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Greve dos servidores do BC é mantida por 90% do votos em assembleia; PIX não será afetado

Vista do prédio do Banco Central do Brasil em Brasília (DF) - Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Vista do prédio do Banco Central do Brasil em Brasília (DF) Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Brasília

24/05/2022 16h13

Nas vésperas da reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) - marcada para a quinta-feira - os servidores do Banco Central decidiram continuar em greve por tempo indeterminado. A manutenção do movimento foi aprovada por 90% dos votos válidos em assembleia virtual da categoria realizada nesta terça-feira, 24. De acordo com o Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal), as divulgações periódicas de estatísticas e as atividades não essenciais da autoridade monetária continuam paralisadas.

"Vamos trabalhar para que o Comef não saia ou para que tenha um escopo reduzido", afirmou o presidente do sindicato, Fabio Faiad. Questionado, contudo, o BC informou que a reunião do Comef segue agendada para a próxima quinta-feira.

Segundo Faiad, não há nenhuma reunião marcada com a diretoria do Banco Central para retomar as negociações. A categoria pede recomposição salarial de 27%, além de pautas de reestruturação de carreira.

Estão suspensas as divulgações regulares do BC, como o Boletim Focus, os dados do fluxo cambial e as estatísticas fiscais, de crédito e do setor externo. Há também atrasos na divulgação da taxa Ptax diária, o que deixa o mercado financeiro em constante atenção. Já o Pix e o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) estão em operação.

A greve dos servidores do BC foi iniciada no dia 1º de abril. De 20 de abril a 2 de maio, a categoria fez uma trégua, como um "voto de confiança" no presidente do BC e na tentativa de avançar nas negociações do governo. Mas, sem novidades, retomou a paralisação no dia 3 de maio.

Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) no dia 12 de maio, o BC recuou de uma proposta de minuta de Medida Provisória enviada ao Ministério da Economia para reestruturar as carreiras dos servidores do órgão.

O texto previa um reajuste salarial de 22% para analistas e técnicos da autoridade monetária, com pagamento a partir de junho de 2022, enquanto o governo quer conceder um aumento linear de 5% para todas as categorias do funcionalismo federal. Após a divulgação da minuta, o BC alegou haver "inconsistências" na proposta, que foi retirada do Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais do Governo Federal (Sidof).

Além dos servidores do BC, os do Tesouro Nacional iniciaram uma greve na segunda-feira, 23, e os da Controladoria-Geral da União (CGU) iniciam o movimento paredista na próxima segunda-feira, 30. As duas categorias pleiteiam um reajuste de 27% e não aceitam aumentos salariais diferenciados para as carreiras policiais.

No Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a categoria decidiu na segunda-feira encerrar a greve que durava 62 dias. Para por fim à paralisação, os servidores assinaram um acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência.

A Pasta se comprometeu a enviar à Casa Civil, em até 30 dias, uma proposta de Medida Provisória (MP) ou projeto de lei em regime de urgência para tornar a carreira como típica de Estado. A proposta deve estabelecer como critério mínimo de admissão para o cargo de técnico o nível superior de escolaridade.

Os servidores das carreiras de planejamento e Orçamento, de especialistas em políticas públicas e gestão governamental e de comércio exterior realizam paralisação nesta terça-feira.

As categorias reivindicaram a abertura da mesa de negociação para que sejam repostas as perdas inflacionárias, estimadas em 30% pelo IPCA e mais de 60% pelo IGP-M durante o governo Jair Bolsonaro (PL).