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Polêmico imposto sobre circulação asfixia caminhoneiros russos

14/07/2017 18h06

Moscou, 14 jul (EFE).- Platão, o polêmico imposto sobre a circulação implantado pela Rússia aos caminhões pesados e de longa distância que provocou protestos de caminhoneiros em todo o país, começou a tirar do mercado os operadores menores, segundo a empresa lituana de logística ABIPA.

"Para as empresas de transporte de mercadorias, fica muito complicado obter benefícios", disse a diretora comercial da ABIPA, Natalia Kuzovkina.

O sistema de cobrança eletrônica de pedágios (ETC) foi implantado em novembro de 2015 como uma forma de arrecadar recursos estatais para manter e melhorar as estradas. Em abril de 2017, o Kremlin subiu a tarifa ETC de Platão em 25% para 1,90 rublos (R$ 0,10) por quilômetro.

A execução de Platão provocou denúncias de corrupção por parte da oposição, já que a gestão do sistema, incluindo a arrecadação dos pagamentos, é realizada por uma empresa controlada por Igor Rottenberg, filho do multimilionário Arkady Rotenberg, que é próximo ao presidente russo, Vladimir Putin.

Tanto a introdução do imposto como seu posterior aumento geraram protestos, o que fez com que, no início do ano, a polícia interrompesse uma greve nos arredores de Moscou organizada por caminhoneiros desesperados, segundo os quais o imposto afixiará as pequenas e médias empresas e deixará apenas os grandes monopólios de pé.

ABIPA, uma empresa de logística que monitora e opera extensamente a Rússia e a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), disse em comunicado que o imposto sobre a circulação levou a uma diminuição de 10% no número de operadores no setor e contribui com 27 bilhões de rublos (R$ 1,4 bilhão) ao Fundo de Estradas da Rússia.

"A situação se agrava pela presença de sistemas suspeitos no mercado, devido aos quais os serviços de transporte de mercadorias têm um preço muito baixo", disse Kuzovkina.

ABIPA afirma que as despesas de pedágio não são grandes em comparação com outros custos, mas as cotas adicionais são "dolorosas", considerando que "85% do transporte da Rússia é adquirido mediante o arrendamento. As pequenas empresas são as que mais sofrem".

Kuzovkina disse que não esperava que a situação na indústria do transporte da Rússia se estabilizasse em curto prazo, o que significa que os caminhoneiros de longa distância provavelmente seguirão sofrendo as consequências negativas da recessão russa.

"Mesmo se Platão fosse cancelado totalmente, resolveria todos os problemas da indústria do transporte de mercadorias? É improvável", comentou Kuzovkina.