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Fundos buscam ativos descolados da crise

Cátia Luz e Renée Pereira

São Paulo

17/09/2018 11h18

Foi durante um dos períodos de maior instabilidade da economia brasileira, deflagrada pela greve dos caminhoneiros, que a gestora americana Advent assinou seu maior cheque para comprar um ativo na América Latina. Em 4 de junho, dias após o fim da paralisação, o fundo de participações anunciou a aquisição de 80% do Walmart no país.

Para Mário Malta, diretor do fundo no Brasil, é a visão de longo prazo e a estratégia de investir em subsetores com performance boa, independente do aspecto macro, que permitem ao fundo, encarado como um dos mais ativos no momento, fechar negócios a despeito das incertezas do curto prazo.

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Ao longo da trajetória do fundo no país, em função dessa estratégia, o fundo fechou compras como a da Cetip, em 2009, em meio aos reflexos da crise imobiliária dos Estados Unidos, ou a da rede de laboratórios Fleury, em 2015, durante as discussões sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Além da aquisição do Walmart, o fundo fechou nos últimos 12 meses a compra da corretora Easynvest; do Grupo União, de autopeças; e aumentou a participação no grupo de ensino Estácio. Na outra ponta, a da saída de investimentos, o Advent vendeu o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) para os chineses e se desfez do Fleury.

"Mas, em função do fato de o mercado de capital estar super difícil, há várias decisões de saída que a gente teve de postergar", diz Malta.

Setor de saúde

O IG4 Capital, voltado para empresas em reestruturação, tem olhado vários ativos que não dependem do cenário atual e do crescimento da economia, como o setor de saúde.

Em julho, a gestora comprou a participação da Andrade Gutierrez na Concessionária Novo Metropolitano em Belo Horizonte, que opera os serviços não clínicos do Hospital Dr. Célio de Castro, conhecido como Hospital do Barreiro. O hospital é uma Parceria Público Privada (PPP) na capital mineira.

Outros seis hospitais estão em análise pela empresa. "Devemos fechar negócios em mais dois ou três", diz Paulo Mattos, sócio da IG4.

Segundo ele, os recursos para as aquisições vão sair do segundo fundo da gestora, que já captou US$ 100 milhões e deve fechar em US$ 400 milhões.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.