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Análise: Arábia Saudita corre risco de perder guerra de preço do petróleo

O príncipe saudita Mohammed bin Salman - AFP PHOTO / SAUDI ROYAL PALACE / BANDAR AL-JALOUD
O príncipe saudita Mohammed bin Salman Imagem: AFP PHOTO / SAUDI ROYAL PALACE / BANDAR AL-JALOUD

Abeer Abu Omar

09/03/2020 12h55Atualizada em 09/03/2020 16h07

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, acaba de iniciar uma guerra de preços do petróleo. Vencê-la terá um custo que talvez ele não possa arcar por muito tempo.

Se as cotações do petróleo não se recuperarem e ficarem abaixo da metade do nível que a Arábia Saudita precisa para equilibrar o orçamento, a economia —e as grandes ambições do príncipe herdeiro de reformá-la— pode se tornar uma das maiores vítimas. O setor de energia responde por cerca de 80% das exportações do reino e por 66% da receita fiscal.

Se o petróleo Brent permanecer em US$ 35 sem um ajuste nos gastos, a Arábia Saudita teria um déficit de quase 15% do PIB em 2020, enquanto as reservas internacionais líquidas poderiam esgotar-se em cerca de cinco anos, a menos que o país use outras fontes de financiamento, segundo o Abu Dhabi Commercial Bank.

"A Arábia Saudita acumulou reservas significativas que a permitirão enfrentar um período prolongado de preços baixos, mas isso pode ter um custo", disse Tarek Fadlallah, CEO da unidade de Oriente Médio da Nomura Asset Management, em Dubai. "O custo é o dinheiro que poderia ser usado para ajudar a diversificar a economia."

As cotações do petróleo caíram mais de 30% depois da desintegração da aliança da Opep+, colocando a Arábia Saudita contra a Rússia, que não concordou com outra rodada de cortes na produção para sustentar os preços.

Na segunda-feira, o preço de referência Brent teve a maior queda intradiária desde a Guerra do Golfo de 1991, chegando a quase US$ 35 o barril. O Bank of America Global Research e o Goldman Sachs disseram que a cotação poderia cair para a casa dos US$ 20 o barril.

Ainda afetado pelo colapso do petróleo há seis anos, o reino entra na guerra com suas defesas econômicas fortalecidas, mas talvez não em pé de igualdade com a Rússia. Os ativos estrangeiros líquidos do banco central saudita caíram cerca de 30% em relação ao pico de 2014.

O governo tem como meta déficit fiscal de 6,4% do PIB este ano com a condição de que o preço médio do Brent se mantenha em US$ 65 o barril. A Arábia Saudita precisa que o barril de petróleo seja negociado perto de US$ 84 para equilibrar o orçamento deste ano.

O caos causado pela briga com a Rússia apresenta escolhas difíceis à Arábia Saudita. Se a decisão for não agir, a austeridade seria uma possibilidade preocupante em um país onde os cidadãos se acostumaram a benefícios, subsídios estatais e empregos públicos.

Dada a importância dos gastos públicos em projetos e bem-estar, a "sensibilidade política doméstica da Arábia Saudita ao estresse econômico é muito maior que a da Rússia", segundo Hasnain Malik, chefe de estratégia de renda variável da Tellimer, em Dubai.