (EIA). Trata-se da mais longa sequência de altas desde novembro de 2015.

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