China, temor fiscal e com inflação no Brasil derrubam Ibovespa, apesar de alta em Petrobras

A frustração dos investidores com as medidas anunciadas na China e o impasse em relação ao anúncio iminente do plano de corte de gastos no Brasil derrubam o Ibovespa na sessão desta sexta-feira, 8. A queda é de mais de 1,00% e o Índice Bovespa já chegou a ceder aos 127.518,70 pontos, na mínima (-1,67%). O recuo ocorre apesar da alta das ações da Petrobras. A estatal informou na noite da quinta-feira que saiu de prejuízo para lucro no terceiro trimestre.

No Brasil, o ambiente é de cautela em mais um dia de espera pelo pacote de ajuste fiscal, que é difícil de ser construído, cita Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria. "A demora reflete não apenas as difíceis discussões internas, com as propostas atingindo ministérios sensíveis, mas também a costura com o Legislativo, ao passo que algumas medidas devem tramitar pelo Congresso", avalia em relatório.

Conforme Raony Rossetti, CEO e fundador da Melver, se o pacote de redução de despesas vier aquém de R$ 30 bilhões que, segundo ele, já é um valor baixo, vai decepcionar os investidores e contaminar os ativos brasileiros ainda mais.

Ontem, o Ibovespa fechou com queda de 0,51%, aos 129.681,70 pontos. Às 11h30 desta sexta, cedia 1,10%, aos 128.254,86 pontos, ameaçando fechar a semana com a terceira queda seguida.

Entre os destaques da agenda econômica, hoje foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro. O indicador subiu 0,56%, acima da mediana de 0,54%, após 0,44% em outubro (de 0,45% a 0,65%), acumulando 4,76% em 12 meses - superando o teto da meta de 4,50%. Desta forma e em meio a dúvidas fiscais crescentes, aumenta a possibilidade de a taxa Selic - atualmente em 11,25% ao ano - ficar elevada por mais tempo do que o esperado.

Apesar do viés de baixa dos rendimentos dos Treasuries, os juros futuros avançam, o que empurra para baixo ações mais sensíveis ao ciclo econômico no Ibovespa.

Além disso, papéis ligadas ao setor de metais caem. O minério de ferro fechou em baixa de 1,65% na bolsa de Dalian. Hoje, a China anunciou que elevará o teto das dívidas de governos locais em 6 trilhões de yuans (o equivalente a US$ 840 bilhões). O pacote é considerado modesto por investidores que aguardavam agressivas medidas de estímulo fiscal, principalmente depois da vitória do republicano Donald Trump na eleição presidencial dos EUA, que ameaça impor tarifas ao gigante asiático.

Na agenda externa, os investidores nos EUA aguardam pesquisa sobre confiança do consumidor e expectativas de inflação, além de discursos de autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Ontem, como o previsto, o banco central norte-americano cortou o juro básico em 0,25 ponto porcentual.

Os investidores ainda avaliam uma série de outros balanços trimestrais informados, além do resultado da Petrobras, bem como monitoram o noticiário em Brasília.

Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve participar de nova reunião à tarde com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros, para discutir o pacote de corte de gastos. Ontem, as conversas ministeriais não chegaram a uma conclusão sobre o plano de redução de despesas, o que pode alongar seu anúncio.

"A quase viagem do Haddad à Europa nessa semana já tinha sido um sinal ruim. Além disso a demora em não divulgar o pacote incomoda os mercados, ainda que isso não seja novidade no Brasil", diz Rossetti, CEO e fundador da Melver.

Às 11h30, Vale cedia 3,13%, enquanto Petrobras subia entre 1,55% (PN) e 1,46% (ON), figurando entre as maiores elevações da carteira teórica do Ibovespa.

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