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Perda de moedas emergentes foi mais rápida que em crise de 2008, diz Unctad

André Marinho e Francine de Lorenzo

São Paulo

30/03/2020 16h27

As moedas emergentes se desvalorizaram entre 5% e 25% no início deste ano, a um ritmo mais acelerado do que o registrado durante o começo da crise financeira global de 2008, de acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Em relatório divulgado nesta segunda-feira, 30, a entidade explica que o real, o rublo russo e o peso mexicano estão entre as divisas que mais perderam valor frente à moeda americana no período.

De acordo com a análise, que exclui a China, os emergentes registram fuga de capital de US$ 59 bilhões em fevereiro e março, em meio à pandemia de coronavírus. O valor, segundo os cálculos, é mais que o dobro que a saída de US$ 26,7 bilhões verificada durante o início da crise de 2008.

"O impacto econômico do choque é contínuo e cada vez mais difícil de se prever, mas há claras indicações de que as coisas vão ficar muito pior para as economias em desenvolvimento antes de melhorarem", alerta o secretário-geral da Unctad, Mukhisa Kituyi.

A estimativa do órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) é de que esses países devem ter déficit financeiro de até US$ 3 trilhões nos próximos dois anos.

Para fazer frente a isso, a Conferência sugere um pacote de US$ 2,5 trilhões, incluindo US$ 1 trilhão em injeção direta com ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) e outro US$ 1 trilhão em alívio de dívida. Os US$ 500 bilhões restantes viriam em assistências aos sistemas de saúde.

"Se os líderes do G-20 estiverem certos do comprometimento por uma resposta global no espírito da solidariedade, deve haver uma ação proporcional para as seis bilhões de pessoas que vivem fora das economias do grupo", avalia o diretor de Estratégias de Globalização e Desenvolvimento da Unctad, Richard Kozul-Wright.