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Ministério da Economia nega rumores sobre pedido de demissão de Guedes

Guedes "continua despachando normalmente" e está em reunião com secretários, diz assessoria - Pedro Ladeira/Folhapress
Guedes "continua despachando normalmente" e está em reunião com secretários, diz assessoria Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Idiana Tomazelli

Brasília

26/08/2020 17h01Atualizada em 26/08/2020 17h50

O Ministério da Economia negou hoje os rumores de uma convocação da imprensa para pedido de demissão do ministro Paulo Guedes. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, Guedes "continua despachando normalmente" e está em videoconferência com secretários estaduais de Fazenda, conforme já previsto em sua agenda oficial.

Os rumores de um possível pedido de demissão de Guedes ganharam força no mercado após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticar a proposta apresentada pelo ministro para o Renda Brasil, programa que substituirá o Bolsa Família e deve ser a marca social do governo.

O desenho apresentado na terça, em reunião no Palácio do Planalto, previa a revisão ou extinção de outros benefícios, como o abono salarial, o que foi rejeitado por Bolsonaro. Nesta quarta, o presidente avisou que não vai "tirar de pobres para dar a paupérrimos".

Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mais cedo, Bolsonaro deu a Guedes um prazo de três dias para apresentar uma nova solução para o Renda Brasil. Técnicos que trabalham no desenho do Renda Brasil se reuniram hoje para dar início aos ajustes pedidos pelo presidente, que quer uma solução sem passar pela revisão do abono.

A avaliação na área econômica, porém, é que a revisão do abono salarial era "fundamental" para criar espaço no Orçamento para bancar o novo programa, que teria maior alcance e valor de benefício que o Bolsa Família. Só a extinção do abono, uma espécie de 14º salário pago a trabalhadores com carteira assinada, poderia liberar cerca de R$ 20 bilhões.

Entre integrantes da equipe econômica, já há a percepção de que o Renda Brasil vai acabar com alcance e valor "não tão diferente" do Bolsa Família, que atualmente paga em média R$ 190 a 14 milhões de famílias, diante das resistências do presidente em bancar a revisão dos programas considerados ineficientes e a necessidade de respeitar o teto de gastos (que limita o avanço das despesas à inflação).

Em viagem a Ipatinga (MG) nesta quarta, Bolsonaro admitiu que discorda do plano de Guedes, que inclui a revisão de outros benefícios, e avisou que não o enviará ao Congresso.

"Ontem discutimos a possível proposta do Renda Brasil. E eu falei 'está suspenso', vamos voltar a conversar. A proposta, como a equipe econômica apareceu para mim, não será enviada ao Parlamento. Não posso tirar de pobres para dar a paupérrimos. Não podemos fazer isso aí."