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Cabines telefônicas se transformam em pequenos negócios no Reino Unido

Cafeteria Kape Barako, em Londres, funciona em uma cabine telefônica - Reprodução/Facebook
Cafeteria Kape Barako, em Londres, funciona em uma cabine telefônica Imagem: Reprodução/Facebook

Sarah Yáñez-Richards

19/12/2016 12h24

Londres, 19 dez (EFE) - Abrir a porta de uma das icônicas cabines telefônicas do Reino Unido para comprar um livro, um café, uma salada ou consertar um tablet são alguns exemplos dos novos negócios que agora funcionam nesses pequenos espaços.

As cabines de telefone fazem parte da paisagem do território britânico desde 1920, mas a popularidade do celular fez com que esse serviço público se transformasse em um mero elemento decorativo e em uma atração turística que, em muitas ocasiões, é alvo de vandalismo.

Nos últimos anos foram surgindo no país pequenas empresas e iniciativas que dão uma nova utilidade às famosas cabines vermelhas.

Na rua principal de Hampstead, bairro londrino situado no norte da cidade, é possível ver três exemplos desses novos empreendimentos. Um deles serve café, outro será uma loja de conserto de telefones e tablets e o terceiro um microescritório para alugar.

O "Kape Barako" (café encorpado, em filipino) se tornou em fevereiro a primeira cafeteria a funcionar numa cabine de Londres e a segunda no Reino Unido.

Os donos, o casal Umar Khalid e Alona Guerra, aproveitam cada centímetro do modelo "K6", um dos menores, já que no reduzido espaço mantêm uma máquina de fazer café, outra para esquentar leite, confeitaria e refrigerantes.

Khalid contou à agência de notícias Efe que só fecha um dia por semana e que seu pior inimigo é "o vento", já que consegue se proteger da chuva graças a uma grande sombrinha que cobre a cabine.

"No início os vizinhos ficaram muito surpresos", ressaltou Khalid, para depois explicar que o bairro não demorou a apoiar a ideia "inovadora" e está orgulhoso de ter uma cabine "famosa".

O casal aluga o espaço da "Red kiosk", uma companhia que conta com cabines em todo o país, por 360 libras (R$ 1.700) por mês, mas o que mais preocupa Khalid é a indecisão do conselho municipal sobre o qual tipo de licença que precisam para funcionar.

"Algumas semanas após abrirmos, nos disseram que precisávamos de uma licença para food trucks", contou o empreendedor.

Segundo ele, isso é injusto, já que não pode deslocar a cabine a uma nova localização quando desejar.

Microescritório e cabine de saldas

Cabine telefônica de saladas - Divulgação/SpiersSalads - Divulgação/SpiersSalads
O britânico Ben Spier, dono da Spier's Salads
Imagem: Divulgação/SpiersSalads

Na mesma rua será aberto um "microescritório", que poderá ser alugado pelos clientes através do celular por 19.99 libras por dia (R$ 84).

A cabine fará parte das 32 que a companhia americana "Pod Works" transformará no Reino Unido e oferecerá wi-fi, computador, scanner, impressora, mouse sem fio e uma cadeira.

Outro exemplo da nova vida que ganharam as cabines está na Russell Square, onde funciona o "Spier's Salads", que vende saladas.

A curiosa ideia é do vendedor de verduras britânico Ben Spier, que durante o verão e a primavera enche a cabine de alface, tomate, frango frio e cuscuz para vender.

Livraria

O reaproveitamento das cabines nem sempre está relacionado aos negócios. Às vezes, os próprios moradores locais decidem renovar os espaços.

Este é o caso do "Lewisham Micro Library", um projeto que começou há dois anos quando um grupo de moradores comprou da empresa de telecomunicações British Telecom (BT) por três libras as três cabines da rua Lewisham, no sudeste da Londres, para transformá-las em "bibliotecas".

Por enquanto, foram criados dois espaços repletos de livros, um para adultos e outro para crianças, e ainda estão decidindo uma função específica para a terceira cabine.

O slogan da iniciativa é: "It's not what you get, it's what you leave behind" (Não é o que você ganha, é o que você deixa para trás), mensagem que aparece nas sete prateleiras da mini-biblioteca para adultos.

"Há pessoas que vêm para deixar livros e outras que procuram comprar exemplares, é um processo muito simples, não há sanções ou obrigações", contou à Efe Susan Bennett, uma das "bibliotecárias" da curiosa livraria.

O último livro levado por Catherine Oliver, moradora do bairro que visita semanalmente a biblioteca, é sobre "massagens em bebês", e o último que doou foi um "exemplar de História".

"Acredito que é uma maneira muito boa de renovar a biblioteca, pois você traz os que tem e leva outros para preencher o espaço na estante em casa", comentou a britânica entre risos, enquanto observava as prateleiras da cabine.